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Caos nas colocações via para a cunha e o favoritismo

O caos nas colocações com que Crato nos brindou não tem apenas a ver com a incompetência já demonstrada noutras ocasiões. A ideia é lançar o caos, para justificar a instalação da cunha e do favoritismo nas colocações de professores.

Os “boys” e as “girls” que no aparelho de estado ou nas empresas privadas, devem o seu emprego a colocações baseadas no favoritismo e na cunha têm, desde sempre, um ódio visceral a classes profissionais, como os professores, que acedem à sua profissão através de um concurso nacional com regras públicas e transparentes.

Para tais mentes o melhor sistema é sempre o da cunha. O trabalhador que depende exclusivamente de regras que ninguém conhece para aceder ao seu emprego é, obviamente, mais permeável ao medo e à chantagem. Cada vez que seja necessário lutar pelos seus direitos, recua com medo de cair no desemprego.

A casta que nos governa, não esquece, as lutas dos professores e o relevo que tiveram na sociedade. Por isso, querem professores colocados ao nível de escola, com critérios frequentemente ao livre arbítrio de quem nelas mande no momento.

Para isso, tocam a cassete da descentralização. As escolas que não possuem nenhuns poderes próprios, jamais podendo fixar o número de alunos por turma ou a criação de mais turmas ou decidir algum gasto importante para a melhoria de instalações ou da qualidade do ensino, teriam a autonomia de contratar professores. Estamos a ver onde se quer chegar com esta poeira lançada aos olhos dos portugueses.

Conscientemente foi-se degradando um sistema de colocação de professores que funcionava corretamente. Há alguns anos, o concurso distrital resolvia cabalmente a última fase de colocações que agora são caoticamente feitas escola a escola, dando lugar a que haja professores colocados, ao mesmo tempo, em dezenas de estabelecimentos de ensino.

Só o concurso nacional garante equidade e justiça nas colocações, sendo também a opção mais célere para a colocação de professores nas escolas. Sendo verdade que não há critérios perfeitos, a graduação profissional é, de todos, o menos imperfeito. Contudo, não é esse o entendimento da tutela que sempre tem tentado desvalorizar a graduação profissional, dando relevo a critérios locais que chegam a ser discricionários e ilegais.

Já vimos este filme muitas vezes. Degradar algo que funciona corretamente, para depois instalar o nepotismo e a corrupção.

Sobre o/a autor(a)

Professor e historiador.
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