Numa intervenção durante o debate na Assembleia da República sobre o Serviço Nacional de Saúde, o deputado João Semedo afirmou que o presente da saúde em Portugal é, de um lado, a crise do Serviço Nacional de Saúde e, do outro, o sucesso do mundo privado da saúde.
“A teoria do PSD e do CDS é que há SNS a mais. É uma teoria falsa. Ainda temos SNS a menos”, afirmou o coordenador do Bloco de Esquerda.
Para apoiar o que disse, bastou a João Semedo ir buscar um exemplo do próprio dia: “Há queimados da região de Lisboa que têm de ser transferidos para o Norte porque não há camas suficientes em Lisboa”.
Quanto ao sucesso dos privados, Semedo recordou que no primeiro semestre de 2014 os lucros aumentaram 45%. “É um setor que floresce, ao contrário, infelizmente, de outros setores importantes da nossa economia”.
João Semedo observou que tudo isto acontece quando os portugueses pagam impostos como nunca. “Pagam mais impostos e curiosamente a despesa das famílias em saúde não pára de crescer: 24,8%, 26,7%, 28,8% do total da despesa nos últimos três anos. Isto é também o resultado da política de saúde do governo”.
Diga lá qual foi o investimento?
Passando em revista as ações do governo, o deputado do Bloco sublinhou que o governo retardou a reforma dos cuidados primários. Atrapalhou-se com a reforma e com a rede dos cuidados continuados e integrados. “Aquilo que marca essa rede – a burocracia – mantém-se. Aquilo que marca essa rede é que não há camas onde elas eram tão necessárias – em Lisboa e Porto ficou tudo na mesma”. Outro exemplo é o dos cuidados oncológicos, uma área em que o acesso mais sofreu.
Semedo inquiriu do Ministro da Saúde: “diga lá qual foi o investimento público na área da saúde? Diga lá o que foi construído de novo, o que existe de novo?” E ele mesmo respondeu: “a única obra que este governo pode dizer que é da sua responsabilidade são as obras de remodelação do Hospital de Gaia”, observando que é muito pouco para quem governa há três anos”.
E prosseguiu: “A reforma hospitalar de que o sr. Ministro tanto fala, não existe. Traduziu-se na integração e fusão de hospitais para fechar mais facilmente serviços”.
João Semedo terminou com uma palavra de esperança no SNS. “Eu confio no SNS porque confio nos seus profissionais. E porque confio na vontade dos portugueses de defender o SNS”.