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Grécia apresenta queixa oficial contra Schäuble
A guerra de palavras que vem opondo o governo de Berlim ao de Atenas, que tem reagido com crescente dureza às palavras de Wolfgang Schäuble, atingiu o seu ponto mais alto esta quinta-feira quando o governo grego apresentou uma queixa contra Schäuble, pelos seus comentários acerca de Varoufakis. “Como ministro de um país amigo e aliado, ele não pode pessoalmente insultar um colega”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros grego. O protesto foi verbal e apresentado pelo embaixador da Grécia em Berlim ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha.
Apesar de não ter especificado qual foi o insulto, os média grego referiram que o ministro das Finanças alemão disse que Varoufakis está a ser “estupidamente ingénuo” na forma como lida com a imprensa. Há porém quem conteste esta tradução [do alemão para o inglês], dizendo que Schäuble terá dito “subitamente ingénuo” e não “estupidamente ingénuo”. O próprio ministro alemão reagiu dizendo à agência Reuters que “não, não insultei o meu homólogo grego, isso é um disparate”.
Guerra de palavras
Este mais recente episódio apenas subiu o tom das acusações de parte a parte que já vinha em crescendo nos últimos dias.
Schäuble tem feito os possíveis por dar a entender que a troika continua muito viva, usando explicitamente esse termo – que a Grécia quer ver erradicado – em pelo menos quatro oportunidades. “Se a Grécia quer, podemos evidentemente negociar com as três instituições que já não devemos chamar troika, mas que são a troika”, tinha adiantado em 11 de fevereiro.
“Se a Grécia quer, podemos evidentemente negociar com as três instituições que já não devemos chamar troika, mas que são a troika”, disse Schäuble
Afirma agora que “Varoufakis é o único no Eurogrupo que pensa que não se perdeu tempo”. E referindo-se à afirmação do ministro grego, de que a negociação com as instituições será feita em Bruxelas, o ministro alemão disse: “As ideias dele têm de ser corrigidas. As instituições farão verificações em conjunto e localmente. As equipas técnicas têm de estar em Atenas, Varoufakis assinou isto no Eurogrupo em 20 de fevereiro. A informação que Varoufakis dá nas entrevistas está totalmente errada”.
No mesmo dia, o ministro das Finanças grego reagiu afirmando que a troika não volta a entrar na Grécia. “A troika é um grupo de tecnocratas. Chegavam a Atenas, entravam nos ministérios com uma atitude colonial e tentavam impor um programa. Essa prática acabou”. "Estamos à procura de formas de cooperação que não antagonizem a Grécia e não humilhem o povo grego", acrescentou, para concluir: “Alguns colegas usaram a palavra troika. Se eles gostam tanto da palavra, podemos enviar a troika para eles. Eles não regressam à Grécia”.
República das Bananas
A disputa terá chegado mesmo ao ponto de o governo alemão ter informalmente pedido a substituição de Varoufakis, prontamente recusada. “O que pensa o sr. Schäuble? Que a Grécia é uma República das Bananas, um protetorado? Como Samaras e Venizelos lhe ensinaram? Ele foi ao ponto de pedir a substituição de Varoufakis. Está obcecado”, reagiu o ministro da Segurança Social Dimitris Stratoulis.
O que pensa o sr. Schäuble? Que a Grécia é uma República das Bananas, um protetorado?
E o ministro de Estado Nikos Pappas recordou: Schäuble é o principal defensor de políticas fracassadas na Grécia e na Europa”.
Quanto ao pedido de reparações da Grécia à Alemanha devido aos roubos e devastação do país praticados pela ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial, anunciado por Alexis Tsipras, o deputado conservador da CSU reagiu assim: “Se houver ataques gregos à propriedade alemã, a Alemanha saberá defender-se”.
Comments
Nestes tempos recentes, devo
Nestes tempos recentes, devo alguns momentos de confiança (que estava em negativo), politicamente falando, ao acontecido e à intervenção sequente na Grécia. Tsipras e Varoufakis, nomes até há pouco completamente fora do âmbito do meu conhecimento, vieram trazer-me um 'élan' de Esperança, no futuro duma Europa-unida. Um pingo de água numa chuvada? Talvez! Mas é um pingo de Esperança! Um volte-face, claro, evidente, significativo. Pode "morrer o homem" mas que a fama perdure! Vivam os gregos-europeus "com eles no sítio"!
A UE e a Grécia
A Grécia, independentemente de quaisquer razões invocadas na diatribe iniciada com as instituições europeias, provou que uma união não significa nem pode significar o seguidismo que de algum modo tem marcado a atitude dos seus membros. Portugal incluído. O que é certo é que nunca antes algum membro se ergueu a denunciar - pelo menos a comunicação social não o refletiu - as pressões sobre os países vitimados da roleta bancária que alegremente o poder financeiro protege graças aos vultosos prémios - em espécie, em cargos e por diante - que os políticos vão embolsando. Esta é a maior agressão contra a vida e seu desfrute a que todos os humanos têm irrevogável direito.
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