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Syriza: "É o Governo que está a minar a estabilidade do país"

Facto 1
As bolsas caíram em todo o mundo, o que obviamente não é devido ao Syriza mas sim à preocupação generalizada sobre os desenvolvimentos mais abrangentes no plano económico. O perigo é real, agora que a economia europeia mergulha numa recessão mais profunda no próximo período, e após a publicação de dados alarmantes sobre a própria economia alemã, enquanto o fenómeno da deflação é iminente para o conjunto da zona euro.
Ao mesmo tempo, a perspetiva do anúncio dos resultados dos testes de stress do Banco Central Europeu provoca grande incerteza, devido à possibilidade de surgirem importantes necessidades de capitais para os bancos europeus. Por fim, lembremos o enfraquecimento das taxas de crescimento da China e a decisão da Reserva Federal norte-americana de parar a injeção de liquidez, evoluções que agravam a má imagem dos mercados internacionais, enquanto a liquidez mundial "se evapora" e a economia mundial parece estar bloqueada numa "estagnação permanente".
Facto 2
Algumas empresas internacionais de investimento pronunciaram-se recentemente a favor de uma redução ampliada da dívida, a mesma solução preconizada pelo Syriza juntamente com o fim da austeridade. Ao mesmo tempo, por terem conhecimento das sondagens que desde meados de setembro indicam de forma consistente o grande avanço do Syriza, os próprios analistas fazem questão de sublinhar que não existem razões de preocupação em caso de eleições antecipadas. Essas notícias não provocaram nenhuma reação dos mercados em relação à economia grega.
O que constitui uma fonte de incerteza para os círculos económicos é o facto do governo estar atrelado ao "tanque" da austeridade e dos excedentes primários, que falharam totalmente os objetivos declarados do programa, a par dessa piada sobre a "viabilidade" da dívida, num momento em que os dados reais mostra, que o estado da economia grega é bem diferente e permanece crítico, ou melhor, explosivo.
Facto 3
A turbulência no mercado de capitais de longo prazo na Grécia tomou a forma de um êxodo massivo de capitais, consequentemente afundando as avaliações bolsistas e provocando uma forte subida das taxas de juro (yields ou rendimentos) das obrigações gregas, e surgiu imediatamente após o voto de confiança ganho pelo governo no Parlamento. O que constitui uma fonte de incerteza para os círculos económicos é o facto do governo estar atrelado ao "tanque" da austeridade e dos excedentes primários, que falharam totalmente os objetivos declarados do programa, a par dessa piada sobre a "viabilidade" da dívida, num momento em que os dados reais mostra, que o estado da economia grega é bem diferente e permanece crítico, ou melhor, explosivo.
Facto 4
Nas palavras do governo, a Grécia, através desta "success story", irá libertar-se por completo dos memorandos. Os desmentidos contínuos das afirmações do governo por parte do FMI e dos altos funcionários europeus, que se referem no essencial a um novo memorando, qualquer que seja o nome que lhe dêem, minaram por completo a credibilidade do governo face aos investidores estrangeiros, que têm agora todas as razões para acreditar que as previsões do governo Samaras/Venizelos sobre o andamento da economia são tão confiáveis quanto os tambores que anunciam "o fim da era dos memorandos".
Facto 5
Em particular, no que respeita à destruição do setor bancário no mercado bolsista, a forma desastrosa como o ministro das Finanças abordou o tema do imposto diferido em benefício dos banqueiros, que provocou a intervenção do Banco Central Europeu e da Autoridade Bancária Europeia, teve um papel negativo importante. Lembremos que apenas há poucas semanas os dois partidos que governam votaram precipitadamente no Parlamento uma emenda sobre o imposto diferido que cedeu em tudo aos banqueiros sem receber nada em troca, dando-lhes a possibilidade de cobrir sem custos as necessidades de capital que irão surgir apís o anúncio dos resultados dos testes de stress do Banco Central Europeu no dia 26 de outubro. O Syriza, que votou contra este arranjo, fez uma contraproposta no caso de utilização do imposto diferido: emitir ações com o valor igual ao lucro do governo grego, aumentando a sua participação no capital acionista. Questionado pelos deputados do Syriza se existia consenso das autoridades europeias sobre a emenda, que oferece aos banqueiros entre 2 a 3 mil milhões de euros ao longo de vários anos, a resposta do governo foi que tinha existido esse acordo. No entanto, isso viria a ser desmentido pelo BCE e a ABE, que consideram que se o imposto diferido for usado como está previsto na emenda, isso constituirá uma ajuda do Estado, pelo que pediram ao governo para alterar a lei. Fica claro que a vaga de venda de ações dos bancos se defe em grande medida às manipulações do governo sobre o imposto diferido, combinado com os rumores que os quatro bancos sistémicos estão à procura de capitais privados para uma nova recapitalização a preços bem menores que os atuais, o que resultará numa especulação depreciativa e em perdas para os atuais acionistas, ou seja, também para o Estado grego.
O Syriza condena os esforços continuados de depreciação das ações detidas pelo Fundo de estabilidade financeira, ou seja, pelo Estado grego, com o método do aumento de capital acionista a preços bem mais baixos que os da aquisição ou os que se praticam hoje no mercado bolsista. Ao mesmo tempo, reservamo-nos o direito de estudar a possibilidade de mudar as recentes alterações legislaticas no sentido de proteger os interesses do Estado grego.
O Syriza condena os esforços continuados de depreciação das ações detidas pelo Fundo de estabilidade financeira, ou seja, pelo Estado grego, com o método do aumento de capital acionista a preços bem mais baixos que os da aquisição ou os que se praticam hoje no mercado bolsista. Ao mesmo tempo, reservamo-nos o direito de estudar a possibilidade de mudar as recentes alterações legislaticas no sentido de proteger os interesses do Estado grego.
Asseguramos às cidadãs e cidadãos gregos que um governo do Syriza será um fator de estabilidade para a Grécia e para a Europa, abolindo os memorandos e mudando a política económica, e reivindicando a eliminação da maior parte da dívida e o reembolso do restante com uma cláusula de desenvolvimento, através da renegociação dos contratos de empréstimos a nível europeu (e não bilateral) no quadro de um plano global europeu para fazer face à dívida pública e privada e ao financiamento do desenvolvimento em termos de justiça social, de viabilidade e de desenvolvimento duradouro, conclui a declaração da Secção de Política Económica do Syriza.
Artigo publicado pelo portal do Syriza Paris, traduzido por Frederique Bouvier. Traduzido para português por Luís Branco para o esquerda.net.
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