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Falar claro, é preciso!

Falar claro, responder aos problemas das pessoas e do país, é preciso! Não há outro caminho, as meias tintas não respondem a esta urgência, antes prolongam o estado comatoso das pessoas e da economia.

No congresso do PS ouvimos o discurso das meias tintas do costume, que a solução está na defesa de um Tratado Orçamental mitigado, que a situação económica implica o adiamento do reconhecimento dos direitos de quem trabalha. Sobre a reestruturação da dívida pública nem uma palavra! Intervenções inflamadas no tom, mas parcas de mudança. Fez-se pisca à esquerda, mas não se mudou de rumo!

Nada foi dito sobre as opções fulcrais que determinam a vida dos de baixo, dos desempregados, dos que assistem ao emagrecimento dos seus salários e reformas, dos jovens a quem foi sonegada a possibilidade de fazer projetos de vida, do futuro das micro e médias empresas. Não se vislumbraram opções que se traduzam em mudanças reais na vida das pessoas!

Assistimos a um discurso perpassado de silêncios e de ambiguidade sobre questões como o Tratado Orçamental, a reestruturação da dívida pública ou a restituição de direitos laborais. A forma muda, mas a essência é a mesma. A liderança de António Costa não traz nada de novo! Com estas opções, o PS continuará a não fazer parte da solução, mas do problema, e a história, certamente, o confirmará.

António Costa não tem o benefício da dúvida. Sabe, certamente, que sem a reestruturação dívida e a recusa do Tratado Orçamental não há condições para romper com a austeridade e pôr fim à degradação das condições de vida dos portugueses e portuguesas e à destruição da economia.

Estar ao lado dos de baixo significa romper com a submissão a políticas que amarram o país ao polvo da finança nacional e internacional, mas, como os líderes sociais–democratas europeus, o Partido Socialista continua a pactuar com os interesses da burguesia rentista!

Não se pode estar, ao mesmo tempo, com gregos e troianos! É preciso um compromisso claro com os espoliados que veem as suas vidas comprometidas no dia a dia, com os que sobem e descem todos os dias as calçadas deste país, sem perspetivas de futuro, com os que têm, dentro de si, a força da luta pela sobrevivência, apesar de despojados do direito a uma vida digna. É esta a responsabilidade histórica de quem afirma colocar-se no espectro da esquerda!

Falar claro, responder aos problemas das pessoas e do país, é preciso! Não há outro caminho, as meias tintas não respondem a esta urgência, antes prolongam o estado comatoso das pessoas e da economia!

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Professora.
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