Carlos Moedas será o comissário europeu da Investigação, Inovação e Ciência, não se confirmando as previsões que o davam como titular do Emprego e Assuntos Sociais. As primeiras notícias sobre o cargo do comissário português destacam que Moedas terá para gerir um orçamento de 80 mil milhões de euros (um valor superior ao PIB do Equador) devido ao programa Horizonte 2020.
Engenheiro civil de formação, com trajetória ligada à Banca (Goldman Sachs) e ao imobiliário, Moedas foi o responsável do governo de Passos Coelho para fazer a interlocução com a Troika. Imperturbável, defendeu fielmente toda a política austeritária e chegou a secretário de Estado adjunto do Primeiro-ministro, com lugar no Conselho de Ministros.
Não se lhe conhece uma ideia sobre Ciência. Mas o governo que representa tem uma posição de destaque nesta área em termos europeus. Um destaque pela negativa.
Investigação científica devastada
Em dois anos, o governo de Portugal reduziu em mais de 380 milhões de euros as transferências para as instituições de Ensino Superior, levando o investimento público no sector, em 2012, para menos de 0,3% do PIB.
A devastação provocada na investigação científica deixará marcas por décadas. Em 2011 houve um corte de 14% no Orçamento do Estado para a FCT e de 30% para as universidades. No último OE, a FCT sofreu um corte de 12 milhões de euros, passando o seu orçamento total para 404 milhões de euros (de 2012 para 2013, a FCT já tinha perdido 53 milhões de euros).
A percentagem do PIB atribuída a despesas em Investigação e Desenvolvimento apresentou em 2012 um valor equivalente ao de 2008 (dados PORDATA).
É com este currículo que Carlos Moedas assume a responsabilidade por desenvolver a investigação, a inovação e a ciência europeias.