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Tecnoforma: Parlamento levanta novas suspeitas sobre Passos

O primeiro-ministro afirmou aos jornalistas não se lembrar de ter recebido do grupo Tecnoforma mil contos por mês, durante dois anos e meio, enquanto exercia o mandato de deputado entre 1997 e 1999, somando 150 mil euros na moeda atual ao salário de deputado. O facto foi denunciado ao Ministério Público, cuja investigação foi revelada pela revista Sábado na quinta-feira passada. Há dois anos, quando as ligações de Passos à Tecnoforma foram reveladas pela imprensa, Passos nunca respondeu às questões sobre uma eventual remuneração dos seus serviços ao grupo.
A declaração dos serviços do Parlamento contradizem a decisão dos próprios serviços em maio de 2000, quando decidiram atribuir a Passos Coelho, a seu pedido, um subsídio de reintegração de 60 mil euros, o dobro do valor a que teria direito caso não estivesse sujeito ao regime de exclusividade.
Às dúvidas sobre se teria cometido ilegalidades, por não declarar esse rendimento e por ele ser incompatível com a função, Passos também não respondeu diretamente. Mas ao pedir ao parlamento que esclarecesse “as condições em que exerci o meu mandato”, Passos Coelho só terá contribuído para acrescentar mais dúvidas sobre a sua conduta enquanto deputado.
A resposta dos serviços do Parlamento surgiu esta segunda-feira de manhã e vinha de alguma forma descansar o primeiro-ministro quanto à primeira suspeita. “Não existe qualquer declaração de exclusividade entre novembro de 1995 e 1999" em nome de Pedro Passos Coelho, disse à Lusa o gabinete do secretário-geral da AR.
Mas a declaração dos serviços do Parlamento contradizem a decisão dos próprios serviços em maio de 2000, quando decidiram atribuir a Passos Coelho, a seu pedido, um subsídio de reintegração de 60 mil euros, o dobro do valor a que teria direito caso não estivesse sujeito ao regime de exclusividade.
Segundo a investigação do jornal Público, foi Passos Coelho que no seu requerimento garantiu aos serviços parlamentares “que desempenhou funções como deputado durante a VI e VII legislaturas, em regime de exclusividade”. O atual primeiro-ministro garantiu que os seus rendimentos fora do parlamento, entre 1991 e 1999, vieram “unicamente de colaborações várias com órgãos de comunicação social, escrita e radiofónica”. E foi mais longe, solicitando um parecer à Comissão de Ética a atestar que essas colaborações - que ao todo não chegam a 25 mil euros - não eram incompatíveis com o regime de exclusividade.
Em suma, depois do "esclarecimento" pedido por Passos Coelho, o primeiro-ministro ficou com mais uma pergunta por responder: irá agora devolver os 30 mil euros de subsídio adicional que exigiu ao Parlamento por estar em regime de exclusividade? A alternativa seria assumir que o regime de exclusividade que reclamou para si, na hora de receber o subsídio de reintegração, é incompatível com os rendimentos cobrados ao grupo Tecnoforma. Mesmo que esses pagamentos venham a ser confirmados pelo Ministério Público, a prescrição dos crimes fiscais impedirá que Passos Coelho venha a ser acusado na Justiça.
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É NECESSÁRIO ESCLARECER OS CIDADÃOS
Se o actual PM, na altura deputado, requereu subsídio alegando estar em exclusividade sem que na realidade tivesse desempenhado as suas actividades em exclusividade, tem necessariamente que se concluir que prestou falsas declarações e que os Serviços da AR foram coniventes ou eventualmente que não foram zelosos no desempenho das suas funções. Se efectivamente o requerimento do então deputado PPC não continha falsas declarações e recebeu dos serviços da AR o dobro daquilo que devia, deverá devolver essa importância acrescida dos juros devidos, no mínimo. Se recebeu da TECNOFORMA e estava em exclusividade no Parlamento, no mínimo deverá entregar ao Estado aquela importância, sem prejuízo de dever ser investigada essa ligação perigosa.
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