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A demissão de Pedro Passos Coelho
Foi em março de 2015. Já ninguém acreditava que o XIX Governo Constitucional pudesse não chegar ao fim. No final de fevereiro o então primeiro-ministro havia até dito que almejava uma maioria absoluta. As tormentas tinham sido muitas. O governo tinha conseguido resistir à maior contestação social e popular desde os conturbados tempos da revolução. Tinha aguentado a demissão do líder minoritário da coligação, a saída do ministro das Finanças e até a do braço-direito do primeiro-ministro, Miguel Relvas. Apesar das coisas estarem muito más, o Governo podia e dizia que tinha acabado o resgate, que o ajustamento tinha tido efeitos, que a crise estava no fim e que havia crescimento.
Passos Coelho já tinha tido problemas com a empresa Tecnoforma e recusara-se a responder perante o país sobre como tinha trabalhado em exclusividade para a Assembleia da República e para rocambolescas empresas e fundações criadas e desaparecidas à conveniência. Mais uma tempestade em que o barco tinha conseguido manter-se à tona. Sócrates estava na prisão e António Costa até tinha metido os pés, dizendo o mesmo que o Governo e reduzindo a sua margem política para as eleições seguintes. Tudo parecia encarrilado.
Foi então que se precipitou o inesperado. Descobriu-se que entre 1999 e 2004 o primeiro-ministro não tinha pago a sua contribuição, enquanto recibo verde, à Segurança Social. Saiu por toda a imprensa e, num primeiro momento, Passos disse que tinha quitado essa conta, esperando que o assunto ficasse por ali. Aliás, se a conta tinha sido paga, o que mais havia a dizer, não era? Para garantir que a coisa correria suave, que melhor fazer do que pôr o ministro da Segurança Social a dizer que tinha sido um erro dos serviços? Assim como assim, o sistema das contribuições era tão complicado que ninguém percebia do que estavam a falar e até poderia parecer que o injustiçado tinha sido o primeiro-ministro.
Mas não se fez silêncio. Veio a lume que o primeiro-ministro se tinha inscrito na Segurança Social com a contribuição mais baixa de todas, apesar de ganhar bastante mais do que o salário mínimo, e que só tinha pago a dívida depois da imprensa tê-lo descoberto. E continuou o bruá. Estava na altura de uma intervenção mais direta: “Estava convencido de que, na época, era opção” descontar para a Segurança Social, disse o chefe do Governo. O coro do seu partido acorreu a aplaudir os esclarecimentos do líder – “estamos confortáveis e solidários”, dizia Marco António Costa – os esclarecimentos foram “um exemplo”, dizia Aguiar Branco.
Depois descobriu-se que Passos Coelho estava no parlamento, enquanto deputado, quando entraram em vigor as leis – em 1993 e 1996 – que tornaram obrigatório o pagamento de Segurança Social pelos trabalhadores a recibos verdes. Como podia não saber?
Desconhecer a lei transformava-o num primeiro-ministro que ignorava as leis do país que tão cruelmente havia governado durante quatro anos. Por outro lado, ser favorecido num sistema de contribuições particularmente agressivo para centenas de milhares de pessoas que haviam visto os seus bens, casas e salários penhorados por dívidas bem inferiores à sua, tornou a situação insustentável. Aliás, tinha sido no mandato de Passos que se tinha tornado crime dívidas de 3500 euros à Segurança Social, menos metade do que Passos devera até 2014. Perante esta situação, Pedro Passos Coelho assumiu finalmente as suas responsabilidades enquanto político, enquanto cidadão e enquanto pessoa, e, em março de 2015, demitiu-se.
(Disclaimer: Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência)
Artigo publicado em p3.publico.pt em 3 de março de 2015
Comments
Obviamente que o passos
Obviamente que o passos coelho não se vai demitir. Basta ele dizer que foi eleito democraticamente e bla, bla, bla ,bla... O disco é sempre o mesmo e a M**** é sempre a mesma!
