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“É a diversidade que faz a força do Bloco”

Na intervenção de abertura da Convenção, João Semedo garantiu que o Bloco sairá da Convenção mais forte, resolvendo as suas diferenças “incluindo e não excluindo”.
Foto Paulete Matos

“As diferenças são importantes, mas o mais importante é o património de valores e ideais que marcam a luta do Bloco de Esquerda, do Bloco de todos nós”, afirmou o coordenador bloquista na abertura da Convenção que irá debater cinco moções políticas diferentes. Semedo saudou o facto de esta ter sido a Convenção mais participada da história do partido. “É esta diversidade que faz a força e a identidade do Bloco. Unidade e diferença, foi assim que aqui chegámos ao fim de 15 anos e será assim que acabaremos esta Convenção”, garantiu.

“Não estamos divididos, temos diferenças e sempre tivemos e soubemos viver com elas. Sabemos resolvê-las, incluindo e não excluindo”, prometeu Semedo, acrescentando que esta Convenção “é uma má notícia a quem nos quer condenar à irrelevância política, um desejo tantas vezes repetido, mas que voltaremos hoje mais uma vez a enterrar”.

Semedo referiu-se ainda à vitória que o Bloco conseguiu esta semana, fazendo o PS e o PSD recuar na intenção de acabar com a suspensão das subvenções vitalícias dos deputados. “Era uma proposta que queriam aprovar pela calada. Foi esse golpe que o Bloco soube enfrentar e derrotar”. Para Semedo, a proposta do bloco central foi “um episódio vergonhoso em que o PS não teve qualquer vergonha em dar o braço à direita. Afinal é isto o novo PS de António Costa?”

O balanço dos dois anos desde a última Convenção ficou marcado pela ação de um “governo do mercado, pelo mercado e para o mercado”. E “nestes dois anos difíceis, a atividade do Bloco marcou a diferença: nas lutas populares, nas greves gerais, na resposta à dívida. Onde houve coragem, lá esteve o Bloco”, resumiu Semedo.

Outra dos temas em que o Bloco fez a diferença foi a sua persistência “que acabou com o tabu da restruturação da dívida”. “Sem restruturação não vencemos a austeridade. E se não a vencermos ela vai destruir o país”, acrescentou. Também na luta contra a precariedade e o trabalho sem direitos, ou nas maiores mobilizações de rua da história da democracia, o Bloco marcou presença. “Juntar forças para derrotar a direita: é assim que foi e que será sempre o Bloco de Esquerda”, garantiu o coordenador do Bloco, prometendo dar luta aos despedimentos dos funcionários públicos, a que o Governo chama “requalificações”.

O tema da corrupção também ocupou uma parte importante da intervenção de João Semedo. “Corrupção ou democracia, não temos qualquer ilusão sobre isso. O caso dos vistos gold mostra como a corrupção estendeu a sua teia aos mais altos cargos do Estado. Mas para a direita a fraude só existe nos beneficiários do RSI, o resto são negócios mal sucedidos entre gente fina e perfumada”, acusou. Uma das tarefas do Bloco no próximo período será continuar a “defender a democracia contra a corrupção”.

A “gaveta funda do PS”

João Semedo também foi crítico da nova liderança do PS, que foi nos últimos dois anos “o partido da obediência à troika e a Bruxelas”. “Em menos de um mês, António Costa já colocou na gaveta a restruturação da dívida e a reposição dos salários. E nós sabemos como é funda a gaveta do PS”, afirmou Semedo, recusando seguir as “vozes de sereia que nos convidam a escolher entre dois males, a alternância rosa e a laranja”. “Querem convencer-nos que a única esperança é termos uma austeridade boazinha. Mas sabemos que o veneno da democracia é esta lógica do voto útil. O nosso caminho não é ajudar o PS, não queremos ser o CDS do PS”, concluiu o coordenador bloquista.

“Sabemos que o Bloco não se basta a si próprio nem se autoproclama. Procuramos juntar os que não desistem e são muitos, com e sem partido. É preciso juntá-los para a construção de uma alternativa de esquerda”, prosseguiu Semedo, antes de se referir à situação interna do partido após as mudanças de há dois anos na coordenação e liderança parlamentar. Semedo lembrou aos presentes que os fundadores do Bloco souberam perceber que cada um dos seus grupos não bastava para construir uma força determinante na esquerda. Quinze anos depois, continua a não haver “qualquer grupo capaz de fazer o que só todos nós podemos fazer”, concluiu.

Termos relacionados IX Convenção, Política
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