You are here
O pecado de Juncker e o servilismo dos cães de fila
Estas últimas semanas confirmam que não estaremos longe da realidade se dissermos que os últimos sete anos ficarão profundamente inscritos na história social e política da Europa. A forma como a crise financeira foi habilmente transformada pela elite europeia numa crise das dívidas soberanas, fez com que se operasse uma profunda mudança na relação de forças à escala europeia, que se traduziu num ataque sem precedentes a todos os direitos sociais, económicos, culturais e políticos conquistados principalmente no século XX. Estes sete anos representaram essa mudança de paradigma, em que austeridade se consubstanciou enquanto filosofia integradora da maior regressão civilizacional de que muitos e muitas teremos memória.
O processo de regressão civilizacional em curso teve consequências sociais brutais, a loucura europeia destes anos teve também consequências políticas arrasadoras. E assistimos agora a uma recomposição na esquerda com um conjunto de partidos com um programa anti-austeritário e de desobediência às instituições europeias que conseguem ser maioritários nos seus países
Mas se este processo de regressão civilizacional em curso teve consequências sociais brutais, a loucura europeia destes anos teve também consequências políticas arrasadoras. Os chamados partidos socialistas protagonizaram uma impressionante viragem à direita sendo protagonistas, aliados ou submissos de todas as políticas de austeridade destes anos. Voltámos a ter que lidar com a brutal ameaça das organizações fascistas e de extrema-direita. E assistimos agora a uma recomposição na esquerda com um conjunto de partidos com um programa anti-austeritário e de desobediência às instituições europeias que conseguem ser maioritários nos seus países.
Era impossível que os burocratas europeus assistissem sem reação a este furacão político. Depois do governo do Syriza na Grécia ter colocado pela primeira vez a hipótese de uma alternativa política de esquerda vencer na Europa e depois do governo alemão ter assumido que é ele quem dirige a política europeia, Jean-Claude Juncker veio num tom surpreendente afirmar que “pecámos contra a dignidade dos povos, especialmente da Grécia, em Portugal e na Irlanda” referindo inclusive que “falta legitimidade democrática à troika”. De facto, só podemos valorizar a autocrítica de Juncker : “Eu era presidente do Eurogrupo e pareço estúpido em dizer isto, mas há que tirar lições da história e não repetir erros”.
Quais serão estas lições e qual a sua tradução política imediata? Vai a Comissão Europeia tomar todas as diligências para que o governo grego possa cumprir o programa político que foi democraticamente sufragado? Vai a Comissão Europeia enfrentar a absurda posição alemã que consiste em dizer que as eleições não contam para nada porque a Grécia só pode implementar mais políticas de austeridade? Tenho dúvidas. Mas se a autocrítica tardia de Juncker nos deve impressionar, o que foi mesmo arrebatador foi a reação das autoridades portuguesas a esta declaração e ao estado de negociação entre a Grécia e a Europa.
Cavaco Silva enfureceu-se e à saída de uma feira rural onde não devia haver bolo-rei para todos, decidiu dar declarações para dizer que os contribuintes portugueses já pagaram o suficiente da irresponsabilidade do povo grego. Felizmente falta pouco tempo para este senhor voltar para a sua marquise
Luís Marques Guedes irritou-se e foi direito ao assunto: “Acho, manifestamente, que é uma declaração bastante infeliz do presidente da Comissão Europeia, porque nunca a dignidade de Portugal ou dos portugueses foi beliscada pela troika ou qualquer das suas instituições”. Nunca, jamais, em tempo algum. A profunda crise social que Portugal vive nem sequer beliscou a dignidade de quem vive e trabalha em Portugal.
Maria Luís Albuquerque mostrou-se imensamente indignada pelo facto dos jornalistas só lhe fazerem perguntas pela Grécia e não quererem saber nada sobre o seu milagre da multiplicação. Isto é, num dia ter dito que não há dinheiro para investimento e criação de emprego e no dia seguinte ter encontrado 14 mil milhões de euros no fundo do pote para pagar ao FMI em antecipado.
Cavaco Silva enfureceu-se e à saída de uma feira rural onde não devia haver bolo-rei para todos, decidiu dar declarações para dizer que os contribuintes portugueses já pagaram o suficiente da irresponsabilidade do povo grego. Felizmente falta pouco tempo para este senhor voltar para a sua marquise.
Paulo Portas, no seu estilo de chico esperto, alternou entre o argumento de que “foi a dignidade dos portugueses, o esforço e o sacrifício” que permitiu a recuperação do país (?!) e ao mesmo tempo lembrou que classificou muitas vezes a situação de Portugal como a de um protetorado.