No entanto em toda esta situação é interessante ver que o seu comportamento é muito idêntico ao de uma "grande" estadista, Hitler. Hitler Nunca foi pobre mas fazia-se passar por pobre, tal como faz passos coelho, que é um desgraçado, um politico que vive junto do povo, tal como fazia Hitler. Hitler viva no luxo, uma vida boémia, com amantes mais velhas que lhe pagam até carros de luxo e patrocinavam o partido. Passos coelho também vivia no luxo, trabalhava em empresas do amigo do partido sem ter qualificações para tal segundo parece, tinha uma vida boémia pois só teve tempo de acabar o curso, na Lusiada, fantástica universidade onde se paga para ter o curso. Ambos querem dar uma imagem de trabalhadores dedicados, de gente que vem do povo e que se esforça. O que na realidade não passa de propaganda quer do regime nazi quer do regime do PSD. Há também outras semelhanças como o caso dos impostos, Hitler nunca pagou um cêntimo dos impostos que devia dos lucros que obteve com o seu livro que vendeu milhões, que se tornou obrigatório para todos e que o tornou muito rico. Suponho que deve ter mandado o contabilista que o chamou à atenção para o facto de dever impostos, para um qualquer campo de concentração, e a lei foi alterada para que hitler não pagasse impostos. Com passos coelho parece que se passou algo parecido, não pagou impostos, dizem que pagou agora, mas duvido, pois não deve passar de propaganda para lavar a imagem, e tal como Hitler fez, também passos coelho anda por ai a abrir inqueritos para saber quem é que andou a ver a sua folha das finanças e talvez a descobrir os seus podres! Quem faz isto é porque tem algo a esconder! O interessante é que o comportamento é idêntico em ambos os casos e talvez sirva para esconder mais do que impostos, mas as verdadeiras razões, ideias e ideais!!!!!!!
Acho engraçada a comparação
Acho engraçada a comparação porque os alemães cultos também achavam que o Hitler era um pobre idiota que nunca ganharia nada. Também o Miguel Portas achou que ele era um farsola e que ninguém votaria em alguém com tanta sede de "ir ao pote".
Ambos menosprezaram a infinita estupidez do povo.
Ele é o verdadeiro representante do povo. Conseguiu coisas sem qualquer mérito e, apesar de nunca ter feito nada na vida, ainda consegue aconselhar uma enchadinha nas mãos dos outros. Mente descaradamente e vai alterando a versão da verdade à medida que vai sendo apanhado. Um verdadeiro representante do povo português.
Foi quando cheguei a essa conclusão que resolvi deixar o país.
Infelizmente a tendência será para piorar, com a destruição do ensino e a proliferação de leitores do "crime da manhã ". Por isso não conto voltar.
Que competência para dirigir
Que competência para dirigir Portugal, tem um deputado ou governante , que não conhece as nossas leis, que não conhece a nossa realidade ??
Que credibilidade ou honestidade tem alguém, que não respeita ele próprio leis e princípios, que obriga o Povo a respeitar ??
Nada, Nenhuma competência, credibilidade ou honestidade tem estes neoliberais cujo papel é pura e simplesmente o de Roubar o dinheiro ao Povo Trabalhador para o meter no "rabo", "Ad Eternum" ( para sempre ), do grande capital/parasitas da sociedade/patrões/CHULOS DO POVO TRABALHADOR.
Chega de hipocrisias e de hipócritas, de mentirosos, de ladrões e incompetentes que fazem mal intencionalmente, e que de cada vez que levam a "cana" vêm dizer que não sabem de nada...ridículo. E quem é que pode acreditar nisto ??..Eu não !!
O Povo tem que Acordar e Abrir o Olhos ! Este sistema politico neoliberal imposto pelos capitalistas selvagens só promove a liberdade do Roubo, da Discriminação e da Miséria do Povo Trabalhador, e isto, pode ser constatado todos os dias infelizmente. E se deixarmos esses neoliberais executar as suas pretensões será, ainda, Muito Pior no Futuro.
Neste triste e amargo contexto politico-económico nacional e internacional é imperativo que o Povo Acorde e defenda os seus próprios interesses, a melhor forma de o fazer será apoiando a Esquerda Revolucionária. Será apoiando aqueles que assentam a sua doutrina politico-económica no Homem, no Povo Trabalhador, na Humanidade e seus interesses em vez de quererem um multiplicar do capital a todo o custo como o querem os capitalistas selvagens ( neoliberais ).
O Povo tem que ter consciência da Realidade politico-económica, nacional e internacional, e tem que ter também consciência que pela sua passividade, permissão e voto é que estas situações são possíveis. Por isto o Povo deve Acordar e defender quem o Defende, ou seja, defender o partido dos Trabalhadores, a Esquerda Revolucionária, o Bloco de Esquerda, e isto na vez de, IR VOTAR EM CHULOS MENTIROSOS E INCOMPETENTES ( neoliberais ) !
Para que estes Ladrões e CHULOS do Povo deixem de ter lugar nas nossas sociedades, todas as leis neoliberais que os protegem e promovem têm que deixar de existir, e para isto ser possível, só com a Esquerda Revolucionária no Poder.
É por isto que devemos Todos Juntos Lutar ! Por Portugal e pelos Portugueses !
Força Companheiros/as !
A Luta Continua !
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