Carlos Vieira

Carlos Vieira

Ativista associativo na defesa dos Direitos Humanos. Militante do Bloco de Esquerda. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990

O centro político enreda-se com a direita neste sistema rotativista que promove o compadrio e a corrupção e, assim, vai abrindo espaço ao populismo da extrema-direita. Podiam aprender com o que se passa no Brasil.

Contra esta irresponsabilidade dos líderes mundiais, previsível numa cimeira em que participaram mais de 600 lobistas (grupos de interesse) de combustíveis fósseis, os jovens mobilizaram-se e manifestaram-se em cidades por todo o mundo.

Não, não estou louco, nem sou alarmista ou pessimista. Pelo contrário, sou optimista e acredito que ainda poderemos ir a tempo de inverter o rumo da Humanidade na direcção vertiginosa para o abismo.

Foi à NATO que decidiram aderir os governos da Suécia e da Finlândia, agitando o medo de uma possível invasão russa, na sequência da invasão da Ucrânia, pondo fim a décadas de neutralidade, e cedendo vergonhosamente às exigências para a retirada do veto a estas adesões por parte da Turquia.

Falta cumprir a Igualdade num país com imensas desigualdades sociais e territoriais, onde um governo que se diz “socialista” insiste em não repôr os direitos laborais retirados pela Troika e pelos governos de direita.

Há que conseguir um imediato cessar-fogo na Ucrânia, a continuação das negociações no sentido da retirada das forças russas, a neutralidade da Ucrânia e o reconhecimento do direito de todos os povos à auto-determinação.

Se muitos eleitores de esquerda não se tivessem deixado iludir pelas sondagens e pelo “empate técnico” amplificado pelos “media”, o PS teria ganho sem maioria absoluta e provavelmente teria de voltar a negociar, a contragosto, com os partidos de esquerda.

Não foi só por ser um símbolo do 25 de Abril que a direita ainda não parou de enlamear a memória de Otelo. Foi também porque foi símbolo do “25 de Abril do Povo” que acreditou no Poder Popular cantado por Zeca Afonso, José Mário Branco, Fausto, Sérgio Godinho e outros.

Já é tempo de retirarmos a cabeça da areia. Não foi para glorificar os crimes da guerra colonial que se fez o 25 de Abril! E quanto ao racismo, estrutural na sociedade portuguesa, já é tempo de fazer cumprir a Constituição de Abril!

Joana Craveiro montou, no Teatro Viriato, “um estaleiro em construção” de memórias da ditadura e da revolução. Artigo de Carlos Vieira