Esta manhã, numa entrevista concedida à rádio alemã Deutschlandfunk, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, acusou o executivo de Alexis Tsipras de “insultar aqueles que têm ajudado a Grécia nos últimos anos”, em alusão à troika e ao seu governo.
Questionado pela jornalista se a troika provocou a destruição do Estado Social helénico, o ministro de Angela Merkel, respondeu: “não, essa ideia é totalmente errada. A Grécia, durante muito tempo, viveu acima das suas possibilidades”.
Pronunciou-se com um inequívoco “não”, quando questionado sobre a proposta avançada pelo seu homólogo grego, Yanis Varoufakis, de criação de um Programa Social Europeu financiado por todos os estados-membro, acrescentando que considera a ideia “uma perda de tempo”.
Para Schäuble, a Grécia estava no bom caminho para resolver a crise até que chegou o novo governo do Syriza.
“Sinto muito pelos gregos. Elegeram um governo que de momento se comporta de maneira bastante irresponsável”.
O ministro alemão voltou a insistir que, para receber apoio dos outros países da zona euro, a Grécia tem que mostrar como no futuro vai assegurar os meios suficientes para financiar as suas próprias pretensões. Segundo o ministro alemão, não há nada que indique que o governo grego vá apresentar uma proposta.
O governo grego, através do seu porta-voz, já reagiu às afirmações de Schäuble. “Quem é irresponsável e quem é responsável é subjetivo”. “Eu também posso dizer que o comportamento da Alemanha é irresponsável, mas não pretendo entrar numa troca de acusações”, afirmou Gavriil Sakellaridis ao Parapolitika.
Os ministros das Finanças da zona euro reúnem-se esta segunda-feira em Bruxelas.
Este encontro do Eurogrupo, o segundo no espaço de seis dias - depois da reunião extraordinária da passada quarta-feira que serviu para o novo ministro grego, Yanis Varoufakis, apresentar as ideias do recém-formado Governo aos seus homólogos da zona euro.
O anterior encontro do Eurogrupo e a cimeira de líderes da última quinta-feira serviram essencialmente para Varoufakis e o novo primeiro-ministro, Alexis Tsipras, apresentarem as suas posições, deixando claro que rejeitam o programa da troika ainda em curso.
As autoridades gregas aceitaram no final da passada semana discutir questões técnicas com as instituições que compõem a troika - Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional -, trabalho que prosseguiu ao longo do fim de semana.
Atenas pretende um acordo de transição para um novo programa, comprometendo-se com reformas distintas das exigidas pela troika, e reclama uma renegociação do pagamento da dívida, mas, do outro lado, vários Estados-membros, com a Alemanha à cabeça, têm-se manifestado inflexíveis quanto à necessidade de a Grécia prosseguir com as políticas de austeridade.
O atual programa da troika grego expira a 28 de fevereiro.