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Peter Piot: “Em 1976 descobri o ébola. Hoje temo uma tragédia inimaginável”

O microbiólogo que descobriu o ébola, fala do surto atual em África como “tempestade perfeita”, salientando que “nesta epidemia houve muitos fatores que eram adversos desde o princípio”. Peter Piot refere que a OMS reagiu tarde, entre outras causas, porque “tem sofrido grandes cortes orçamentais decididos pelos estados membros”.

Em declarações recolhidas por Rafaela von Bredow e Veronika Hackenbroch, jornalistas de Der Spiegel, e reproduzida pelo dominical londrino The Observer, Peter Piot, microbiólogo pioneiro na luta contra o ébola, analisa a história do vírus e a situação atual.

Professor Piot, como jovem cientista que trabalhava em Amberes, fez parte da equipa que descobriu o vírus do ébola em 1976. Como aconteceu?

Lembro-me ainda com exatidão. Num dia de setembro, um piloto das linhas aéreas [belgas] da Sabena trouxe-nos um termo azul brilhante e uma carta de um médico de Kinshasa, que então era Zaire. No termo, escrevia, havia uma amostra de sangue de uma freira belga que tinha adoecido recentemente de uma misteriosa doença em Yambuku, uma remota aldeia da parte norte do país. Pediu-nos que examinássemos a amostra à procura de febre amarela.

Hoje em dia o ébola só se pode investigar em laboratórios de alta segurança. Como se protegiam naquele tempo?

Não tínhamos nenhuma ideia da perigosidade do vírus. E não havia laboratórios de alta segurança na Bélgica. Levávamos as nossas batas brancas de laboratório e as luvas de proteção. Quando abrimos o termo, o gelo tinha-se fundido na maior parte e uma das ampolas tinha-se partido. O sangue e os pedaços de vidro flutuavam na água com gelo. Tirámos o outro tubo intacto de entre o que se tinha partido e começámos a analisar o sangue procurando agentes patogénicos, utilizando os métodos convencionais naquela época.

Mas o vírus da febre amarela não tinha aparentemente nada a ver com a doença da freira.

Não. E os testes de febre de Lassa e tifoide foram também negativos. Que podia ser, então? A nossa esperança centrava-se em sermos capazes de isolar o vírus da amostra. Para poder consegui-lo, injetámo-lo em ratos e outros animais de laboratório. Ao princípio e durante vários dias, não se passou nada. Pensávamos que talvez os patogénicos tivessem ficado danificados devido à refrigeração insuficiente do termo, Mas depois começou a morrer um animal atrás do outro. Começámos a dar-nos conta de que a amostra continha algo bastante mortífero.

Mas vocês continuaram?

Chegaram de Kinshasa outras amostras desta freira que, entretanto, tinha morrido. Quando já tínhamos conseguido começar a examinar o vírus num microscópio de eletrões, a Organização Mundial de Saúde deu-nos instruções para enviar todas as nossas amostras para um laboratório de alta segurança de Inglaterra. Mas o meu chefe de então queria concluir o trabalho a todo o custo. Pegou numa ampola que continha material do vírus para o analisar, mas tremia-lhe a mão e ela caiu em cima do pé de um colega. O frasco partiu-se em pedaços. “Merda!” foi a única coisa que pensei. Desinfetámos tudo imediatamente e felizmente o nosso colega levava sapatos de um couro forte. Não aconteceu nada a nenhum de nós.

Finalmente vocês puderam criar uma imagem do vírus fazendo uso do microscópio de eletrões.

Sim, e a primeira coisa que pensámos foi: "Que raios é isto?" O vírus que durante tanto tempo tínhamos estado a procurar era muito grande, muito longo e tinha forma de verme. Não tinha semelhanças com a febre amarela. Mais se parecia com o vírus de Marburgo que, como o ébola, provoca febre hemorrágica. Nos anos 60, o vírus matou vários trabalhadores de laboratório em Marburgo, na Alemanha.

Nesse momento tiveram medo?

Naquele tempo não se sabia nada do vírus de Marburgo. Quando hoje conto aos meus alunos, eles devem pensar que saí da Idade de Pedra. Mas a verdade é que tive que ir à biblioteca e ver num atlas de virologia. Foi o American Centre for Disease Control que determinou um pouco mais tarde que não era o vírus de Marburgo mas um vírus desconhecido. Entretanto, também tínhamo-nos inteirado de que centenas de pessoas tinham sucumbido ao vírus em Yambuku e na zona em redor.

