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Grécia apresenta queixa oficial contra Schäuble

Protesto verbal contra o ministro das Finanças alemão por ter insultado Varoufakis foi apresentado pelo embaixador da Grécia em Berlim ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha. Guerra de palavras entre os dois governos está em crescendo.
"Ele [Varoufakis] foi ao ponto de pedir a substituição de Varoufakis. Está obcecado”, reagiu o ministro da Segurança Social Dimitris Stratoulis.Foto Left.gr
"Ele [Schäuble] foi ao ponto de pedir a substituição de Varoufakis. Está obcecado”, reagiu o ministro da Segurança Social Dimitris Stratoulis.Foto Left.gr

A guerra de palavras que vem opondo o governo de Berlim ao de Atenas, que tem reagido com crescente dureza às palavras de Wolfgang Schäuble, atingiu o seu ponto mais alto esta quinta-feira quando o governo grego apresentou uma queixa contra Schäuble, pelos seus comentários acerca de Varoufakis. “Como ministro de um país amigo e aliado, ele não pode pessoalmente insultar um colega”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros grego. O protesto foi verbal e apresentado pelo embaixador da Grécia em Berlim ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha.

Apesar de não ter especificado qual foi o insulto, os média grego referiram que o ministro das Finanças alemão disse que Varoufakis está a ser “estupidamente ingénuo” na forma como lida com a imprensa. Há porém quem conteste esta tradução [do alemão para o inglês], dizendo que Schäuble terá dito “subitamente ingénuo” e não “estupidamente ingénuo”. O próprio ministro alemão reagiu dizendo à agência Reuters que “não, não insultei o meu homólogo grego, isso é um disparate”.

Guerra de palavras

Este mais recente episódio apenas subiu o tom das acusações de parte a parte que já vinha em crescendo nos últimos dias.

Schäuble tem feito os possíveis por dar a entender que a troika continua muito viva, usando explicitamente esse termo – que a Grécia quer ver erradicado – em pelo menos quatro oportunidades. “Se a Grécia quer, podemos evidentemente negociar com as três instituições que já não devemos chamar troika, mas que são a troika”, tinha adiantado em 11 de fevereiro.

“Se a Grécia quer, podemos evidentemente negociar com as três instituições que já não devemos chamar troika, mas que são a troika”, disse Schäuble

Afirma agora que “Varoufakis é o único no Eurogrupo que pensa que não se perdeu tempo”. E referindo-se à afirmação do ministro grego, de que a negociação com as instituições será feita em Bruxelas, o ministro alemão disse: “As ideias dele têm de ser corrigidas. As instituições farão verificações em conjunto e localmente. As equipas técnicas têm de estar em Atenas, Varoufakis assinou isto no Eurogrupo em 20 de fevereiro. A informação que Varoufakis dá nas entrevistas está totalmente errada”.

No mesmo dia, o ministro das Finanças grego reagiu afirmando que a troika não volta a entrar na Grécia. “A troika é um grupo de tecnocratas. Chegavam a Atenas, entravam nos ministérios com uma atitude colonial e tentavam impor um programa. Essa prática acabou”. "Estamos à procura de formas de cooperação que não antagonizem a Grécia e não humilhem o povo grego", acrescentou, para concluir: “Alguns colegas usaram a palavra troika. Se eles gostam tanto da palavra, podemos enviar a troika para eles. Eles não regressam à Grécia”.

República das Bananas

A disputa terá chegado mesmo ao ponto de o governo alemão ter informalmente pedido a substituição de Varoufakis, prontamente recusada. “O que pensa o sr. Schäuble? Que a Grécia é uma República das Bananas, um protetorado? Como Samaras e Venizelos lhe ensinaram? Ele foi ao ponto de pedir a substituição de Varoufakis. Está obcecado”, reagiu o ministro da Segurança Social Dimitris Stratoulis.

O que pensa o sr. Schäuble? Que a Grécia é uma República das Bananas, um protetorado? 

E o ministro de Estado Nikos Pappas recordou: Schäuble é o principal defensor de políticas fracassadas na Grécia e na Europa”.

Quanto ao pedido de reparações da Grécia à Alemanha devido aos roubos e devastação do país praticados pela ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial, anunciado por Alexis Tsipras, o deputado conservador da CSU reagiu assim: “Se houver ataques gregos à propriedade alemã, a Alemanha saberá defender-se”.

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