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Bloco questiona MAI sobre violência policial na Cova da Moura

Os cinco jovens espancados na esquadra da PSP de Alfragide apresentaram queixa por tortura antes de serem ouvidos e libertados pelo juiz este sábado. Governo mantém silêncio sobre o caso.
À saída do Tribunal, os jovens da Cova da Moura mostraram aos jornalistas as marcas da tortura sofrida na esquadra da PSP.

Entre as vítimas de tortura na esquadra da PSP estão animadores de projetos sociais da Associação Moínho da Juventude, premiada pelo seu trabalho em prol dos Direitos Humanos pelo parlamento português. Quando se apresentaram na esquadra para obterem informações sobre o paradeiro de um cidadão com deficiência motora no bairro da Cova da Moura, detido com violência pela PSP - que chegou a atingir com balas de borracha uma moradora que testemunhou o incidente à janela de casa - foram detidos e espancados pelos agentes.

As marcas das agressões violentas eram bem visíveis à saída do tribunal de Sintra, onde os aguardavam vários jornalistas. Apesar de alguma imprensa ter começado por relatar o caso recorrendo apenas à fonte policial, que dizia tratar-se de um gangue que tentou invadir a esquadra, a realidade do que se passou foi bem diferente. Apesar do Ministério Público acompanhar a versão policial e pedir a prisão preventiva dos jovens, o juiz optou por libertá-los com a medida de coação mais leve, a de termo de identidade e residência.

Na sexta-feira, o Bloco de Esquerda questionou a ministra da Administração Interna sobre “atuação desproporcionada e inaceitável daquela força de segurança” e defende que “o resultado desta ida à esquadra merece também uma avaliação precisa: os que assistiram falam em agressões por agentes e novamente do recurso a balas de borracha e novas detenções. Finalmente, os cidadãos foram para o hospital Amadora-Sintra, muito maltratados”.
 
Para a deputada Cecília Honório, o Ministério da Administração Interna deve abrir de imediato um inquérito para “averiguar as situações descritas que indiciam uso desproporcionado da força por parte da PSP” e tomar medidas urgentes “de forma a prevenir actuações policiais desta natureza”, a que os habitantes do bairro assistem com frequência. Até agora, ninguém do governo se pronunciou sobre o que aparenta ser mais um caso de violência racista por parte de agentes da PSP.

“A polícia entra no bairro sempre com uma atitude de quase provocação”, criticou Mamadou Ba, da associação SOS Racismo, que acompanhou a situação e testemunhou que os jovens espancados “estavam muitíssimo maltratados” quando foram assistidos no hospital Amadora Sintra. Também Rui Estrela, da Plataforma Gueto, contrariou a versão policial em declarações à RTP junto ao tribunal onde os jovens foram ouvidos e acusados de coação e desobediência. ”A atitude da polícia neste bairro e em outros bairros deste país é uma atitude provocatória”, explicou o ativista.

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