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"Governo prefere alugar automotoras a Espanha em vez de utilizar a EMEF"
O setor ferroviário deve ser alvo de uma aposta estratégica em Portugal, seja no transporte de passageiros e de mercadorias, seja na indústria e produção associada ao setor.
Proteger e incentivar a capacidade produtiva do país nesta área é fundamental para aumentar a produção nacional, garantir mais emprego, promover uma melhor mobilidade da população e uma melhoria das infraestruturas ferroviárias.
As vantagens desta aposta são evidentes a todos os níveis: ambiental, económico, social e de coesão territorial.
A Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, SA (EMEF) assume uma posição chave nesta matéria. É possível, a partir desta empresa, aumentar a capacidade produtiva.
Esta é uma empresa que tem conhecimento acumulado, único no nosso país. Esta é a única empresa que pode reparar e fazer a manutenção de automotoras e restante material circulante. Esta é a única empresa que tem centenas de trabalhadores especializados nesta área, com provas dadas de qualidade no seu trabalho, que garantem, também, uma questão fundamental – a segurança dos passageiros.
Para além de assegurar toda a reparação dos comboios da CP, a EMEF realiza trabalhos para outros clientes nacionais e internacionais. É uma empresa exportadora na área de metalomecânica pesada (vagons) e de serviços técnicos pioneiros para a manutenção de veículos ferroviários.
A pergunta tem que ser feita: porquê privatizar uma empresa com estas condições?
O Governo tem seguido uma política de desinvestimento para poder privatizar a preço de saldo. Já conhecemos esta tática…., assim como conhecemos os seus resultados…
O Governo tem preferido alugar automotoras a Espanha em vez de utilizar a EMEF para fazer a modernização das existentes em Portugal. As automotoras alugadas a Espanha são material que a própria Renfe já retirou de circulação. No entanto, o Governo prefere gastar dinheiro a alugar material obsoleto, em vez de investir naquilo que é de todas e de todos nós;
O Governo prefere que o Metro de Lisboa esteja há anos sem sistema de travagem de emergência, em vez de entregar o trabalho à EMEF;
O Governo prefere andar a adiar, há pelo menos dois anos, a Grande Reparação dos Alfa Pendulares em vez de entregar o trabalho à EMEF;
O Governo prefere retirar a manutenção do Metro do Porto à EMEF, provocando pelo menos 60 despedimentos, para oferecer essa manutenção a uma empresa privada que não tem o conhecimento nem a qualidade que a EMEF e que cobrará mais por um pior serviço.
A EMEF é uma empresa necessária e fundamental. Cria emprego, garante produção, é uma peça chave para garantir uma rede ferroviária de qualidade.
A Linha do Oeste tem sofrido supressões diárias de comboios porque algum do material circulante que servia aquela linha teve que ser imobilizado. Na linha de Cascais, o cenário repetir-se-á, uma vez que uma série de composições já não têm condições para circular. Olhamos para a linha do Minho e o cenário é ainda pior: queixas frequentes de utentes sobre a falta de condições dos comboios.
Na linha do Douro e na linha do Minho, são suprimidos comboios, porque não existem composições suficientes para responder aos picos de procura. As composições alugadas a Espanha não são suficientes e torna-se evidente que é necessário proceder à reparação e produção de composições para servir as nossas linhas ferroviárias. Depois de destruída a Sorefame, só a EMEF pode fazer esse trabalho.
Porquê, o desinvestimento feito na EMEF?
- a redução de pessoal necessário ao serviço e a desvalorização do seu know-how;
- política de gestão de stocks da empresa que dificulta a capacidade de resposta a pequenas reparações;
- a crescente externalização de serviços e a liquidação da Unidade de Investigação e Desenvolvimento da EMEF entregue à a uma empresa privada - Nomad.
A EMEF compra agora, aquilo que antes produzia.
Fica bem claro: o Governo quer privatizar a EMEF e dedicou-se nos últimos anos a desvalorizá-la e a retirar-lhe trabalho.
Com a intenção de privatizar a EMEF é uma empresa pública importantíssima que fica em causa: são mais de 1000 postos de trabalho que ficam em causa; é a qualidade do transporte ferroviário que fica em causa; é o interesse nacional que fica em causa.
Os trabalhadores da EMEF têm promovido diversas formas de luta contra a privatização da empresa, ainda ontem saíram à rua e manifestaram-se em Lisboa.
Estão do lado do desenvolvimento, querem uma ferrovia moderna, segura e que sirva as populações do litoral e do interior.
E as populações percebem que o desinvestimento na ferrovia significa menos transporte e mais caro, menos acessibilidade, menos serviço público.
A privatização da EMEF pode e deve ser travada. O Governo, que fica cego quando se trata de privatizar não tem uma única justificação para esta decisão, é mais um passo da sua agenda política e ideológica – destruir o setor público, privatizar, privatizar e privatizar.
Não esperem silêncio!
Nem os trabalhadores, nem as populações se vão conformar com esta decisão.
Contem com oposição!
O Bloco de Esquerda não faltará à chamada para travar mais este ataque ao país, à economia, ao transporte ferroviário e ao serviço público!
Declaração Política na Assembleia da República em 4 de dezembro de 2014
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