You are here

Parlamento israelita mantém suspensão a deputada palestiniana

Vice-ministra do Interior pretende que Hanin Zoabi seja impossibilitada de se recandidatar e que lhe seja retirada a cidadania israelita. Em 2010, por integrar a Flotilha da Liberdade tentaram expulsá-la do Knesset.
Em 2010, quase perdeu o mandato após ter participado na flotilha da Liberdade que tentou furar o bloqueio israelita e desembarcar em Gaza

O parlamento israelita, o Knesset, decidiu na passada quarta-feira manter a suspensão por seis meses à deputada palestiniana Hanin Zoabi. A decisão foi tomada na sequência de comentários feitos sobre o caso de alegado sequestro de três jovens colonos israelitas.

O episódio foi atribuído pelo governo ao Hamas e utilizado como principal motivo para a operação militar “Margem Protetora”.

A manutenção da suspensão foi aprovada com 68 votos a favor, 16 contra e 1 abstenção. Trata-se da maior sanção imposta pelo parlamento na história.

Árabe-israelita (palestinianos que permaneceram em Israel após a criação do Estado), Hanin Zoabi foi a primeira mulher árabe com um mandato no Knesset e é símbolo de uma nova geração de liderança política para palestinianos residentes em Israel. O seu mandato tem sido constantemente perseguido por parlamentares israelitas devido às reiteradas críticas que faz à política seguida pelo Governo.

A medida foi decidida pela Comissão de Ética do Parlamento em 29 de julho, no meio da Operação Margem Protetora, e Zoabi recorreu. Os legisladores argumentam que concedeu entrevista a uma rádio na qual se mostrou em desacordo com o suposto sequestro dos jovens colonos, mas se recusou a classificar os responsáveis da ação de “terroristas”.

Durante a sessão parlamentar da passada quarta-feira, a deputada afirmou que a "expulsão é sem precedentes, vingativa e desproporcional” e disse ainda que os que apoiaram a decisão “levantaram a mão a favor da perseguição política”. O discurso de Zoabi foi diversas vezes interrompido sob o grito: “as coisas que fez nunca foram feitas”.

Ela também é acusada de supostamente incitar uma “humilhação policial” durante uma massiva prisão de manifestantes árabes. Zoabi teria repreendido um polícia dizendo que ele estava “do lado do opressor”. A polícia e o Ministério Público recomendaram que fosse indiciada. O caso será analisado pela Procuradoria-Geral.

Além disso, a comissão de Lei, Constituição e Justiça apresentou este mês dois projetos contra a deputada. O primeiro visa negar a candidatura ao Knesset a alguém que tenha apoiado “um ato de terrorismo” e o segundo tem como objetivo retirar-lhe a cidadania. Ambos são de iniciativa da vice-ministra do Interior, Faina Kirschenbaum, do partido ultranacionalista Yisrael Beytenu.

“O presidente israelita, Reuven Rivlin, classificou Israel, na semana passada, como ‘sociedade doente’ pelas suas políticas e atitudes racistas”, disse Zoabi. “Não se trata de doença ou enfermidade, e sim do cultivo de uma cultura política racista e um sistema de apartheid legal com os últimos esforços antidemocráticos conduzidos para me silenciar”. “A verdadeira violência está a ser feita por figuras do governo – tão regulares quanto os atos violentos realizados contra palestinianos nas ruas – e até agora ninguém foi suspenso no Parlamento por isso."

Quase expulsão em 2010

Em 2010, quase perdeu o mandato após ter participado na flotilha da Liberdade que tentou furar o bloqueio israelita e desembarcar em Gaza. Uma comissão do Knesset chegou a votar pela cassação, por traição a Israel, mas a decisão foi revertida na Justiça.

“Quando se determina que um país pertence ou está subordinado a uma determinada etnia, a discriminação racial é inerente”, explicou. “Os direitos passam a ser desiguais e a base para a democracia deixa de existir. É verdade que os árabes-israelitas podem votar, mas não temos o mesmo acesso à terra, aos empregos, à educação e à habitação que os cidadãos de origem judaica. Mesmo as nossas garantias políticas podem ser revogadas se as instituições considerarem que colocamos em risco a natureza do Estado", apontou.

esquerda.net com Opera Mundi

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Internacional
(...)