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Imigrantes afundados no Mediterrâneo fugiam de Gaza
"Toda a Faixa de Gaza está a falar do assunto. É uma história tão dolorosa, como se não bastasse o que aconteceu na última guerra", disse um dirigente da ONG Adamir ao jornal israelita Haaretz. A destruição de Gaza provocou a fuga de muitos palestinianos que, como um residente explicou ao EUObserver, acham que "é melhor tentar e morrer afogado no mar do que ficar em casa e ser morto pelas bombas de Israel".
A última semana foi das mais mortíferas dos últimos anos para os imigrantes que tentaram chegar à Europa atravessando o Mediterrâneo. Cerca de 700 pessoas terão morrido em dois naufrágios e um deles foi provocado pelos traficantes, que afundaram propositadamente um barco com 500 pessoas a bordo. Os poucos sobreviventes, resgatados após dois dias à deriva no mar, contaram como foram obrigados a trocar várias vezes de embarcações durante a travessia, tendo recusado o último transbordo para um barco que não tinha capacidade para tanta gente. A resposta dos traficantes foi usarem a sua embarcação para virar a dos imigrantes, na maioria palestinianos, sírios, sudaneses e egípcios, provocando a morte por afogamento a quase todos.
Os sobreviventes palestinianos contaram que tiveram de pagar 2 mil dólares por cabeça numa "agência" em Gaza, tendo passado para o Egito através dos túneis de Rafah, onde eram esperados por autocarros que os levaram para esconderijos. Daí partiam para o embarque e já no mar foram obrigados a trocar de embarcação várias vezes, até que se recusaram a fazê-lo. "Depois de atingirem o nosso barco, eles ficaram à espera para terem a certeza de ia completamente ao fundo. Eles riam-se", contou um sobrevivente.
Também na semana passada, outro naufrágio, desta vez a poucos quilómetros da costa líbia, provocou a morte de mais de 160 pessoas. A Organização Internacional de Migrações estima que este ano já morreram mais de 3000 imigrantes a tentar cruzar o Mediterrâneo, um número que quase triplica o total de mortes registadas no ano passado.
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