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Bloco vai propor medidas para atacar “desmandos da banca”

O inquérito ao BES e a desobediência crescente no Sul da Europa à austeridade de Merkel foram os pontos fortes dos discursos de Catarina Martins e Marisa Matias num jantar com militantes bloquistas em Coimbra.
Foto Paulete Matos.

Catarina Martins anunciou esta segunda-feira que o Bloco irá começar o ano de 2015 com a apresentação de propostas dirigidas ao sistema financeiro. “Atacar a corrupção em Portugal é atacar este desmando financeiro que faz a sangria do país”, defendeu a porta-voz do Bloco, elencando alguns dos temas em que irão incidir essas “medidas concretas”: separação clara entre a banca comercial e a banca de investimento, proteção do dinheiro dos contribuintes dos desmandos da banca, e transparência.

“Temos de saber o que aconteceu, por onde circula o dinheiro e quem é responsável”, prosseguiu Catarina Martins, recordando a passagem de vários responsáveis pelo colapso do Grupo Espírito Santo nas audições da Comissão de Inquérito nas últimas semanas: “Um não viu, o outro não sabia, o terceiro diz que afinal era com o do lado e há um ainda que nem sequer cá estava. Ninguém teve nada a ver com o que aconteceu com o BES”, resumiu Catarina Martins. "Mas o que nós sabemos é que há 4.900 milhões de dívida pública que já foram comprometidos" no resgate do banco onde ninguém sabia de nada.

“Em seis anos, seis bancos foram direta ou indiretamente intervencionados pelo Estado. Esta promiscuidade permanente faz com que os Governos paguem sempre os desmandos da banca”, sublinhou a porta-voz do Bloco.

Mudar a legislação para proteger os contribuintes é ainda mais importante por estarmos em presença de uma sucessão de “casos isolados”: “Em seis anos, seis bancos foram direta ou indiretamente intervencionados pelo Estado. Esta promiscuidade permanente faz com que os Governos paguem sempre os desmandos da banca”, sublinhou a porta-voz do Bloco.

Na sua intervenção, Catarina Martins voltou a recusar a privatização da TAP e defendeu que “os setores estratégicos têm de ser públicos” e controlados por quem vive em Portugal. “2015 é o ano para decidir e escolher” e o Bloco continuará a apresentar a restruturação da dívida como uma das suas principais bandeiras, já que “a chantagem da dívida tem vindo a matar a democracia em Portugal”, aumentando a exclusão e a emigração e enfraquecendo os serviços públicos.

Marisa Matias: “Cavaco Silva é o vice-primeiro ministro”

A eurodeputada Marisa Matias também interveio no jantar de militantes bloquistas em Coimbra e reagiu às palavras do presidente da República, que voltou a reafirmar o seu compromisso com o Governo.

Para Marisa Matias, não houve novidade nas palavras de Cavaco Silva, uma vez que “há três anos que temos um vice-primeiro ministro e não um Presidente da República”. A eurodeputada destacou também “a vergonha do arquivamento do processo dos submarinos", um caso em que houve "corrupção provada noutros países" enquanto em Portugal "aqueles que receberam milhões viram o seu nome arquivado".

“Se houver uma mudança na Grécia, algo vai mudar na Europa”, prevê a deputada, antecipando a provável realização de eleições antecipadas nos próximos dois meses. "O ano de 2015 tem tudo para trazer a esperança e a capacidade de se sentir que algo pode mudar", concluiu Marisa Matias.

A situação política europeia e em particular nos países do Sul foi o tema de destaque da intervenção de Marisa Matias, chamando a atenção para o crescimento do apoio ao Syriza na Grécia e ao Podemos em Espanha. Para a eurodeputada, isso vem provar que “há uma coisa que se sobrepõe à chantagem e à vigilância sobre as economias dos países do Sul: é a solidariedade”.

“Se houver uma mudança na Grécia, algo vai mudar na Europa”, prevê a deputada, antecipando a provável realização de eleições antecipadas nos próximos dois meses. "O ano de 2015 tem tudo para trazer a esperança e a capacidade de se sentir que algo pode mudar", concluiu Marisa Matias.

 

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