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Direita e extremismo islâmico… a mesma luta

O atentado de Paris é um presente para as Marine Le Pen e os Sarkozy deste mundo. Como dizia um dos desenhos do Charlie Hebdo, Maomé deve achar que é duro ter tantos estúpidos a afirmarem-se como seus adeptos…

Há muito que o “Ocidente” nos bombardeia com o combate ao terrorismo islâmico. Porém, se formos ao fundo da questão vemos outra realidade. Bin Laden (antes de ser o inimigo nº1) foi o homem dos americanos no Afeganistão, armado e financiado na guerra contra a URSS. Membro da elite da Arábia Saudita, a sua família teve amplos interesses económicos nos EUA.

Após o 11 de setembro, executado por um grupo terrorista, saudita em grande maioria e com alguns egípcios, a decisão americana foi obviamente…atacar o Iraque de Saddam Hussein (que nada teve a ver com o 11 de setembro).

O “Ocidente” regressou ao espírito das cruzadas medievais. No Medio Oriente passou a haver ditadores maus, Sadam no Iraque, Hassad na Síria, Kadhafi na Líbia (que foi sucessivamente mau, bom e finalmente mau) e ditadores bons, na Arábia Saudita, Dubai, Emiratos, Egipto.

Contra os maus foram declaradas sucessivas guerras que se revelaram fundamentais para atear o islamismo radical.

No Iraque foi o triste espetáculo iniciado nos Açores, com Durão Barroso de toalha no braço, a servir os cafés aos senhores do mundo. A guerra destruiu um estado e abriu caminho para o atual poder do “Estado Islâmico”.

Na Líbia e na Síria, os islamistas radicais ao lado do “Ocidente”, destruíram dois estados e instauraram o caos. Os jovens recrutados na Europa pelos extremistas islâmicos para lutarem na Síria, iam lutar ao lado do “Ocidente” contra o regime de Hassad. Agora são o inimigo público número um.

O caos que a intervenção do “Ocidente” provocou nestes países, teve outra consequência. Levar à emigração em massa, proporcionar os grandes negócios que trazem emigrantes pelo Mediterrâneo até ao sul da Europa. Aí está outra arma fundamental da direita e extrema-direita europeia. Por um lado, a intervenção militar ocidental desagrega estados levando à emigração em massa. Isso dá consistência à utilização do racismo e da xenofobia como arma política (Samaras usa descaradamente o tema na Grécia contra o Syriza). Porque será que os vastos poderes militares ocidentais não são usados para desmantelar as redes de tráfico de emigrantes no Mediterrâneo?

Em Paris, este fascismo disfarçado de islamismo, mata jornalistas de conhecidas tendências libertárias e de esquerda (e até um agente de polícia muçulmano). Por uns dias o poder vai fingir estar horrorizado… mas as políticas internas e externas que favorecem o islamismo radical vão continuar a ser seguidas…

Sobre o/a autor(a)

Professor e historiador.
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