O primeiro-ministro esteve neste domingo em Valpaços, onde foi vaiado por algumas pessoas e homenageado pela câmara do PSD.
No discurso que fez na câmara de Valpaços, Passos Coelho apontou que quer prosseguir e aprofundar a reforma do Estado.
Dizendo que o tempo que resta até as eleições legislativas “tem que ser bem aproveitado” para prosseguir a “senda da reforma do Estado que o país precisa”, sustentou que “o próximo Governo não pode deixar de atribuir uma prioridade muito grande a essa reforma do Estado”.
Dizendo atacar as supostas “estruturas anacrónicas”, Passos Coelho lançou-se contra o facto da Maternidade Alfredo da Costa ainda não ter sido encerrada.
Considerando que há maternidades a mais em Lisboa, o primeiro-ministro queixou-se por não conseguir fechar uma das melhores maternidades do país:
“Andamos quase há dois anos e não conseguimos encerrar porque há sempre expedientes administrativos e jurisdicionais que o impedem. Depois aparece a desinformação à mistura”, disse.
Passos Coelho não exclui aumento do IVA
O primeiro-ministro foi instado pelos jornalistas a comentar as declarações de Marques Mendes na SIC Notícias que disse que a ministra das Finanças quer aumentar o IVA de 23 para 24% já em outubro e que Paulo Portas se opõe.
Referindo-se à possibilidade de o governo aumentar o IVA para 24%, Passos Coelho disse: "Não sei se é possível ou não é possível. Se o fizermos é porque não temos outra possibilidade". Acrescentou ainda que o orçamento retificativo não contempla matéria de natureza fiscal, e que “não haverá aumento de impostos” este ano.
Sobre o orçamento retificativo que será debatido na próxima terça-feira, o primeiro-ministro afirmou que para a tomada de decisões será importante a análise da execução orçamental de julho, a qual será publicada amanhã."Não vou estar a antecipar decisões. O Governo não pré anuncia medidas dessa natureza", sustentou.
Passos Coelho aproveitou para atacar o Tribunal Constitucional (TC), dizendo “não conheço nenhum derrapagem que não esteja associada a consequências de decisões tomadas pelo TC”e considerando que por isso o governo precisa de “rearrumar a despesa dentro do Estado”.
Tendo sido conhecido nesta sexta-feira que a atividade económica está a cair é de realçar que Passos Coelho, na sua primeira intervenção posterior à notícia, não tem uma palavra sobre a economia do país, que não seja prosseguir nos cortes. De salientar também, que quando se sucedem as greves e protestos pelo estado de exaustão e a falta de profissionais nos serviços de saúde, Passos Coelho vem atacar o facto de uma das melhores maternidades do país continuar aberta. Agravar o empobrecimento é assim a mensagem clara, nomeadamente na referência à vontade de prosseguir na chamada “reforma do Estado” (mais cortes) até às eleições legislativas.