A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acusou o governo de promover “cortes cegos” nas prestações sociais e defendeu o aumento do apoio às famílias com mais crianças e às associações que trabalham junto das populações.
“O que o governo tem feito não é combater a fraude, o que o governo tem feito é cortes cegos, cortes que atingem todas as crianças, todas as famílias por igual, ao mesmo tempo que retira os técnicos do terreno”, criticou, após uma visita ao Bairro do Zambujal, freguesia de Alfragide, no concelho da Amadora.
A deputada do Bloco ouviu as dificuldades por que passa “A Partilha” – Associação de Moradores do Bairro do Zambujal”, criada em 2005, e as queixas de alguns moradores, principalmente relacionadas com a degradação das habitações e o aumento das rendas.
Felicidade Nunes explicou que a associação “A Partilha” apoia residentes carenciados com “uma média de 35 refeições diárias”, durante a semana, e ajuda 35 famílias com alimentos, vestuário e livros escolares.
Para Catarina Martins, “este bairro é exemplar de uma falência do governo em todas as políticas sociais”
“O bairro chegou ao limite em que as pessoas já não ligam ao bairro, quer dizer isto está sujo, deixa estar sujo e está estragado, vamos estragar ainda mais”, afirmou Felicidade Nunes, dando como exemplo a degradação do parque infantil, apesar dos esforços da Junta de Freguesia de Alfragide e da Câmara da Amadora.
Para Catarina Martins, “este bairro é exemplar de uma falência do governo em todas as políticas sociais”, acrescentando que “ao mesmo tempo que tira prestações sociais a quem está em desemprego de longa duração”, também retirou “o apoio às associações que no terreno faziam a mediação para apoiar quem mais precisa”.
Perante uma proposta de Orçamento do Estado para 2015 com mais austeridade, a coordenadora do BE lamentou a intenção do governo de “piorar a situação cortando 100 milhões de euros nas prestações sociais”, cortando “a pessoas a quem já falta tudo ou quase tudo”.
Para Catarina Martins, Portugal é dos países da zona euro que menos gasta com apoio às famílias e às suas crianças, o que em seu entender justifica que “as famílias com muitos filhos têm de ter apoios”.
A deputada salientou que “é preciso assumir mínimos de acesso à água e à luz, no respeito pelo que defende as Nações Unidas”, e limitar a atualização de rendas do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).
“Não podemos ter este aumento de rendas do IHRU, de rendas que foram de 20 euros para mais de 400 euros”, exemplificou Catarina Martins, notando a necessidade de “uma fórmula de cálculo das rendas que tenha em conta o rendimento das pessoas, o estado das casas e o investimento que as pessoas fizeram nas casas”.