Poucos dias depois, você foi um dos primeiros cientistas a voar para o Zaire.

Sim. A freira que tinha morrido e as suas colegas procediam todas elas da Bélgica. Em Yambuku, que tinha feito parte do Congo Belga, geriam um pequeno hospital numa missão. Quando o governo belga decidiu enviar alguém, apresentei-me como voluntário imediatamente. Tinha 27 anos e sentia-me um pouco como o meu herói de infância, Tintin. E tenho que reconhecer que me inebriava a oportunidade de fazer o rastreio de algo totalmente novo.

Havia lugar para o medo ou pelo menos para a preocupação?

Certamente, tínhamos claro que nos confrontávamos com uma das infeções mais mortíferas que se tinham visto no mundo, e não tínhamos ideia que se transmitia por meio dos fluídos corporais! Podiam ter sido os mosquitos. Levávamos fatos protetores e luvas de látex e até pedi emprestados uns óculos de motociclista para proteger os olhos. Mas com o calor da selva era impossível utilizar as máscaras de gás que tínhamos comprado em Kinshasa. Ainda assim, os doentes de ébola que tratei estavam provavelmente tão chocados com a minha aparência como com o seu intenso sofrimento. Tirei sangue a uma dezena desses pacientes. Eu estava preocupadíssimo não fosse picar-me acidentalmente com a agulha e infetar-me assim.

Mas aparentemente você conseguiu evitar infetar-se.

Bom, num dado momento, a verdade é que desenvolvi um quadro de febre alta, dor de cabeça e diarreia…

...parecido com os sintomas do ébola?

Exato. Imediatamente, pensei: "Já está, maldita seja, já apanhei!" Mas depois tratei de conservar a calma. Sabia que os sintomas que tinha podiam proceder de algo completamente diferente e inócuo. E a verdade é que teria sido estúpido passar duas semanas numa horrorosa tenda de isolamento que se tinha preparado para os cientistas para o pior dos casos. De maneira que fiquei só na minha habitação e esperei. Naturalmente, não preguei olho, mas por sorte comecei a sentir-me melhor no dia seguinte. Não era mais que uma infeção gastrointestinal. Na realidade, é o melhor que te pode acontecer na vida: olhar a morte nos olhos e sobreviver. Mudou inteiramente a minha abordagem, toda a minha perspetiva da vida naquela época.

Também foi você quem pôs o nome ao vírus. Porquê ébola?

Nesse dia a nossa equipa reuniu à noite já tarde a debater a questão – já tínhamos bebido umas quantas bebidas. Não queríamos decididamente batizar o novo patogénico com o nome de “vírus de Yambuku", porque isso teria estigmatizado a zona para sempre. Tinha um mapa na parede e o chefe da nossa equipa, um norte-americano, sugeriu que víssemos qual era o rio mais próximo e puséssemos o seu nome ao vírus. O rio era o Ébola. De maneira que às três ou quatro da manhã já tínhamos um nome. Mas o mapa era reduzido e pouco preciso. Só depois soubemos que o rio mais próximo era na realidade outro diferente. Mas ébola é um nome bonito, não é verdade?

No final, você descobriu que as freiras belgas tinham disseminado o vírus sem querer. Como aconteceu?

No seu hospital davam injeções de vitaminas às mulheres grávidas utilizando agulhas sem esterilizar. Deste modo, contagiaram com o vírus muitas mulheres jovens de Yambuku. Falámos às freiras do terrível erro que tinham cometido, mas olhando para trás acho que tivemos demasiado cuidado com as palavras que usámos. As clínicas que não respeitaram esta e outras normas de higiene fizeram as vezes de catalisadores em todos os focos adicionais do ébola. Aceleraram drasticamente a extensão do vírus ou tornaram-na possível, para começar. Inclusive no atual foco na África Ocidental, os hospitais desempenharam infelizmente este vergonhoso papel no princípio.

Depois de Yambuku, você passou os trinta anos seguintes da sua vida profissional dedicado a combater a SIDA. Mas agora o ébola voltou a tocá-lo. Os cientistas norte-americanos temem que sejam centenas de milhares de pessoas as que em última instância cheguem a ser contagiadas. Podia esperar-se uma epidemia assim?

