Orçamento para 2015 é fiel ao guião da troika

25 de November 2014 - 15:20

Documento foi aprovado esta terça-feira em votação final global pela maioria PSD/CDS, com os votos contra de todas as bancadas da oposição e dos quatro deputados do PSD eleitos pela Madeira, e ainda uma abstenção de um deputado do CDS. Para o Bloco de Esquerda, este orçamento mostra que a troika não saiu do país.

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Catarina Martins: “A troika é a subserviência à finança. A troika é o ataque ao país. A troika é este orçamento e este governo”.
Catarina Martins: “A troika é a subserviência à finança. A troika é o ataque ao país. A troika é este orçamento e este governo”.

“A troika não saiu do país”, afirmou Catarina Martins no discurso final do Bloco de Esquerda no debate do Orçamento para 2015 no Parlamento. “O Orçamento para 2015”, esclareceu, “segue à risca o guião dos últimos anos. Mais impostos para todos os cidadãos e nova borla fiscal para os lucros das grandes empresas. A mesma aversão ao investimento, a continuidade dos brutais cortes nos serviços públicos, o enfraquecimento dos direitos de quem trabalha, os salários que não são devolvidos”. Por isso, um ano depois de Paulo Portas se ter congratulado por o Orçamento de 2014 ser supostamenter o último a ser apresentado com a troika no país, esta na verdade, nunca se foi embora: “A troika é a subserviência à finança. A troika é o ataque ao país. A troika é este orçamento e este governo”.

Legado de quatro anos de governo da maioria de direita

A troika é a subserviência à finança. A troika é o ataque ao país. A troika é este orçamento e este governo.

O Orçamento para 2015 é, para o Bloco de Esquerda, “o espelho fiel do legado de quatro anos de governo da maioria de direita”. A maior carga fiscal de sempre, o aumento acentuado da pobreza, a crescente desigualdade social, o desemprego a níveis que não havia há décadas, a precariedade laboral como norma.

“Ninguém, nem mesmo as bancadas da direita que se preparam para aprovar o Orçamento com um entusiástico coro de palmas e palminhas, acredita no quadro económico traçado pela ministra das Finanças”, assegurou Catarina Martins.

Os dados não mentem: em quatro anos, PSD e CDS aumentaram 30% o imposto sobre os rendimentos do trabalho, aumentando ainda IVA, IMI e todo o tipo de taxas e taxinhas, e diminuíram mais de 20% a tributação sobre os lucros das grandes empresas. O governo desceu novamente o IRC sem apresentar qualquer resultado da descida da taxa que já tinha tido lugar o ano passado.

“Bem pode Paulo Portas perguntar-se, com a naturalidade dos partidos do arco 'jobs for the boys' se é o Bloco ou uma imobiliária quem cria mais emprego. O país não tem dúvidas: a maioria PSD/CDS é a recordista na destruição de emprego” – afirmou a deputada.

Subvenção vitalícia: uma prioridade reveladora

Catarina Martins recordou ainda a tentativa fracassada dos partidos do bloco central de repor a subvenção vitalícia aos titulares de cargos políticos. “Num país onde os salários continuam cortados, a prioridade de PSD e PS era devolver uma subvenção - para a qual ninguém descontou, vale a pena lembrar. Uma medida que nos diz quase tudo sobre as prioridades e agendas ao avesso dos partidos do bloco central”, disse a deputada, recordando que “se o Bloco de Esquerda não tivesse denunciado a vergonha, PS e PSD teriam passado a reposição das subvenções aos deputados entre os pingos da chuva”.

Em conclusão, Catarina Martins reafirmou a posição do Bloco de Esquerda: “O Orçamento que aqui será votado é o último apresentado por este Governo. Encerra um ciclo e permite uma leitura mais abrangente sobre o que foram as políticas da troika e do depois da troika. O resultado é esclarecedor. O nosso voto só podia ser um. Não, obviamente. Não”.