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“Governo desqualifica transportes públicos, tornando-os num negócio mais apetecível para os privados”
Após uma viagem de comboio entre Cascais e o Cais do Sodré, em Lisboa, Catarina Martins deu a conhecer aos jornalistas as queixas que ouviu dos passageiros sobre o preço dos bilhetes, as condições do serviço prestado e a redução dos horários.
"O que as pessoas nos dizem é que estamos a andar vinte anos para trás, tanto no tempo em que demora o percurso, como na regularidade dos comboios. Há vinte anos era mais fácil fazer esta linha, vir para Lisboa trabalhar e voltar para casa", adiantou a dirigente bloquista.
Segundo a porta-voz do Bloco, a recente supressão de 47 comboios diários nesta linha ou a ausência de renovação de carruagens e equipamentos tem como objetivo diminuir os custos para privatizar CP, seguindo a "lógica de vender o país".
"Sabemos que não há nenhum mecenas privado que vá investir em transportes públicos porque quer apoiar a população portuguesa. Há uma degradação dos transportes que já se está a ver com a lotação extrema das carruagens e dos transportes em geral nas horas de ponta, há muito menos opções, e portanto as pessoas deixam até de contar com o transporte público como opção viável para as suas vidas", frisou.
"Aquilo a que assistimos hoje é a uma desqualificação dos transportes públicos para os tornar um negócio mais apetecível para os privados", acrescentou ainda Catarina Martins.
A iniciativa, que contou também com a participação do líder parlamentar Pedro Filipe Soares e da deputada Mariana Mortágua, incluiu ainda uma viagem de barco entre o Cais do Sodré e Cacilhas, durante a qual os bloquistas recolheram assinaturas para a petição pela desvinculação de Portugal do Tratado Orçamental.
Durante a manhã, foram apresentados dois projetos de resolução para travar a privatização dos transportes fluviais no Tejo e criar um plano de investimento urgente na linha ferroviária de Cascais para reverter "a contínua degradação do serviço público".
A privatização "obviamente" não vai melhorar o serviço prestado
Numa curta paragem em Cacilhas, a deputada Mariana Mortágua referiu que as linhas fluviais que ligam Lisboa à margem sul "perderam um em cada cinco dos seus passageiros", ao mesmo tempo "que os preços aumentaram em média 10%, entre 2011 e 2014, numa altura em que há mais desemprego, em que os salários estão a descer".
"O Bloco quer defender os transportes públicos, baixar o seu preço, aumentar a sua qualidade, o que não é mau para as contas públicas, bem pelo contrário, é bom, aumenta o número de passageiros, aumenta a qualidade ambiental, aumenta a qualidade de vida desta gente", sublinhou.
A dirigente bloquista observou que a redução de oferta de transportes leva muitas pessoas "a optarem pelo automóvel, sobrecarregando a cidade de Lisboa com mais poluição", e defendeu que a privatização "obviamente" não vai melhorar o serviço prestado.
"Todo o processo a que temos assistido de aumento dos preços e diminuição da qualidade tem como único objetivo que estes transportes deem lucro operacional, porque a parte financeira, que é aquela que gere os problemas da dívida, ficará sempre para o Estado (…) os contribuintes pagam a dívida através dos seus impostos e todos os utilizadores pagam mais preço, que fica para o lucro dos privados", concluiu.
A ação que teve lugar esta terça-feira em Lisboa e na margem do sul do Tejo insere-se na semana “Bloco em movimento pelo transporte público”, organizada pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda entre os dias 3 e 12 de fevereiro.
No dia 10, terça-feira, será promovida uma audição pública intitulada “Parar a destruição da oferta pública de transportes”. A iniciativa terá lugar no auditório do edifício novo da Assembleia da República, com início às 10h. A entrada é livre.
Comments
Cara Catarina,
Cara Catarina,
Aplaudo a iniciativa a favor dos transportes públicos, mas é preciso ver os dois lados da questão. Já alguma viu a folha salarial dos funcionários do Metropolitano de Lisboa ou da CP? Se os portugueses soubessem a realidade destas empresas, obrigariam qualquer governo a fechar ambas. Problemas - Má gestão, gestores e trabalhadores que ganham muito acima da média do país, pouca produtividade, greves em excesso, etc. Podia continuar a desfilar o meu rosário, mas não vale a pena. Para terminar, lanço um pequeno desafio relacionado com a falta de coordenação dos transportes públicos. CP - Um cidadão que parte de uma qualquer estação da linha da Azambuja com destino à linha de Sintra tem de sair em Sete Rios para mudar de comboio. Até aqui, tudo bem. Agora há uma coisa que não se compreende. O comboio da Linha da Azambuja chega às 23.29 a Sete Rios e o comboio da Linha de Sintra passou por Sete Rios às 23:26, ou seja, o cidadão tem de esperar pelo comboio seguinte porque a CP não coordena os horários e obriga centenas de cidadãos que saem do trabalho a esperar 30 minutos pelo comboio seguinte. Isto também é um problema que afeta milhares de cidadãos, mas não o vejo discutir. Apenas os direitos de trabalhadores demasiado bem pagos para o pouco trabalho que fazem.
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