You are here

As taxas de juro atingiram ‘um novo mínimo’. É tempo de abrir o champanhe?

Este país adora recordes, a comunicação social também. Desta vez as manchetes anunciam que as taxas de juro da dívida portuguesa atingiram ‘um novo mínimo’ . Dito assim, parece mesmo que a crise acabou. Acabou? Post de Ricardo Paes Mamede, no Ladrões de Bicicletas.

O que interessa a uma economia não é o valor nominal da taxa de juro, mas antes o seu valor real (ou seja, descontada a inflação). É isso, juntamente com o ritmo de crescimento económico, que determina se uma economia está em melhores condições de pagar as dívidas aos seus credores externos.

Ora a taxa de juro real, que é aproximadamente igual à diferença entre a taxa nominal e a taxa de inflação, continua a ser duas a três vezes superior à verificada no período pré-crise. O ritmo de crescimento económico, por seu lado, continua reduzido. Já a dívida externa do país, que representa hoje mais de 100% do PIB, é quase o dobro da que se verificava em 2007.

Em suma: juro reais mais altos, crescimento mais reduzido e dívida do conjunto da economia muito mais agravada. Em 2009 os actuais governantes e os seus ideólogos diziam que o país estava à beira do colapso. Que razões terão para hoje pensarem exactamente o oposto, quando os dados são o que são?

Termos relacionados Blogosfera