A queda do preço das ações da PT SGPS deu milhões a ganhar aos especuladores desde que a empresa perdeu 900 milhões em dívida da Rioforte. Segundo as contas publicadas esta quinta-feira pelo Diário Económico, os lucros potenciais das operações de "short-selling" já atingiram os 55 milhões. Só desde o início da semana, as ações da PT caíram 19%, originando lucros potenciais de 10 milhões de euros para os especuladores.
Quando a aposta na descida do preço das ações envolve montantes superiores a 0,5% do capital de uma empresa cotada, é obrigatório notificar a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários. Nessa situação estarão hoje, de acordo com o Diário Económico, quatro fundos - Elliot Capital, Marshall Wace, Falcon Edge e Cheyne Capital. O primeiro destes fundos ganhou a fatia de leão dos lucros potenciais, avaliada em 35 milhões de euros, e é detido pelo bilionário Peter Singer, que se tem destacado como um dos "abutres" da dívida argentina, comprando-a ao preço da chuva após a bancarrota e exigindo agora o reembolso da totalidade do valor na justiça norte-americana.
Acionista da Oi aposta contra a PT ao mesmo tempo que a tenta vender
Mas há outros especuladores a lucrar com a queda da PT e um deles pertence a um acionista da Oi, que aproveitou a ajuda ruinosa da administração de Zeinal Bava e Granadeiro ao Grupo Espírito Santo para enfraquecer a posição da PT no capital da CorpCo, a futura empresa resultante da fusão entre a PT e a Oi. Trata-se da BTG Pactual Europe, que pertence ao banco de investimento brasileiro BTG Pactual.
Segundo noticiou a Folha de São Paulo em outubro do ano passado, a entrada do BTG Pactual no capital da Oi foi determinante para o avanço do processo de fusão da Oi com a PT, depois da presidente Dilma Rousseff ter vetado o aumento da participação do banco público BNDES. Agora, os dois bancos são os maiores acionistas individuais da Oi.
Para além de apostar na queda da Portugal Telecom, o BTG Pactual foi contratado no fim de agosto pela Oi para assessorar a tentativa de compra da Tim, o concorrente controlado pela Telecom Italia, que por sua vez também está a preparar uma OPA sobre a Oi.
Segundo noticiou já este mês o jornal Estado de São Paulo, o BTG está a negociar a venda dos ativos da Portugal Telecom por 6500 milhões de euros, tendo iniciado conversações com vários candidatos, entre os quais a francesa Altice. Este banco de investimento é também o responsável por apresentar até à próxima semana os cenários estratégicos em cima da mesa para que os acionistas da Oi decidam o rumo a dar à empresa.