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Hong Kong: Luta pela democracia continua

Líderes estudantis de Hong Kong anunciaram na noite de domingo que a ocupação das principais artérias da cidade vai continuar, um dia depois de o chefe do Executivo ter pedido a desmobilização, para o regresso à normalidade na segunda-feira.
"Não nos podem matar a todo", faixa usada nas manifestações pró-democracia em Hong Kong.

O governo emitiu esta segunda-feira um comunicado, no qual afirma que a polícia vai fazer cumprir a lei e agir quando houver confrontos entre as duas partes, “isto demonstra um sinal de abertura, pelo que vamos criar um grupo de trabalho, para ver se podemos avançar para um próximo passo", disse hoje o presidente da Federação de Estudantes, Alex Chow.

Alex Chow falava à imprensa após um discurso dirigido aos estudantes concentrados na área de Admiralty, junto ao complexo de Tamar, que congrega a sede do governo, o parlamento e o gabinete do chefe do Executivo.

A Federação de Estudantes rompeu o diálogo com o governo na noite de sexta-feira, horas depois de confrontos violentos terem sido registados nos distritos de Mong Kok (península de Kowloon) e Causeway Bay (ilha de Hong Kong), resultando em 19 detidos, incluindo oito com ligações a grupos criminosos.

Embora não tenha especificado nomes, Alex Chow indicou ter havido um contacto preliminar com responsáveis que mostraram uma atitude moderada para a construção de um diálogo.

Alex Chow explicou também que os cerca de 3.000 funcionários públicos do complexo de Tamar poderão voltar ao trabalho na manhã de segunda-feira, tal como pedido pelo chefe do Executivo, CY Leung, no sábado, uma vez que foram desbloqueados os acessos.

"O governo não tem, agora, qualquer razão para retirar os cidadãos, porque o edifício do governo não está bloqueado. Mas claro, continuamos preocupados com a segurança dos cidadãos e vamos continuar a fazer patrulhas durante a noite", reiterou.

"É óbvio que não vamos desimpedir as vias totalmente, porque isto é um 'Occupy'", disse, referindo-se a outra das solicitações de CY Leung.

Admiralty, o epicentro dos protestos, continuava a concentrar milhares de pessoas na madrugada de segunda-feira (tarde de domingo em Lisboa), embora em menor número do que nos últimos dias.

Longe da tensão registada na quinta e na sexta-feira, os jovens permaneciam concentrados em frente ao gabinete do chefe do Executivo, a maior parte deles sentados ou deitados.

A expectativa mantém-se, no entanto, na zona, sobre se o executivo de CY Leung vai considerar que foram cumpridos os pedidos feitos aos manifestantes ou avançar com medidas.

Novos desenvolvimentos são esperados às primeiras horas de hoje, quando da chegada dos primeiros trabalhadores da administração pública ao local.

Ao início da noite, também em Admiralty, representantes de um grupo de cerca de 70 professores universitários lançaram um apelo ao chefe do Executivo, para que responda à reivindicação da democracia e pare com a ameaça de violência.

"Na verdade, os apelos dos estudantes são muito humildes. Pedem sufrágio universal com verdadeira escolha pelo povo, como base de uma boa governação. Porém, a resposta das autoridades às duas semanas de apelos foi gás lacrimogéneo e violência envolvendo tríades, assim como uma posição completamente inflexível por parte do Governo, somada à ameaça de força", refere um comunicado do grupo.

Para os académicos, que também têm sido detidos para interrogatórios, nesta vaga de contestação, esta postura do governo "é completamente incompatível para o forjar de um consenso no seio da comunidade de Hong Kong sobre a questão da reforma eleitoral" e conduz a "uma escalada ainda maior do conflito na comunidade, acarretando uma contra ação mais dura", cujos danos "serão difíceis de sarar".

"A solução fundamental para a atual saga deve assentar em ações concretas por parte das autoridades, na resposta à reivindicação das pessoas", sublinharam os professores universitários, no apelo ao chefe do executivo.

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