Esta é a minha última crónica. Na semana passada, o Jornal de Notícias comunicou-me que deixará de ter titulares de cargos públicos como colunistas regulares. Assim, termina hoje a minha presença nesta página, onde escrevi com dedicação quase todas as semanas ao longo dos últimos sete anos.
A política de António Costa - colocar o peso da inflação sobre os ombros de trabalhadores e pensionistas - pode ser chamada de muitas formas. Só não lhe chamem de esquerda, porque não é.
Em vez de promover a atualização de todos os salários, tanto no público como no privado, e de impedir as grandes empresas de lucrarem com o aumento continuado dos preços, o Governo escolheu combater a inflação com um velho truque de Direita: a deflação através da perda de poder de compra da população.
Em breve estaremos confrontados com a mesma escolha [dos anos 1970]: atualizar salários e pensões enquanto se controla os preços e as margens de lucro de setores estratégicos ou, pelo contrário, esmagar salários e pensões para proteger os lucros.
A indústria portuguesa de armamento abasteceu conflitos como os da Etiópia, Afeganistão, República Centro-Africana, Líbia ou Somália, em alguns casos com a venda de "agentes tóxicos químicos ou biológicos, agentes antimotim, materiais radioativos".
Vejo muita gente indignada com o nível dos impostos sobre a energia (eu incluo-me nessa crítica), mas muitos não se atrevem a falar do aumento dos lucros das companhias energéticas.
Levanta-se na Ucrânia, entre quem resiste à invasão, a exigência do cancelamento da dívida externa do país, em particular a parcela pertencente ao FMI. Esta medida não trará a paz, mas é essencial para oferecer a este povo já tão castigado um horizonte de democracia e direitos sociais.
As sanções contra o poder económico da oligarquia russa são essenciais no apoio aos democratas que lutam pelo fim da guerra no interior da Rússia. É esse desgaste do poder de Putin entre os seus fiéis que pode acelerar um recuo do regime e travar a escalada da guerra.
Até 2020, quando iniciou grandes investimentos em comunicação social, o empresário Marco Galinha era um quase desconhecido no panorama empresarial português. A sua associação nos negócios ao oligarca russo Markos Leivikov, aliás seu sogro, é imediatamente anterior. Markos Leivikov financiou o partido de Putin através de uma das suas empresas e deixou na Rússia um rasto de suspeitas de fraudes milionárias. Por Mariana Mortágua.