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O ultimato à Grécia e já nada será como dantes
Uma reunião relâmpago do Eurogrupo e um ultimato: a Grécia tem quatro dias para repor o programa de austeridade que foi recusado pelas urnas.
Deste modo, nestes dias vertiginosos, três traços ficam claros. Primeiro, todo o aparelho político europeu se uniu contra a Grécia: na conferência de imprensa que apresentou o ultimato juntaram-se, simbólica e excecionalmente, dois socialistas, Moscovici e Dijsselbloem, e duas figuras da direita europeia, Lagarde e Tusk. A Grécia está isolada, todos os governos de direita e de centro querem a sua punição e só tem o apoio de quem recusa a destruição (o Financial Times dá conta da carta de 32 personalidades insistindo na mudança da posição do Estado português).
Segundo, a União Europeia não admite nenhuma alternativa à austeridade. A escolha é esta: ou a Grécia continua as privatizações e a compressão salarial ou é expulsa, não se sabe como ou com que legitimidade, mas fica de fora. A Europa é a austeridade. É uma prisão.
Terceiro, o governo alemão está disposto a tudo, mesmo a uma grotesca arrogância que pouca gente acharia plausível. Ao dizer hoje que “sinto muito pelos gregos, que elegeram um governo que se porta de forma irresponsável”, Schauble ultrapassou uma barreira de agressividade e impunidade que terá consequências. A Alemanha passou a ser isto.
Assim, ninguém – o Eurogrupo, o governo alemão, os outros governos – deixou qualquer dúvida: ou a Grécia se verga ou sai do euro. A Grécia nem teria o direito de divulgar a proposta que lhe foi feita, acrescentam as autoridades europeias, e se o fez, é uma “provocação”, persiste o Eurogrupo, porque nenhum governo pode dar a conhecer este segredo.
Do outro lado, o governo grego usou todas as armas que a democracia pode gerar. Obteve um mandato eleitoral claro. Procurou o apoio da opinião pública em todos os países. Conduziu uma disputa política que nunca ninguém tinha visto na Europa. Destapou a face de uma Alemanha imperialmente exibicionista. Usou o seu recurso mais importante: propôs negociações prudentes, esperando que o adversário não usasse a arma de destruição massiva. Mas encontrou um muro de “intimidação” (Tsipras) ou de imitação de “tortura” no estilo da CIA (Varoufakis) e, em todo o caso, a condição do ultimato: ou continua a austeridade ou rua.
As autoridades europeias colocaram-se por isso numa posição em que não admitem nada senão a cedência. Assim, o que se vai passar nos próximos dias, salvo mudança miraculosa, parece estar escrito. Pode haver ou não nova reunião do Eurogrupo, mas, segundo as autoridades europeias, a condição preliminar é que a Grécia reponha a política de Samaras e do PASOK. A partir daí, não havendo acordo, começa a contagem decrescente para o “Armagedeão”, nos termos de Varoufakis, e será o BCE o instrumento da cólera desta divindade: no dia em que cortar o crédito de liquidez aos bancos gregos, a Grécia tem de emitir moeda para salvar o país. E esse dia poderá vir em breve. A Grécia pode então reagir de muitas formas. Pode convocar uma sessão extraordinária do parlamento, pode pedir a opinião da população e organizar um referendo. Mas terá poucos horas para responder ao ataque, porque terá sido expulsa do euro, pela força ilegítima de um ultimato, seguido de uma retaliação.
As consequências de um desfecho deste tipo são imensas e voltarei ao tema em breve. Em todo o caso, não será menos do que mudar a vida da esquerda, que será forçada a reconhecer que nesta Europa o destino é a austeridade. E mostrar, o que também não é pouca coisa, que na União não se respeitam regras nem leis nem tratados, a Alemanha manda e é tudo.
O ultimato à Grécia é o culminar do desastre da austeridade. Mas é também o início de tempos muitos mais perigosos.
Artigo publicado em blogues.publico.pt em 16 de fevereiro de 2015
Comments
Saiu um ultimato. E agora?
Saiu um ultimato. E agora?
Ainda que a réstia de esperança confirme a regra, o futuro parece decidido. Sabíamos todos que esta solução era uma hipótese com grandes probabilidades de vir a acontecer. O povo grego sabia que esta poderia no final ser a única solução. E agora?
Agora temos que mais uma vez sair em apoio do povo grego e do seu governo. Até á data fatídica do ultimato, temos muito barulho para fazer, mas mais do que todos os outros, a voz que é necessário ouvir hoje é a de Pablo Iglésias. Penso que aquilo que for o resultado deste ultimato, dependerá e muito da atitude de Pablo Iglésias nestes dias. O eurogrupo, a Alemanha e todos os outros não vacilarão se não sentirem que nas próximas eleições (na Espanha) sairá também um governo de rotura.
