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"Vamos continuar a ouvir falar dos submarinos"

João Semedo acusou a maioria PSD/CDS de aprovar na comissão de inquérito aos submarinos um "relatório de conveniência com conclusões tendenciosas, parciais e mentirosas".
Foto Pedro Vilela/Wikimedia Commons

O parlamento discutiu esta sexta-feira as conclusões da comissão de inquérito aos negócios de equipamento militar, com a compra dos submarinos a constituir o prato forte dos trabalhos.

Para o Bloco de Esquerda e a restante oposição, o fim abrupto da comissão não permitiu apurar as dúvidas que levaram à sua constituição, pelo que, numa iniciativa parlamentar inédita, os deputados do  Bloco, PCP e PS na comissão de inquérito apresentaram um contra-relatório conjunto.

"PSD e CDS só tiveram duas preocupações: acabar com este inquérito o mais depressa possível e esconder tanto quanto possível a sua existência", resumiu João Semedo, acusando os dois partidos do Governo de terem aprovado esta comissão "de má-fé". "Fingiram aceitar um inquérito para o poder esvaziar e assim proteger os seus: Durão Barroso e Paulo Portas", os governantes que fecharam o contrato e compraram os submarinos.

João Semedo defendeu esta sexta-feira no plenário que "muitas das perguntas continuam sem resposta" e deu alguns exemplos: "os administradores do consórcio que vendeu os submarinos foram condenados na Alemanha por corrupção, mas continuamos sem saber quem foi corrompido em Portugal"; "Onde estão os documentos do leilão bancário que escolheu o consórcio que financiou a compra dos submarinos e que integrou o BES?"; "O que recomendou a escolha da ESCOM, do GES, empresa especializada em investimentos em África, para assessorar o fabricante das contrapartidas das empresas nacionais?"; "Para além da família Espírito Santo, a que outras mãos foram parar os muitos milhões de euros pagos pelos alemães à Escom?"; "Porque não foi impedido o flagrante conflito de interesses envolvendo o GES, que tanto assessorou quem vendeu como quem comprou?".

As respostas a estas questões não chegaram a ser dadas por causa do "bloqueio imposto por uma comissão atrelada e uma maioria subserviente", declarou o coordenador do Bloco.

"Entre a primeira e a última audição passaram 30 dias úteis, em que a comissão fez 50 audições. Nunca uma comissão trabalhou a este ritmo", lembrou Semedo. De facto, a maioria PSD/CDS acabou com a comissão quando nem sequer estavam prontas as atas dos depoimentos das personalidades ouvidas pelos deputados e muitos dos documentos requeridos não tinham chegado ao conhecimento dos deputados.

"PSD e CDS só tiveram duas preocupações: acabar com este inquérito o mais depressa possível e esconder tanto quanto possível a sua existência", resumiu João Semedo, acusando os dois partidos do Governo de terem aprovado esta comissão "de má-fé". "Fingiram aceitar um inquérito para o poder esvaziar e assim proteger os seus: Durão Barroso e Paulo Portas", os governantes que fecharam o contrato e compraram os submarinos.

Para o deputado bloquista, este é um "relatório de conveniência com conclusões tendenciosas, parciais e mentirosas. Não é verdade que nenhuma pergunta tenha ficado por fazer. Ficaram muitas perguntas por fazer. E também é mentira que desta comissão não se tenham retirado indícios de ilegalidades".

Mas o fim precoce do inquérito aos submarinos não fará submergir o assunto, acredita Semedo. Por um lado, o inquérito ao BES promete trazer mais informação sobre o envolvimento dos Espírito Santo e de terceiros no negócio. E por outro, com "o encerramento do inquérito em curso no Ministério Público, ficarão libertos muitos documentos e informações que hoje estão protegidos pelo segredo de justiça".

É por essa razão que, concluiu João Semedo, ‪"este relatório de conveniência não vai resistir à prova do tempo"‬

"Este relatório de conveniência não vai resistir à prova do tempo."

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