Numa conferência em Genebra, António Guterres revelou esta quarta-feira os números trágicos das mortes de migrantes no Mediterrâneo, que atingiram o seu recorde em 2014: 3.419 pessoas morreram durante a travessia, número que corresponde à grande maioria das mortes de migrantes em barcos em todo o planeta, que foi estimada em 4.272 pessoas.
"Não se pode impedir uma pessoa que está a fugir para salvar a vida através da dissuasão", avisou Guterres, numa altura em que a Itália cancelou a operação "Mare Nostrum", de resgate e salvamento no Mediterrâneo, por falta de apoio dos países europeus.
O Alto Comissário da ONU para os Refugiados afirmou que mais de 207 mil pessoas atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro deste ano, quase o triplo do anterior recorde registado pela ONU em 2011, durante a guerra civil líbia. A maioria dos migrantes partiu justamente da Líbia, tentando chegar à costa italiana ou maltesa, em busca de trabalho ou de asilo. Quase um terço dos refugiados - 60 mil - eram provenientes da Síria e um sexto - 34.5 mil - da Eritreia, duas regiões marcadas por conflitos armados.
"Não se pode impedir uma pessoa que está a fugir para salvar a vida através da dissuasão", avisou Guterres, numa altura em que a Itália cancelou a operação "Mare Nostrum", de resgate e salvamento no Mediterrâneo, por falta de apoio dos países europeus.
"A gestão da segurança e da imigração são preocupações de todos os países, mas as políticas devem ser desenhadas de forma a que as vidas humanas não acabem por ser os danos colaterais", acrescentou o Alto Comissário da ONU para os Refugiados.