Não, em absoluto. Pelo contrário, sempre pensei que o ébola, em comparação com a SIDA ou a malária, não apresentava demasiados problemas porque estes focos eram sempre breves e de âmbito local. Só em junho é que ficou claro para mim que havia algo fundamentalmente diferente neste surto. Foi mais ou menos nesse mesmo momento que a ONG Médecins Sans Frontières fez soar o alarme. Nós, flamengos, tendemos a ser pouco emotivos, mas nesse momento comecei a preocupar-me deveras.

Por que reagiu tão tarde a OMS?

Por um lado, porque o seu departamento regional em África não tem as pessoas mais capacitadas porque são nomeações políticos. E a sede central de Genebra tem sofrido grandes cortes orçamentais decididos pelos estados membros. O departamento da febre hemorrágica e o que é responsável pela gestão de emergências epidémicas foram gravemente afetados. Mas desde o mês de agosto, a OMS recuperou o seu papel de liderança.

Há na realidade um procedimento bem estabelecido para conter os focos do ébola: isolar os infetados e vigiar estreitamente quem esteve em contacto com eles. Como foi possível acontecer uma catástrofe como a que agora estamos a ver?

Acho que é o que a gente chama uma tempestade perfeita: quando todas as circunstâncias individuais são um pouco piores do que o normal e se combinam então para ocasionar um desastre. E nesta epidemia houve muitos fatores que eram adversos desde o princípio. Alguns dos países implicados acabavam de sair de terríveis guerras civis, muitos dos seus médicos tinham fugido e os seus sistemas de cuidados sanitários tinham sido destruídos. Em toda a Libéria, por exemplo, não havia mais do que 51 médicos em 2010 e muitos deles morreram desde então por causa do ébola.

O facto do foco ter começado na região fronteiriça, densamente povoada, entre Guiné, Serra Leoa e Libéria ...

… também contribuiu para a catástrofe. Devido à extrema mobilidade das pessoas, tornava bem mais difícil do que habitualmente descobrir quem tinha estado em contacto com as pessoas contagiadas. Já que nesta região os mortos são tradicionalmente enterrados nas cidades e aldeias em que nasceram, havia cadáveres do ébola altamente contagiosos viajando aqui e além entre fronteiras em camionetas e táxis. O resultado foi que a epidemia continuou a reavivar-se em diferentes locais.

Pela primeira vez na história, o vírus chegou até metrópoles como Monrovia e Freetown. É isso o pior que pode acontecer?

Nas grandes cidades – sobretudo nos caóticos bairros de lata – é praticamente impossível encontrar quem teve contacto com os doentes, por maior que seja o esforço que se faça. É por isso que também me preocupa muito a Nigéria. Este país alberga megacidades como Lagos e Port Harcourt, e se o vírus do ébola se alojar ali e começar a propagar-se, será uma catástrofe inimaginável.

Perdemos o controle da epidemia por completo?

Sempre fui um otimista e acho que agora não temos outra opção que não seja tentar tudo, verdadeiramente tudo. É bom que os Estados Unidos e alguns outros países estejam finalmente a começar a ajudar. Mas a Alemanha, ou inclusive a Bélgica, podem fazer muito mais. E há algo que deveria ficar claro para todos: isto já não é só uma epidemia, é uma catástrofe humanitária. Não precisamos só de pessoal de cuidados de saúde mas também de especialistas de logística, camiões, jeeps e alimentos. Uma epidemia assim pode desestabilizar regiões inteiras. Só posso esperar que sejamos capazes de mantê-la sob controle. Nunca pensei que pudesse chegar a ser algo tão mau.

Que se pode fazer realmente numa situação em que qualquer um se pode infetar na rua e em que, como em Monrovia, até os táxis estão contaminados?

Precisamos elaborar urgentemente novas estratégias. Atualmente, as pessoas que prestam ajuda já não são capazes de atender todos os doentes nos centros de tratamento. De modo que os profissionais de saúde têm que ensinar os membros das famílias a se protegerem eles próprios do contágio, na medida do possível. Este trabalho educativo no terreno é atualmente o maior desafio. A Serra Leoa experimentou um recolher obrigatório de três dias, numa tentativa de baixar pelo menos um pouco a curva de contágio. No princípio pensava: "Isto é uma loucura total". Mas agora interrogo-me, "por que não?" Pelo menos, enquanto estas medidas não forem impostas manu militari.

Um recolher obrigatório de três dias soa a um certo desespero.

Sim, é bastante medieval. Mas, o que se pode fazer? Mesmo em 2014 mal temos formas de combater este vírus.

Acha que poderemos estar a enfrentar o começo de uma pandemia?