Como sempre, directo ao
Como sempre, directo ao assunto e clareza de pontos de vista. Nunca me canso de te ler. Obrigado.
Tretas!!!
Tretas!!!
A Grécia quer impor aos demais a sua vontade sem se mostrar minimamente disponível para negociar o que quer que seja.
Toda a Europa está à espera das propostas gregas. No entanto a única coisa que vemos é retórica e a mão estendida a pedir mais dinheiro sem condições. Como alguém disse e muito bem 'coisa de crianças'.
Na verdade o que o Tsipras e o entulho que o suporta (12 partidos!!) pretendem é sair do Euro, algo que não é estranho ao BE, para depois culparem a Europa ou os Alemães, posicionando-se a jeito para instalar uma ditadura do estilo bolivarista. Pois muito bem, que o façam sózinhos.
Estebes, se os Gregos querem
Estebes, se os Gregos querem sair da zona Euro, devem poder fazê-lo. O amigo tem um nome Português, portanto espero que se lembre de como a nossa economia era assente num tecido industrial e empresarial, bastante mais forte do que agora. O que as demandas do Parlamento Europeu têm construído é um enfraquecimento da nossa capacidade de nos auto-sustentarmos, o que significa que importamos produtos que anteriormente produzíamos. A situação leva-nos ao endividamento que não é de todo inocente. O mesmo tem acontecido em todos os países periféricos, cujas condições estão reunidas para o proliferar de uma cultura de corrupção dos seus governos. Não vou dizer ao amigo que leia, digo-lhe antes que se ponha no papel dos outros. Veja diferentes perspectivas da mesma questão.
Sinceramente é preciso ser-se
Sinceramente é preciso ser-se muito estúpido para passar a ter em conta conselhos, e passar o poder para a mão de um país que se acha superior aos outros e que só sabe fazer guerra (leia-se alemanha). Geralmente isso termina em extermínio, onde é que já vi isto? A alemanha estava muito bem separada e fraca, agora unida, manda na UE e no fracos. O problema é que este ultimato é o canto do cisne e a ultima arma da alemanha, depois de ter tentado subornar o Syriza com um milhares de milhões. Passo a explicar. A Grécia tem a UE e ou euro na mão, por muito que a alemanha diga que está tudo bem, a verdade é que está tudo cada vez pior para a alemanha. A alemanha tem actuamente duas cordas na garganta, uma da Grécia e do Syriza, que pode destruir o grande estado federal alemão que é a UE e consigo levar a o marco, desculpem o euro, que cabeça a minha...para a paridade já no proximo ano. A segunda corda é a do sr. Puttin que em breve terá o petroleo a $100 o barril, e terá impeto para continuar a reconquistar da ex-URSS, e desta vez quer a alemanha toda para si. É disso que a alemanha tem medo do lobo Puttin, impiedoso e sem regras ou escrupulos. afinal a alemanha, essa grande potência à custa do outros e de serem uns caloteiros, que é tão forte com os fracos, com a russia tem um medinho. Para mais, a Grécia ameaçou que caso não haja negociação com a UE poderá negociar com a Russia ou com a China. Seria interessante de ver isto. A Russia dentro de alguns meses terá o petroleo a $100 e possivelmente uma base na Grécia para reconquistar a ex-URSS. Resumindo, a alemanha vai aceitar tudo e mais alguma coisa da Grécia e de restantes paises que aproveitem a oportunidade, porque caso contrario perde tudo e pode ainda ter mais problemas com os restantes PIGS, que como eu sempre disse tinham a UE na mão, mas optaram por não ser a Grécia e ir na cantiga do dividir para reinar. Quanto à alemanha tenho a certeza que vai preferir um pássaro na mão que dois a voar! Pena é que certa gente que se diz politico e que andou a tirar cursos na universidade Lusiada, pessima universidade por sinal, ande já a negociar o pagamento adiantado. Estúpido, em vez de aproveitar a onda para bater pé destroi o país e dá de bandeja o que alemanha quer. há gente que não devia ter nascido!
Meu caro amigo:
Meu caro amigo:
Se usasse os seus neurónios para pensar - em vez de dar pontapés com a "cabeça" dos dedos dos pés - regozijando-se como os alemães (principais responsáveis pelas duas últimas guerras mundiais e da guerra civil na Ucrânia) estão a conduzir a Europa para o buraco sem fim e sem fundo da austeridade -talvez valesse a pena pensar que o levantar da cabeça do imperialismo alemão (já condenado por alemães tão ilustres como Thomas Mann, Gunther Grass ou Ulrich Beck) consiga, com a internacionalização da guerra civil ucraniana, iniciar a terceira, ou isso nunca passou pelo seu seu "iluminado" cérebro?
