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Açores: Fim de um tabu! ou ainda não?

Os Açores têm de estar unidos para serem fortes, pois, pelas primeiras impressões, os nossos governantes nacionais e putativos têm outros interesses. Por isso, têm de ser obrigados a olhar pelo seu povo.

Na passada semana, o Governo Regional apresentou um plano de revitalização económica para a ilha Terceira, em resposta aos impactos negativos (quer sociais, quer económicos) do anunciado despedimento massivo, bem como das consequências indiretas provocadas pelas decisões da administração norte-americana.

Não cabe, hoje, discutir se o plano foi feito no último mês, ou durante o último ano. O que interessa é que o plano coloca, no sítio certo, as responsabilidades de cada interveniente, no assunto.

Cabe aos Estados Unidos, em primeiro lugar, a assunção das responsabilidades pelo desastre que provocou. Cabe, em segundo lugar, ao Governo da República, a assunção das responsabilidades, desde logo, por o dossier ‘Lajes’ ser prorrogativa exclusiva sua, depois, por ser cúmplice com a política dos Estados Unidos e, ainda, por nunca ter posto os interesses dos Açores e do País acima dos interesses do “Amo Todo-Poderoso”.

Uma palavra também, para as responsabilidades das forças políticas regionais, a par da elite económica da Região, que nunca puseram os Açores e os seus trabalhadores em primeiro lugar, mas antes a submissão e proteção de um ‘Amo’, o alfa e ómega das suas preocupações, mesmo quando alguém - como eu, mas não só -, há mais de uma dezena de anos vem exigindo outro rumo.

Apoio as linhas gerais do referido plano. Hoje, a defesa dos Açores é o centro, que nos deve unir a todos/as, na exigência da Região ser completamente ressarcida.

Este combate vai ser duro. É só ver as reações dos vários ministros da República (com o Primeiro-Ministro à cabeça), os quais, ou fogem do problema, ou tentam desvalorizá-lo, ou ensaiam desculpas, em favor do prevaricador.

Açorianos/as, está na hora de pôr os interesses dos Açores (e não os da elite açoriana) em primeiro lugar! O silêncio do PSD e CDS regionais, sobre a vergonhosa atuação (até hoje) dos seus ministros, na República, não augura nada de bom.

Mas também foi interessante ouvir a melodiosa posição de António Costa, em contraste com a voz grossa com que costuma intervir em público. Este ‘verniz’ de Costa, possivelmente, influenciou a tomada de posição de Carlos César que, nas suas múltiplas declarações, nunca conseguiu falar das imensas responsabilidades americanas, neste processo. Será que a ‘contaminação’ do Terreiro do Paço já se faz sentir?!

Os Açores têm de estar unidos para serem fortes, pois, pelas primeiras impressões, os nossos governantes nacionais e putativos têm outros interesses. Por isso, têm de ser obrigados a olhar pelo seu povo.

Caro Presidente do Governo Regional, acompanho a sua indignação, manifestada em várias declarações públicas. O sentimento de traição que exprimiu é partilhado, estou certa, pela maioria dos/as Açorianos/as e, em particular, pela população da Praia da Vitória e ilha Terceira.

Acompanho o Governo Regional, na defesa dos interesses - imediatos e futuros – dos/as Terceirenses e dos Açores.

Hoje, esta batalha é crucial. Mas não podemos deixar de pensar o futuro. Não é possível continuar a ver os Açores, como uma posição estratégica para a guerra, ao invés de o ser para a economia e o desenvolvimento. E ninguém vai investir, num local onde, amanhã ou depois, tudo se organiza para fazer uma guerra.

Pôr fim à aventura militarista é a exigência para o nosso futuro coletivo!

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Deputada à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, entre 2008 e 2018.
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