Passos Coelho, depois de ter mandado Maria Luís Albuquerque fazer serventia a Schäuble, afirmou esta sexta-feira no parlamento de que não apoiará nenhuma proposta que beneficie o povo grego e o povo europeu porque “não foi eleito para defender os interesses do Syriza”.
Esta elite de radicais que dirige Portugal só nos pode fazer sentir vergonha alheia. Portaram-se estes dias como autênticos cães de fila bem treinados. Só que daqueles que levam porrada dos donos a toda a hora e, ainda assim, voltam sempre para o seu colo com um sorriso nos beiços.
O seu tempo será curto. Tic-tac. Tic-tac.
Comments
Havia alguma esperança no BE.
Havia alguma esperança no BE. Infelizmente estas desvaneceram-se progressivamente.
Verificar a apologia do patriotismo e nacionalismo por membros do BE, seja a que título for, não pode deixar de causar, no mínimo espanto. Embora respeite todas as opiniões e defenda a liberdade de expressão, verificar a falta de total pragmatismo neste artigo de opinião, tal como em todos os discursos do BE, é lancinante.
A Grécia, tal como Portugal, deve ser responsável pelos seus actos, passados e presentes. O mundo move-se pelo dinheiro, sempre o fez, sempre o fará. É tempo do BE e seus membros deixarem de se comportar como "l'enfants terribles" da sociedade portuguesa e passarem a apresentar soluções concretas e exequíveis. Infelizmente ainda não vi uma.
Criticar todos o podem fazer. Apresentar soluções convalida a crítica feita. Ficamos à espera da segunda parte por parte do BE.
"O seu comentário foi
"O seu comentário foi colocado em fila de espera para revisão por um dos administradores do site e será publicado após aprovação."
Aproveito o ensejo para adicionar que a "revisão" dos comentários, nos moldes apresentados acima, é exactamente igual ao que existia no tempo de Salazar e Marcelo Caetano. Encontrar tal num site do BE, dispensa quaisquer comentários...
Jorge Oliveira, provavelmente
Jorge Oliveira, provavelmente mais um nome falso... dum dos tais cães de guarda do grande capital.
Jorge Oliveira você vem para aqui, supostamente comentar um artigo, e em vez de o fazer prefere atacar e caluniar o BE sem qualquer argumento válido. Jorge Oliveira você vem da parte de qual seita de fascistas encapotados ? Jorge Oliveira, qual foi crepúsculo encripto-fascista ao serviço do grande capital que lhe pagou para vir aqui com as suas incongruências nojentas ?
Volte para a sua casota e deixe-se de ideias tristes ! !
("A Grécia, tal como Portugal, deve ser responsável pelos seus actos, passados e presentes.") (...) Jorge Oliveira esta sua frase é o culminar da estupidez dum canino fascista cuja expressão é pura diarreia mental.
Quem é Portugal ??? O Povo, roubado e que está na miséria ? O Povo, que não pediu dinheiro nenhum e não ganhou nada com esse dinheiro ? Ou os chulos, o grande capital, aqueles que encheram o "cu" com esse dinheiro para comprar belas mansões e carros de luxo ??
De qual Portugal fala você Jorge Oliveira ?? E quem são os responsáveis ??
QUEM APROVEITOU DO DINHEIRO QUE O PAGUE !! CHEGA DE CHULOS, CHEGA DE CHULAR O POVO !!
Só um autista da sua espécie se pode permitir de tentar vir aqui fazer passar as pessoas por parvas. Guarde esses género de comentários inócuos e vazios de sentido ou fundamento para os vossos jornais de direita. Aqui agente, dispensa a diarreia, ilusoriamente intelectual, da sua espécie.
O que é lancinante e ridículo, é a sua intenção clara de vir aqui caluniar e denegrir os outros, tal qual um fantoche do grande capital a quem lhe pagam para esse fim.
Jorge Oliveira tenha mas é vergonha na cara. É melhor ser " l'enfant térrible ",que um carneiro mole sem nada na cabeça !
Criticar destrutivamente, sem nada falar de concreto é o que você faz...mas eu em contrapartida, da gente da sua laia, não espero nunca nada de bom para o Povo !
A prova como o BE é um partido tolerante está no facto, que o seu comentário, Jorge Oliveira, foi publicado. E mesmo se não devia, mas esta já é a minha opinião pessoal... E não devia porque o seu comentário é, destrutivo, mal intencionado, manipulado, manipulador, caluniador, infundado e não trás nenhum argumento a debate e nem procura o diálogo. Portanto é um comentário bem à medida do seu autismo. Portanto é um comentário inútil, provavelmente como você, e todos os cães de guarda do grande capital !
Ditadura do capital já a vivemos agora, onde se Rouba e Explora o Povo, para encher o rabo aos chulos ( patronato/grande capital ) seus amigos !
