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Carta aos e às portuguesas que já gostam do Syriza
Em Portugal, como nos outros países, estamos a receber uma permanente avalanche de informação sobre o Syriza, o programa do Syriza, os ministros do Syriza, sobre as medidas e as posições do novo governo. A atenção do público normalmente pouco interessado por este tipo de assuntos está a ser ganha e isso é já altamente positivo e de enorme relevância. Mas há algo de mais profundo nesse aumento exponencial da quantidade de informação e de debates sobre a Grécia.
Mais importante é a possibilidade de assistirmos a uma alteração qualitativa na perceção que o povo português até hoje tem tido sobre o que é a esquerda e o que pode ser um governo de esquerda.
Porque falar-se nos órgãos de comunicação de grande audiência de cada uma das sucessivas medidas muito concretas que vão sendo aplicadas pelo novo governo vai ter mais impacto do que poderá ter tido falar-se mil vezes das propostas exatamente iguais a essas medidas que têm sido apresentadas há anos pelas forças da esquerda do nosso país.
Que efeito poderá ter no público mais vasto esta demonstração prática de que afinal é possível fazer diferente ou fazer o oposto daquilo que tem vindo a ser feito por cá e que nos foi sempre apresentado como uma inevitabilidade sem alternativa? De ver que é possível confrontar os arrogantes poderes europeus e dos mercados, de assistir à transformação da forma como estes vão reagindo ao confronto?
Assistir diariamente ao funcionamento na prática desta política alternativa pode vir a criar um ambiente político totalmente novo no nosso país. Temos de ter plena consciência de que no dia 25 de Janeiro a Europa entrou num novo ciclo político. O combate da esquerda também. O centro das atenções deslocou-se para um terreno que nos é muito mais favorável.
Esta oportunidade verdadeiramente histórica traz consigo uma nova e imensa responsabilidade para todos os e as portuguesas que hoje já gostam do Syriza e que desejam uma transformação profunda e progressista da política portuguesa.
Seria um erro grosseiro não entender esta mudança de fase e continuar a fazer política como antes. Num momento em que se espera que o campo dos portugueses que simpatizam com o governo Syriza ganhe todos os dias mais e mais adeptos, seria trágico começar a fazer ataques e disputas mesquinhas contra quem chega, em nome de uma pretensa superioridade moral e política de quem sempre cá esteve. Essa é a receita do velho sectarismo dos pequenos grupos que nunca conseguiram mudar nada na vida concreta do povo que juram defender.
Porque o campo dos simpatizantes de uma solução à Syriza para Portugal pode começar a ser potencialmente um campo maioritário. Para isso terá de conquistar o coração e a vontade de milhões de pessoas que sempre estiveram do outro lado, que sempre se opuseram ou pelo menos desprezaram este tipo de política.
Essa mudança massiva de campo é que pode determinar a nova correlação de forças. Receber à pedrada, com desprezo ou com arrogância quem hesitantemente se for agora chegando a nós, seria o melhor serviço prestado a quem tem como objectivo acantonar a esquerda num pequeno e inútil reduto de coerentes fanáticos. Não lhes podemos dar essa prenda.
Se, em Portugal, houver pessoas, movimentos e partidos muito diferentes a apoiar as medidas do governo Syriza na Grécia, isso quer dizer que haverá pessoas, movimentos e partidos muito diferentes que podem apoiar um governo que faça essa política em Portugal.
Se em Portugal se gerar uma simpatia popular maioritária pelas medidas do governo grego, isso quer dizer que há uma base maioritária possível para apoio a um governo que promova o mesmo tipo de medidas em Portugal.
Essa é hoje a enorme responsabilidade dos e das portuguesas que já gostam do Syriza: aproveitar esta enorme janela de oportunidade para enfim transformarmos o nosso país.
Vivemos um precioso e entusiasmante momento político como não nos era dado viver há várias décadas. Saberemos nós elevar o patamar da nossa intervenção para estarmos à altura deste momento?
Artigo publicado a 28 de Janeiro de 2015 no blogue renatosoeiro.blogspot.pt
Comments
Há um "Syriza sociológico",
Há um "Syriza sociológico", eventualmente maioritário, em Portugal e noutros países europeus. Em França, Marine Le Pen já se está a posicionar para recolher os seus votos. As esquerdas têm que disputar este bloco contra as direitas socialistas e não umas contra as outras.
Portugal precisa se mobilizar
Portugal precisa se mobilizar contra a Troika e a austeridade que está a varrer nosso país. O Juntos Podemos, movimento cidadão que nasceu em dezembro do ano que passou, representa uma guinada rumo a união de todos aqueles que se indignam, não se calam e representam uma nova política participativa dos portugues.
Viva o Syriza!
Viva o Juntos Podemos!
Por um governo dos trabalhadores!
Renato, deus o oica , se a
Renato, deus o oica , se a sus opiniao, que Eu partilho, fosse a do bloco, muita gente continuaría a apoiar bloco, mas basta ler alguns artigos aqui para reparar que o espirito sectário abunda, quando se quer unir se procura os pontos de contacto, não se desqualifica a diferença de opinião, o que nos divide neste momento e como lidarmos com as alianças necessárias para implementar um programa contra a austeridade, em Portugal o Pasok local não esta a ser esvaziado eleitoralmente, mesmo tendo uma posição muito ambígua sobre o tratado orçamental e esticar os argumentos de compressão das disponibilidades de renegociar as dívida. Procurar convergir mesmo quando não existe certeza sobre o que temos pela frente. Os portugueses em geral estão cansados da casta politica, o desgoverno, a corrupção, mas não olham para a esquerda como solução, mas não tem para escolher uma solução credível, cabe a nos faze-lo, com seriedade, rigor, abertura, generosidade, debatendo com as pessoas, somos todos gregos pode ser um bom começo, abraço
Eu, como qualquer português,
Eu, como qualquer português, sonha todos os dias com um Portugal sem crise, sem Troika e sem austeridade. Como jovem, recém licenciado em Engenharia deparei-me com um país sem oportunidades especialmente para os mais jovens o que me obrigou a ter de emigrar, viver numa cultura diferente e estar longe da família. Por isso não deve existir ninguém com mais interesse na recuperação de Portugal do que eu. Contudo, quando vejo as propostas apresentadas pelas politicas do Syriza fico assustado e não consigo ver aplicabilidade nelas. Se o problema da Grécia, tal como de Portugal e dos países do sul da Europa, era uma politica que incentivava ao consumo em vez de incentivar a inovação e a produção, não consigo de todo entender como voltar ao mesmo sistema vai resolver a nossa situação. Na minha opinião vai mesmo é piorar a já muito frágil situação que já temos. Claro que as politicas do Syriza são bastante populares, mas não me parecem que seja realistas, e acho que o tempo irá mostrar isso.
Na minha opinião a solução passa por seguir o caminho em que estamos, de forma a acabar com o défice e mudarmos a mentalidade de consumistas para produtores. Tal como para se governar uma casa, temos de gastar menos do que recebemos, caso contrário a dívida vai continuar a aumentar até já não conseguir-mos pagar, e os credores ficarem-nos com a casa.
"SOMOS PORTUGAL" - SP
"SOMOS PORTUGAL" - SP
Nem "juntos", nem "podemos"
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