Vistos gold: Portas deve assumir consequências por ter criado “via verde para a negociata”

13 de November 2014 - 19:35

Os bloquistas defendem que o Governo deve prestar esclarecimentos sobre o “processo sinistro” que levou à detenção de “altos quadros do Estado” e requerem a audição do ministro Paulo Portas, que apontam como “principal propagandista” desta rede de negócios.

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Foto de Paulo Cunha, Lusa.

"O Governo deve hoje dar esclarecimentos aos portugueses. A situação é demasiado grave, temos altos quadros do Estado envolvidos neste processo sinistro com o indício de crimes muitíssimo graves ligados a esta rede de negócios do qual o principal propagandista foi o ministro Paulo Portas", destacou, esta quinta-feira, a deputada do Bloco Cecília Honório, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

"O Bloco exige que o Governo esclareça os contornos desta situação, que explique como é que é possível que altos quadros do Ministério da Justiça e do Ministério da Administração Interna estejam envolvidos nesta rede, e, simultaneamente, vai chamar ao Parlamento o ministro Paulo Portas, que é o responsável político por esta via verde, que afinal é uma via verde para a negociata e para a corrupção", acrescentou a dirigente bloquista.

Segundo Cecília Honório, é preciso fazer "uma avaliação política de todo este processo" e Paulo Portas deve "assumir as consequências de uma lei que favorece estas situações e é um corredor aberto a negociatas".

A deputada lembrou que "o Bloco foi sempre contra os vistos ‘gold', por serem uma via verde para negociatas sem critério e por terem até ao presente criado um número ridículo de empregos e diversamente terem franqueado a porta para a transferência de capitais".

Para Cecília Honório, estamos também perante situações de discriminação, em que, ao mesmo tempo que “se impõem bloqueios à entrada de um imigrante comum, de um trabalhador, se mantém a porta escancarada para o grande negócio”.

Os bloquistas admitem chamar ainda ao Parlamento os ministros da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, e da Administração Interna, Miguel Macedo, mas advogam que a "avaliação política" é prioritária.

A Polícia Judiciária deteve 11 pessoas suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influência e peculato, no âmbito de uma investigação sobre atribuição de vistos "gold".

Entre os detidos estão a secretária-geral do Ministério da Justiça (MJ), Maria Antónia Anes, o presidente do Instituto dos Registos e Notariado, António Figueiredo, e o diretor nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Jarmela Palos.