Se você soubesse o que é trabalhar na vida, Jorge Oliveira, não vinha para aqui com a sua diarreia intelectual que só dá vontade de vomitar !
Ao Povo digo, tenham cuidado, comentários desta natureza vão proliferar nestes próximos tempos. Os lobbys pro-fascistas do grande capital vão atacar e manipular, pois eles estão com medo que o Povo Acorde. Cabe-nos, a nós, de defender a Esquerda destes cães fascistas. Cabe-nos de Defender e Acordar o Povo !
No que refere ao artigo do João Mineiro está muito interessante e toca em questões essenciais. É preciso ir mais longe, na defesa dos interesses do Povo.
Força Companheiros/as !
A Luta Continua !
Meu caro Jorge Oliveira
Meu caro Jorge Oliveira
A sua elasticidade ideológica deixa parva a alma de qualquer cristão.
Já não basta o governo pôr-se de cócoras perante os "donos da europa". Só faltava agora que cidadãos como o meu amigo, se calhar também vitimas desta política criminosa que nos está a levar para a miséria, vir com a lengalenga de que os gregos e os portugueses tem que ser responsáveiss pelos seus actos passados e presentes. Não queira ficar na fotografia com aquele sorriso vergonhoso da Ministra das Finanças. Então o mundo do dinheiro é o seu paradigma? Não será o mundo da justiça o objectivo supremo e merecido da humanidade?
Para a defesa do mundo do dinheiro você já vem tarde. Já cá temos o João Cesar das Neves, que acha que é preciso baixar os salários para aumentar a " competividade" ( o tipo é muito católico, parece que pertence à Opus Dei, mas quando se trata de defender o mundo do dinheiro, o rapaz manda às malvas a doutrina social da igreja). O nosso papel de cidadãos conscientes não é o de emitar as narrativas de governos vende pátrias. Temos uma dignidade de nação com nove séculos a defender. Isso passa por correr com os Migueis de Vasconcelos cá do Burgo.
Quanto à comparação que faz dos critérios editoriais do Esq.Net com o regime do Salazar, demonstra que você não percebeu ainda o que é a liberdade de expressão, nem tem uma pequena ideia do que foi o Salazarismo.
Mas fique descansado. Se alguma vez um comentário seu não for publicado neste fórum, fale comigo que eu logo tratarei de puxar as orelhas ao "censor"
Um abraço
Paulo
Amigo Nuno Carvalho
Amigo Nuno Carvalho
Como eu compreendo a sua raiva, ao lêr os arrasuados de asneiras que gente como o Jorge Oliveira aqui às vezes verte.
Eu não conheço o J.Oliveira. Não sei se ele é um apaniguado consciente da direita retrograda e subserviente a Berlim. Não sei se será mais um cidadão (vai havendo felizmente cada vez menos) intoxicado pela conversa fiada daqueles comentadores com aspeto humanoide, que botam faladura a favor do regime a troco dumas imperiais com tremoços na Portugalia. Em qualquer dos casos resulta melhor responder-lhes (às vezes nem vale a pena) com algum sarcasmo, do que lhes manifestarmos o nosso ponto de vista sincero. Uma vez por outra leia as crónicas do R.A.P. na Visão. Aquilo para alem de nos fazer rir à brava, deixa normalmente os visados a deitar fogo pelos olhos. Aqui há tempos um dos tais comentadores pagos à jorna vomitou cobras e lagartos por causa duma dessas crónicas.
Você recorda que o Jorge Oliveira dissertou (pareceu-me que com convicção) sobre o mundo do dinheiro, e a sua lógica intrínseca, que não deixa espaço para a decisão do cidadão. O fim dos Povos é o livre arbítrio do Capitalismo. O homem não percebeu ainda (é duro de ouvido) que é o próprio capitalismo que está a tremer nesta curva apertada de incertezas que o mundo vive. Por isso dá respostas duras como a Alemanha está a fazer à Grecia e a nós. O capitalismo aposta no regresso ao seculo 19 para superar mais uma crise. Mas ao fazê-lo vai inevitavelmente semear revoluções. É por isso que quando um povo se levanta os gurus gritam:"POPULISTAS". "Credo abrenuncio" Deus nos livre do Syrisa, do Podemos, da Esquerda Europeia, do Bloco de esquerda, dos sindicatos, (qualquer dia nem o Papa Francisco escapa) do Louçã, do Beleza, do Fazenda, da Catarina Martins, do Bispo de Setubal (eh pá são tantos) do Mário Nogueira, do Carvalho da Silva, dos Metalúrgicos, dos funcionários públicos, das cabeleireiras, e demais gente "reles".
Não ligue muito ao veneno, seja ele consciente ou manipulado. Deixe que sejam eles a ganharem a ulcera.
A procissão ainda vai no adro
Um abraço
Paulo
Add new comment