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Marisa Matias em Buenos Aires: “Cada vez que nos tiram direitos, tiram-nos a memória”
O Fórum Internacional pela Emancipação e a Igualdade foi realizado pelo Ministério da Cultura da Argentina entre 12 e 14 de março no Teatro Cervantes de Buenos Aires e teve o objetivo de promover “uma reflexão acerca dos processos políticos que atravessam os países da América Latina e da crise económica e social que afeta a Europa”.
Ricardo Forster, da Secretaria de Coordenação Estratégica para o Pensamento Nacional, explicou que a intenção foi que Fórum servisse “para atualizar o mapa político-intelectual que propõem os dispositivos alternativos à hegemonia neoliberal, tanto na América Latina quanto na Europa”. Sob o lema da emancipação e da igualdade, o fórum “discutiu o neoliberalismo, o presente e o surgimento de novos projetos de tradição democrática e popular em ambos continentes”.
O Fórum contou com uma conferência magistral de Noam Chomsky, e teve Mesas sobre “Desafios e Encruzilhadas na América Latina”, “ América Latina e Europa em espelho”, “Novas esquerdas e tradições populares na América Latina”, “Atualidade e as tradições emancipatóias”, “Cultura: novas subjetividades, neoliberalismo e projeto emancipador”, “A nova geração e diante da disputa do presente”.
Marisa Matias: “Temos de continuar esta batalha para disputar a democracia e o poder”
Foi nesta última mesa que participou Marisa Matias, ao lado de Iñigo Errejón, do Podemos, Espanha, Camila Vallejo, do PC do Chile, e Axel Kiciloff da Argentina, com a moderação de Ricardo Forster.
"A América Latina é para nós um exemplo de um continente que se converteu nos últimos anos em povos orgulhosos de pertencer a seus países. Aqui comprovou-se que é possível aquilo que na Europa nos dizem todos os dias que é impossível", analisou Marisa Matias.
"Sou de uma geração”, prosseguiu, “que não viu os seus pais terem a possibilidade de serem meninos, e que agora vê as gerações que não podem ser adultos porque não têm direito ao trabalho, à autonomia, à liberdade. Cada vez que nos tiram os direitos básicos, estão a tirar-nos a memória das conquistas conseguidas. O que sucede em Portugal e no sul de Europa é um ataque a todos aqueles que lutaram para conseguir os direitos para o povo e aos que têm a memória das conquistas sociais dos povos", sustentou a deputada do Parlamento Europeu.
"Hoje Europa é uma fortaleza, que fecha os olhos ao que ocorre na Palestina e em tantos lugares que hoje estão muito abaixo dos mínimos da dignidade humana, e utiliza a desculpa do terrorismo para criminalizar cada vez mais os imigrantes. Temos de continuar esta batalha para disputar a democracia e o poder, porque senão, a Europa vai para o caminho da refundação ou da destruição", completou.
O Fórum aprovou no final um Manifesto de Buenos Aires pela Igualdade e a Emancipação.
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