“A PT nunca deveria ter sido privatizada”

05 de December 2014 - 17:24

A deputada Mariana Mortágua denuncia a sucessão de más decisões que destruíram uma empresa essencial para o país. Bloco de Esquerda defende o controlo público da Portugal Telecom, para acabar coma subserviência aos mercados financeiros.

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Mariana Mortágua: “Chega de tanta subserviência aos mercados financeiros".
Mariana Mortágua: “Chega de tanta subserviência aos mercados financeiros".

Durante um debate na Assembleia da República sobre a Portugal Telecom, a deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, defendeu o controlo público sobre a empresa como forma de a salvar do desmembramento e da destruição.

A deputada do Bloco recordou que a Portugal Telecom é estratégica, devido aos milhares de trabalhadores que lá trabalham, das infraestruturas que gere e que são essenciais para a soberania do país, e ao seu papel no investimento e na investigação. Uma investigação que, recorda, “foi feitq, na sua maioria, com investimentos públicos, quando a empresa ainda era pública, com parcerias com universidades públicas”.

Descapitalização pela distribuição de dividendos

“E por isso, por ser estratégica, nunca deveria ter sido privatizada”, afirmou a economista. “Uma vez privatizada, nunca deveria ter sido descapitalizada para distribuir, desde 2000, 11,5 mil milhões de euros em dividendos aos seus acionistas privados”.

A PT nunca deveria ter sido descapitalizada para distribuir, desde 2000, 11,5 mil milhões de euros em dividendos aos seus acionistas privados.

Mariana Mortágua sublinhou este dado impressionante, tendo em conta que a PT SGPS vale 2 mil milhões e a PT Portugal vale 7 mil milhões. “Distribuíram em 14 anos muito mais do que o valor da empresa em dividendos aos acionistas, entre os quais se incluía o BES”.

Sucessão de erros

“Uma vez descapitalizada”, prosseguiu a deputada, “a PT nunca deveria ter vendido a sua operadora Vivo nem se deveria ter desfeito da sua golden share. Uma vez vendida a Vivo, nunca se deveria ter fundido com a gigante endividada Oi do Brasil. Nunca. Foi uma sucessão de más decisões que tiveram como pecado original a sua privatização e que destruíram esta empresa essencial para o país”.

Mariana Mortágua recordou ainda o investimento desastroso da PT SGPS de 900 milhões na dívida da Rioforte, “a mando de Ricardo Salgado”. Hoje a Oi, que está endividada, quer vender a PT e não se importa se é para a Altice ou se é para outro fundo abutre. “Precisa de vender a nossa empresa estratégica a quem der mais. Pode ser a retalho, pode ser em conjunto, não importa, desde que dê dinheiro”.

Solução é o controlo público

Para o Bloco de Esquerda, só há uma forma de resolver este problema: controlo público. “Dirão certamente os srs. deputados que a proposta que o Bloco de Esquerda aqui traz é uma proposta radical. E nós respondemos: sim é uma proposta radical, que vai à raiz do problema. Mariana Mortágua considerou que há um clamor cada vez mais claro na sociedade portuguesa, na europeia e também em muitos países do mundo: “chega de tanta subserviência aos mercados financeiros. Chega. É de democracia económica que e do futuro soberano deste país que falamos”.

Oi aprova venda à Altice

A operação de venda da PT à Altice foi aprovada por unanimidade, numa reunião do conselho de administração da Oi, quinta-feira à noite no Brasil. A Altice já é dona em Portugal da Cabovisão.

A proposta da Altice deve ser votada em assembleia de acionistas da PT, entre os quais está o Novo Banco. A venda, precisa, ainda, da aprovação da Entidade da Concorrência em Portugal.