Haverá sem dúvida doentes de ébola em África que cheguem até nós na esperança de receberem tratamento. E poderão contagiar inclusive umas quantas pessoas que depois acabem por morrer. Mas um surto na Europa ou na América do Norte ficaria rapidamente sob controle. Estou mais preocupado com as numerosas pessoas da Índia que trabalham no comércio ou na indústria na África Ocidental. Só faltaria que uma fosse contagiada, viajasse para a Índia para visitar a família durante o período de incubação do vírus e depois, uma vez doente, acabasse num hospital público. Com frequência, médicos e enfermeiras na Índia nem sequer usam luvas de proteção. Seriam contagiados de imediato e propagariam o vírus.

O vírus vai mudando continuamente a sua configuração genética. Quanto mais pessoas forem infetadas, maior será a possibilidade de que sofra mutações...

... o que poderia acelerar a sua difusão. Sim, essa é verdadeiramente a hipótese apocalítica. Os humanos não são mais que portadores acidentais do vírus, e nada bons. Da perspetiva do vírus, não é desejável, como portadores dentro dos quais se espera que multipliquem o agente patogénico, que morramos tão rapidamente. Seria muito melhor para ele permitir-nos continuar mais tempo vivos.

O vírus poderia sofrer uma mutação repentina, de maneira que pudesse ser espalhado pelo ar?

Quer dizer, como o sarampo? Felizmente, isso é algo extremamente improvável. Mas se uma mutação permitisse aos doentes do ébola viver um par de semanas mais, é certamente possível e seria desfavorável para o vírus. Mas isso permitiria que os doentes do ébola contagiassem muita mais gente do que acontece atualmente.

Mas isso não é mais do que especulação, certo?

Certamente. Mas trata-se apenas de uma das muitas maneiras possíveis em que o vírus poderia sofrer mutações que o espalhassem mais facilmente. E está claro que o vírus está a sofrer mutações.

Você e dois colegas seus escreveram um artigo para o Wall Street Journal em que apoiavam o ensaio de medicamentos experimentais. Pensa que poderá ser a solução?

Poder-se-ia tratar os pacientes muito rapidamente com soro sanguíneo de sobreviventes do ébola, ainda que isso fosse extremamente difícil, dadas as caóticas condições locais. Temos agora que descobrir se estes métodos, ou se medicamentos em fase de experimentação como o ZMapp, podem verdadeiramente ser uma ajuda. Mas não deveríamos depender por completo de novos tratamentos. Para a maioria das pessoas, eles chegarão demasiado tarde nesta epidemia. Mas se ajudarem, deveriam estar disponíveis para o próximo surto.

Também estão a começar a ser testadas duas vacinas. Demorará um pouco, certamente, mas poderia vir a deter-se a epidemia só com uma vacina?

Espero que não seja este o caso, mas quem sabe? Talvez.

Durante o primeiro surto no Zaire, um hospital de higiene deficiente foi responsável por espalhar a doença. Hoje está a passar-se quase o mesmo. Tinha razão Louis Pasteur quando afirmava: "São os micróbios que terão a última palavra"?

É claro, temos um longo caminho até poder cantar vitória sobre a bactéria e os vírus. O HIV continua ainda connosco; só em Londres, cinco homens gays são contagiados diariamente. Um número cada vez maior de bactérias está a tornar-se resistente aos antibióticos. E ainda posso ver os pacientes de ébola de Yambuku, como morreram nas suas cabanas e não pudemos fazer nada por eles senão deixá-los morrer. Em princípio, hoje a coisa continua a ser igual. E isso é muito deprimente. Mas também me proporciona uma sólida motivação para fazer algo. Eu amo a vida, e por isso faço tudo o que posso para convencer os poderosos deste mundo para que enviem, por uma vez, ajuda suficiente à África Ocidental… Já!

Peter Piot (1949) é um dos mais importantes microbiólogos atuais especializado no estudo do ébola e da SIDA, é diretor da London School of Hygiene and Tropical Medicine e professor de saúde global. Estudou medicina na Universidade de Gant e trabalhou no Instituto de Medicina Tropical de Amberes. Entre outros cargos importantes, desempenhou o de subsecretário geral das Nações Unidas, subdiretor do Programa Global sobre a SIDA da Organização Mundial de Saúde, diretor executivo fundador da UNAids e presidente da International Aids Society.

Artigo disponível em theguardian.com, traduzido para espanhol por Lucas Antón para sinpermiso.info e por Carlos Santos para esquerda.net

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