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“Está na hora de começar a pagar a dívida ao país”

Catarina Martins acusou o governo de nunca saber de nada, de nunca ser responsável de nada e apontou: “quem não assume responsabilidade não tem condições políticas para estar à frente do país”. A porta-voz do Bloco disse também que a ministra das Finanças tem os “cofres cheios”, mas “de dívida ao país”, “dívida que é preciso começar a pagar”.
Os cofres cheios têm uma dívida gigantesca para com o país, em emprego, em salários, em educação, em saúde, em cultura, são cofres cheios de dívida e está na hora de começarmos a pagar essa dívida” concluiu Catarina Martins. Foto André Beja.

Neste sábado, teve lugar o comício do Bloco de Esquerda, “Unidos contra a austeridade”, em que intervieram Rafa Mayoral do Podemos, Costas Zacharidis do Syriza, Catarina Martins, Marisa Matias e outros/as dirigentes do Bloco.

A porta-voz do Bloco começou por apontar que a situação mudou na Europa, que “há uma luta que está a ser feita, um confronto que está a ser feito”, que o que o Bloco diz há muito “é hoje o centro de confronto na Europa pela alternativa”, que “hoje a reestruturação da dívida não é mais ser caloteiro. Significa levantar a cabeça em nome de o país ter condições de investimento e de emprego”.

“Dizer que não se aceita mais austeridade já não é uma impossibilidade, já há um governo a fazer, precisamos de mais que o façam por toda a Europa”, destacou a porta-voz do Bloco, realçando ainda que “há quem esteja a falar a sério quando diz que a primeira responsabilidade de um governo é para com o seu povo “.

Impunidade e desfaçatez

A porta-voz do Bloco criticou depois a impunidade dos que “deram sempre os bons conselhos”, de “quem sabia sempre o que devia ser feito, quem chamou a troika e quem vinha à televisão dar entrevistas sobre como é que devia ser o país, que defendeu a iniciativa privada” e interrogou: “vejam lá onde é que eles estão: Ricardo Salgado, grande exemplo do banqueiro, Zeinal Bava prémio de CEO”.

“Todos a defenderem o mesmo: privatizações, baixa de salários, desregulação laboral. Prova dos noves feita, noves fora nada e não ficou nada. O sucesso deles é hoje o buraco financeiro que nós andamos a pagar”, afirmou a deputada.

Catarina Martins salientou então que “não só não acabou a impunidade como começou a era de toda a desfaçatez”.

“Não só a era da impunidade, como esta era da desfaçatez mostram um governo que não é capaz de assumir a mínima responsabilidade política e quem não assume responsabilidade não tem condições políticas para estar à frente do país!”

“Aqui há uns meses os tribunais pararam todos - o Citius paralisou. Aparentemente, não houve nenhuma responsabilidade política, o problema foram os técnicos. No governo ninguém sabia de nada” lembrou a porta-voz do Bloco, recordando outros episódios como os erros na colocação dos professores e, agora a lista VIP das finanças.

“E agora temos duas demissões por causa de uma lista VIP das finanças, que aparentemente não existia. Mas na sua não existência já provocou duas demissões e pelos vistos também não havia responsabilidade política nenhuma. Porque foram os serviços por auto-recreação que desataram a fazer listas VIP”, disse Catarina Martins e enfatizou:

“Nunca ninguém é responsável neste governo. Ninguém faz a mínima ideia do que se passa nos seus respetivos ministérios. Nuno Crato não sabe da educação, como não sabe Mota Soares da segurança social. Como não sabe Maria Luís Albuquerque e Paulo Núncio das finanças. Aparentemente, o país anda em auto-gestão e a culpa é dos funcionários públicos”.

Catarina Martins realçou então: “Não só a era da impunidade, como esta era da desfaçatez mostram um governo que não é capaz de assumir a mínima responsabilidade política e quem não assume responsabilidade não tem condições políticas para estar à frente do país!”

Os cofres cheios de dívida”

A porta-voz do Bloco questionou a seguir o papel dos socialistas e social-democratas na Europa. Lembrando que muitas pessoas pensavam que os socialistas e social-democratas europeus talvez pudessem mudar alguma coisa e questionou:

“19 governos no eurogrupo. Viram algum governo, além do governo grego, ter uma diferença real nas políticas europeias? Viram o governo socialista francês levantar a voz? Viram o presidente socialista do eurogrupo levantar a voz contra a austeridade? Viram alguma possibilidade de os socialistas se levantarem e dizerem que estava na altura de acabar com a austeridade? Viram António Costa dizer que não se podia pedir a reestruturação da dívida, que a Comissão Europeia lhe podia bater com a porta na cara. Prova dos nove feita, noves fora nada e não ficou nada”, frisou a porta-voz do Bloco.

Viram algum governo, além do governo grego, ter uma diferença real nas políticas europeias? Viram o governo socialista francês levantar a voz? Viram o presidente socialista do eurogrupo levantar a voz contra a austeridade? Viram alguma possibilidade de os socialistas se levantarem e dizerem que estava na altura de acabar com a austeridade? Viram António Costa dizer que não se podia pedir a reestruturação da dívida, que a Comissão Europeia lhe podia bater com a porta na cara.

Catarina Martins criticou depois a afirmação da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, de que tinha os cofres cheios, lembrou de que no tempo do fascismo "se gabavam os cofres cheios, quando o povo estava na miséria”, questionou “é preciso perguntar cofres cheios de quê?” e respondeu: “Sejamos claros os cofres cheios de Maria Luís Albuquerque são cofres cheios de dívida, porque a política de austeridade que empobreceu o país é a mesma política pública que fez a dívida disparar para 13% do PIB”.

“Este governo que andou a dizer que era preciso acabar com as PPP's, não só não negociou uma única, manteve tudo como estava, como está agora a lançar mais milhares de milhões em PPP”, acusou a porta-voz do Bloco.

A concluir, a porta-voz bloquista afirmou que “os cofres estão cheios da dívida para com os alunos que até hoje esperam por um professor no ensino especial”, da dívida a quem não tem assistência médica, “da dívida às 770 mil pessoas que em Portugal estão no desemprego e não têm acesso ao subsídio de desemprego”, da dívida “às mais de 300 mil pessoas que foram obrigadas a emigrar”.

“Os cofres cheios têm uma dívida gigantesca para com o país, em emprego, em salários, em educação, em saúde, em cultura, são cofres cheios de dívida e está na hora de começarmos a pagar essa dívida” concluiu Catarina Martins.

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