Cumprimentos,
Rolando Silva
Oh Estebes
Oh Estebes
Você vai votar direitinho no PSD/CDS nas próximas eleições, num bai? Bai pois. eu já adivinhava.
Você quando falar do Tsipras ponha-se em sentido. Então não consegue vêr que na cena europeia o homem é o único primeiro ministro que na verdade defende o povo que representa. Contra aquela cáfila apaneleirada que tomou conta dos destinos da Europa e nos está a levar para a miséria. Você ainda não percebeu, que os gregos mesmo que caiam, vão cair de pé. Você ainda não percebeu que não é de rabo para o ar que se negoceia. Não compare o governo grego com os governos de Migueis de Vasconcelos de Portugal e Espanha. Um povo que não se dá ao respeito não consegue ser respeitado. Se a coisa fosse assim tão simples, como só você consegue desenhar, então a "europa civilizada" já tinha mandado de volta o governo grego para Atenas. Está muita coisa em jogo meu caro. Ainda muito boa gente vai engolir o que disse. Já viu o Esquentador (o Juncker) a fazer mea culpa. A dizer que ele e o Barroso pecaram contra os gregos e os portugueses. Você não ouve? Você não vê? Você não lê?. Não podemos ignorar. Vamos lá a ter um pouco mais de respeito por nós próprios. Ande lá
ponha essa cabeça a pensar, e não engula as frases feitas daqueles comentadores pacóvios que vão às televisões vomitar porcaria a troco dum fim de semana com SPA num hotel rasca em Albufeira.
Ponha-se fino
um abraço
Paulo
Esteves o Tretas !!!
Esteves o Tretas !!!
Esteves, Mais um fantoche do grande capital que vem para aqui com Tretas sem sentido ou fundamento, para desestabilizar quem Trabalha.
Ó Esteves não venha para aqui intoxicar o ambiente com a sua diarreia intelectual que só dá vontade de vomitar.
Entulho será você e toda a seita de cães de guarda, paus mandados, corruptos, incompetentes e mentirosos que como você, defendem a globalização da miséria em que vivemos.
Não seja autista, e não venha falar de ditaduras. Porque Ditadura, é aquela em que vivemos agora, onde a Grande Maioria do Povo está na miséria para uma minoria de gulosos malandros e corruptos continuarem a encher o "cu" com a riqueza que o Povo lhe dá.
Sozinhos estão vocês, fascistas encapotados e manipuladores, e quando o Povo acordar a gente da sua laia estará condenada...toca a fugir para o Brasil de Novo...
Ó Esteves, peça para fazer cócó e meta-se dentro da casa de banho pois é o sitio mais indicado para se aliviar das suas ideias !!
Abaixo a Ditadura do Capital !
Força !
A Luta Continua !
Ele há pessoas assim…
Ele há pessoas assim…
A minha avó nunca acreditou que os homens tivessem ido à Lua. Não se pense que ela negava isso por não acreditar na tecnologia da época, Se Deus tinha posto homens na Terra e não os tinha posto na Lua, não eramos agora nós que íamos mudar isso. O meu irmão tinha em João Vale e Azevedo, um ídolo, mesmo depois da sua saída do Benfica e das revelações que foram aparecendo, ainda venerava o homem.
A minha avó agarrada a crenças antigas, não tinha capacidade para se libertar e encarar o mundo novo que tanta confusão lhe fazia. O meu irmão lá foi caindo na real até que se convenceu que o homem era mesmo um escroque.
Dizem os entendidos que o homem inteligente é capaz de rir de si próprio e durante a nossa vida fazemos, por vezes coisas, que mais tarde nos fazem rir pelo ridículo da coisa, outras vezes deixam-nos com um sorriso meio por meio, que acontece quando nos lembramos daquilo que ingenuamente fizemos em determinada altura. Este sorriso não é tão largo porque a ingenuidade anterior nos embaraça, mas em todo o caso, o sorrir faz pensar que conseguimos ultrapassar o facto e enfrentamos melhor o futuro.
Esteves, obrigado por ter comentado. Como deve ter notado o contraponto faz-nos mais fortes, continue pois a visitar e a comentar por aqui, oxalá consigamos em breve sentir nos seus comentários aquele sorriso que o meu irmão mostra quando lhe pergunto por vale e Azevedo.
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