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BES: Cavaco Silva “sabia mais do que os cidadãos em geral”

No programa “Tabu” de sexta-feira na SIC Notícias, Francisco Louçã referiu que, nas declarações proferidas a 21 de julho, o presidente da República revelou que, pelo menos, tinha “conhecimento de que o processo que poderia decorrer das dificuldades já registadas iria implicar perdas significativas com grandes efeitos económicos”.

“Cavaco Silva admite nas suas declarações que poderia existir um processo de resolução do tipo do que veio a ocorrer depois da resolução bancária, em que credores e acionistas, e partes do grupo, são obrigados a enfrentar perdas”, afirmou Francisco Louçã.

 O presidente da República “não deixa de revelar que sabia mais do que os cidadãos em geral e que, pelo menos, tinha que ter conhecimento de que o processo que poderia decorrer das dificuldades já registadas iria implicar perdas significativas com grandes efeitos económicos”, acrescentou o professor catedrático.

 Cerca de duas semanas antes do anúncio da entrada do Estado no banco, Cavaco Silva frisou que os portugueses podiam “confiar no BES”. O chefe de Estado afirmou que o Governador do Banco de Portugal (BdP) lhe garantiu que as folgas de capital da instituição seriam “mais do que suficientes para cobrir a exposição do banco à parte não financeira mesmo na situação mais adversa”.

 “Se alguns cidadãos, alguns investidores, vierem a suportar perdas significativas podem adiar decisões de investimento ou mesmo alguns deles podem vir a encontrar-se em dificuldades muito fortes”, avançou ainda o presidente da República.

 Após um dos advogados responsáveis pela defesa dos pequenos acionistas lesados pelo BES ter afirmado, numa entrevista ao jornal i, que alguns dos seus clientes foram influenciados pelas “sucessivas declarações” de Cavaco Silva e do governador do Banco de Portugal, a Presidência da República divulgou na terça-feira, "por uma razão de transparência", a transcrição na íntegra das declarações do chefe de Estado sobre a crise do Grupo Espírito Santo (GES).

 “A aceleração da austeridade é o maior risco que Portugal enfrenta”

 Durante o programa “Tabu”, Francisco Louçã comentou ainda, entre outras matérias, a evolução da dívida pública entre 2009 e 2014, assinalando que, no presente ano, a diferença entre os valores estimados pela troika e a realidade diferem em cerca de 35 mil milhões de euros, o equivalente a 20% do PIB.

 E quando pensamos que “o Tratado Orçamental impõe a Portugal quebrar neste total da dívida cerca de 130 mil milhões de euros em 20 anos percebemos que a aceleração da austeridade, a tal promessa de empobrecimento, é o maior risco que nós temos”, frisou.

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