Segundo Catarina Martins, o Bloco teve “conhecimento de abusos flagrantes dos direitos dos trabalhadores numa das maiores empresas portuguesas, numa empresa que está ligada ao ministro da Economia”.
"Há trabalhadores que assinaram vinte e três contratos de trabalho mensais ao longo de dois anos, que não gozaram um único dia de férias e depois foram despedidos”, avançou a dirigente do Bloco, sublinhando ainda que “tudo indica que na Unicer está em curso uma alteração violenta dos postos de trabalho, despedindo os trabalhadores com vínculo para substituí-los por uma externalização de trabalhadores com o recurso a trabalho temporário e outras formas de precariedade".
Em três requerimentos (disponíveis no final deste artigo) entregues esta semana na Assembleia da República, os bloquistas referem-se a "diversos casos que parecem configurar práticas laborais ilegais", como a existência na área industrial da empresa "de mais de cinquenta trabalhadores com contratos mensais, sucessivos ou intercalados" ou o caso de "três trabalhadores que assinaram vinte e três contratos de trabalho mensais consecutivos ao longo de dois anos nunca tendo gozado quaisquer dias de férias".
Nos documentos é ainda apontado o clima "de assédio a trabalhadores com vínculo que depois de vinte, trinta e mais anos na empresa”, que “são intimidados para aceitar a rescisão", e é feita referência ao caso específico do despedimento do antigo chefe de Armazém de Materiais e Matérias-primas da empresa por alegada extinção do posto de trabalho, que levou "a uma greve de 100%, que parou a produção".
Em declarações à agência Lusa, a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda exigiu que a ACT, “que visitou a Unicer em maio devido a queixas de trabalhadores", divulgue o relatório "que prometeu para setembro" e que ainda não é conhecido.
“É preciso uma atuação rápida das autoridades”, frisou Catarina Martins.