You are here

“Carga fiscal sobre quem trabalha aumentou 30%, sobre as empresas diminuiu 20%”

João Semedo acusou, esta segunda-feira, a proposta do Governo de Orçamento de Estado para 2015 de penalizar quem vive dos rendimentos do seu trabalho, enquanto reduz uma vez mais os impostos sobre as empresas. O coordenador bloquista considerou ainda que o executivo de Passos Coelho não pode "lavar as mãos" sobre o que se passa na PT.
"Mais uma vez o trabalho vai ser tributado violentamente", sublinhou João Semedo. Foto de Paulete Matos

João Semedo considera que, "politicamente", a manutenção em 2015 da sobretaxa no IRS significa que "o dr. Paulo Portas e o `partido do contribuinte´" perdeu "mais essa guerra" com o PSD.

"Politicamente isso significa que o CDS e o dr. Paulo Portas perdeu mais uma vez. E que o PSD e o dr. Pedro Passos Coelho ganhou mais essa pequena guerra com o CDS. O fundamental é que não vai haver nenhuma redução da carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho. Os únicos privilegiados, que vão beneficiar com reduções fiscais no próximo Orçamento do Estado, são as empresas", destacou João Semedo.

O coordenador do Bloco falava aos jornalistas após questionado sobre as notícias que referem que a proposta de Orçamento do Estado para 2015 inclui a intenção de reduzir a sobretaxa de IRS (que é atualmente de 3,5%), mas não determina a percentagem da diminuição.

Em vez disso, faz depender essa redução do aumento das receitas fiscais conseguido quer através do crescimento da economia, quer através do combate à fraude fiscal.

João Semedo insistiu que o vice-primeiro-ministro "pode acrescentar no seu currículo mais esta derrota", depois de ter feito uma campanha eleitoral apresentando o CDS-PP "como o partido dos contribuintes".

No essencial, acentuou Semedo, a confirmar-se que a sobretaxa do IRS não baixará já em 2015, fica comprovado que "mais uma vez o trabalho vai ser tributado violentamente".

"Com este Governo os rendimentos do trabalho foram os mais tributados. A carga fiscal sobre quem trabalha aumentou 30 por cento ao passo que a carga fiscal sobre as empresas diminuiu 20 por cento. O próximo mantém tributação excessiva sobre rendimentos do trabalho e mais uma vez reduz o IRC, ou seja, sobre as empresas", criticou João Semedo.

Governo não pode "lavar as mãos" sobre o que se passa na PT

"Nós o que achamos é que o Governo deve intervir nesta matéria salvaguardando o futuro do projeto económico, industrial e tecnológico da PT porque isso é bom para a PT, para a economia nacional e para os seus trabalhadores", afirmou João Semedo, no final de uma reunião com a comissão de trabalhadores da Portugal Telecom, em Lisboa.

Acompanhado pela deputada Mariana Mortágua, João Semedo sustentou que o Governo não pode "lavar as mãos" sobre o que se passa na PT e que as declarações "inflamadíssimas" do ministro da Economia, Pires de Lima, sobre a administração da empresa ao semanário Expresso "são uma forma de intervir".

Considerando que o "descalabro" da empresa começou com a sua privatização, João Semedo destacou que a PT vale hoje 10 por cento do que valia há sete anos, uma perda que tem responsáveis.

"Não são apenas os administradores, mas são também os governos. O Governo não pode lavar as mãos porque este Governo é responsável sobretudo pelo momento que hoje vive a PT e a ameaça da sua venda, uma venda às mãos dos interesses especulativos financeiros", afirmou.

"Tem os instrumentos para intervir, tem ainda o fundo de Segurança Social que é acionista da PT. E tem a posição política do Governo que é o instrumento fundamental para travar uma venda que ainda degrade mais o valor da PT", defendeu.

Por seu lado, Francisco Gonçalves, da comissão de trabalhadores da PT, defendeu que "mais do que os nomes, mais importante do que quem compra ou não compra é o projeto industrial para a PT, onde devem estar incluídos os melhores técnicos de telecomunicações em Portugal, os trabalhadores da PT".

Francisco Gonçalves admitiu não saber "ao certo" quais são os planos do acionista, a brasileira Oi, para a PT Portugal, manifestando no entanto confiança no futuro da empresa.

Segundo o representante da comissão de trabalhadores, o presidente da PT Portugal transmitiu aos trabalhadores na quinta-feira da semana passa que "continuam a trabalhar no plano para 2015".

"Mas ele não é o acionista, o acionista neste momento é a Oi no Brasil. Não sabemos ao certo o que é que a Oi quer fazer à PT Portugal", disse.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Política
(...)