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Humberto Delgado – obviamente assassinado por ordem de Salazar
Jamais um assassinato, com tão grandes repercussões políticas, seria efetuado sem a concordância de Salazar.
Em 12 de Fevereiro de 1965, os elementos da brigada da PIDE rumaram a Espanha, em duas viaturas, atravessando a fronteira, na manhã de 13 de Fevereiro, e dirigiram-se a Badajoz, acompanhados do chefe do posto fronteiriço dessa polícia, António Semedo. Convencido de que iria reunir com os seus correligionários políticos, Delgado encontrou-se, ao meio-dia, na zona da Estação dos Caminhos-de-Ferro de Badajoz, com “Eduardo de Castro Sousa” (o inspetor Lopes Ramos), que o levou a ele e a Arajaryr Campos (secretária do General), para um local, onde a pretensa reunião estaria aprazada.
Chegados junto à ribeira de Olivença, em Los Almerines, cerca das 15 horas, Ernesto Lopes Ramos terá parado o seu automóvel, a cerca de dez metros da outra viatura, onde estava António Rosa Casaco, indicado como um coronel que seria pretensamente correligionário político de Delgado. Na sequência desta falsa indicação, este terá saído do veículo e, ao mesmo tempo que Rosa Casaco se dirigia ao encontro do general, o chefe de brigada Casimiro Monteiro ganhou a dianteira, junto de Delgado, que se terá apercebido de que se tratava de uma armadilha da PIDE.
O que se passou a seguir está envolto em polémica.
Já depois da Revolução de 25 de Abril, de 1978 a 1981 decorreu o julgamento dos assassinos de Humberto Delgado. Os juízes acharam convincente - e conveniente - a tese de que a brigada da PIDE tinha ido a Badajoz apenas para "raptar" Humberto Delgado, e não para o matar. Ignorando deliberadamente as perícias espanholas, consideraram que o homicídio, às mãos de Casimiro Monteiro (elemento da brigada de Rosa Casaco), foi uma derrapagem aos planos estabelecidos. O processo judicial inocentou a hierarquia superior da PIDE e Salazar. O culpado era o autor material do crime, Casimiro Monteiro (que convenientemente se encontrava em parte incerta e nunca foi preso).
Em 1982, o jornalista Manuel Geraldo publicou o livro “A Segunda Morte do General Delgado”, para denunciar o julgamento de Santa Clara, onde todos os réus foram ilibados à exceção do autor material do homicídio, Casimiro Monteiro. A tese do tiro de pistola do incontrolado Casimiro Monteiro começava a ser desmontada.
Mas foi a investigação de Frederico Delgado Rosa, neto do General, publicada no livro “Humberto Delgado: biografia do general sem medo” em 2008, que deu uma contribuição decisiva para esclarecer a questão. Humberto Delgado não foi morto a tiro mas sim brutalmente espancado até à morte. O assassinato não foi um impulso homicida repentino associado a um disparo, em que os outros elementos da brigada já não podiam fazer nada. A morte não foi imediata nem repentina, mas um processo muito violento, com uma extensão no tempo, em que os outros elementos da brigada não fizeram nada para o impedir porque tinham ordem para o matar. Todos estavam implicados, nomeadamente o famigerado Rosa Casaco, que foi ilibado pela Justiça, e por aí subindo na hierarquia toda até chegar à figura de Salazar.
Comments
Obviamente é apenas uma ideia
Obviamente é apenas uma ideia, bastante forçada por sinal...
Pois faz de Salazar aquilo que ele nunca foi. Porquê mandar assassinar Delgado quando o mesmo já não representava perigo algum, nem apoios reunia?! Porque razão Salazar ia cometer a completa estupidez de mandar matar aquele que era a nível internacional a figura mais mediática da oposição ao regime? Ainda para mais em plena pressão internacional pela questão do ultramar?
O trabalho desenvolvido Frederico Delgado tem apenas em consideração a posição das autoridades espanholas que foram injustamente arrastadas para o caso. Espanha já tinha os seus próprios problemas internos e externos, obviamente não queria ser arrastada para mais um caso internacional. Acaso acha possível que Delgado e sua secretária andassem pela pacatez da Extremadura sem serem obviamente identificados pela política espanhola? E com carros da PIDE a passar a fronteira não acha que as autoridades espanholas iam ficar ainda mais intrigadas? Quer escrever um artigo sério sobre o assunto? Questione-se sobre as implicações do PCP e do bando de Argel no caso. Questione-se sobre o silêncio de Álvaro Cunhal sobre o assunto. Questione-se sobre quem tinha mais a ganhar com a "eliminação física" do general. Questione-se porque há tanta certeza por parte de quem lá estava, que o general esteve em Portugal e muito provavelmente foi assassinado em Portugal mais precisamente numa herdade entre a Granja e Mourão.
Cordialmente
Comentário repete Salazar
Comentário repete Salazar
A fantasiosa ideia de acusar a oposição da morte de Delgado, foi a resposta de Salazar no discurso hipócrita que proferiu após o assassinato de Delgado. Se os próprios agentes e diretores da PIDE reconheceram a ação da polícia política no crime no julgamento de 1981 (embora atirando as culpas para o PIDE Casimiro Monteiro), temos agora um "comentador" que copia o discurso de Salazar e diz que foram os comunistas. Obviamente que Salazar aprovou a Operação Outono, sabendo que poderia ir até à morte de Delgado. O que correu mal foi a incompetência da PIDE e a atuação dos espanhóis que colocaram a nu a verdade...
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