O Banco de Portugal (BdP) emprestou 3,5 mil milhões de euros ao então ainda Banco Espírito Santo no dia 1 de agosto, dois dias antes do anúncio da divisão entre “banco mau” e “novo banco”.
Esse empréstimo não foi referido pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, nessa oportunidade, nem quando foi à Assembleia da República para dar mais explicações, e só foi conhecido através da divulgação da ata da reunião do Banco de Portugal no dia 3, feita por um escritório de advogados.
Pela leitura da ata, ficámos ainda a saber que o Banco Central Europeu tinha cortado o financiamento ao BES no dia 1, exigindo também a devolução da dívida total acumulada de 10 mil milhões de euros.
Se o valor não for devolvido, será o BdP a arcar
O Banco de Portugal recorreu então à cedência de liquidez em situação de emergência (ELA – Emergency Liquidity Assistance), num valor que atingiu, em 1 de agosto, e segundo a ata, cerca de 3.500 milhões de euros. Ora se este valor não for devolvido, será o BdP a arcar com os custos e, em última instância, o Estado, isto é, os contribuintes. O Banco de Portugal tinha, no final de 2013, capitais próprios de 1,5 mil milhões de euros e um resultado líquido de 253 milhões de euros.
Recorde-se ainda que na operação de divisão que criou o “banco mau” e o novo banco, este último recebeu o valor de 4.900 milhões de euros através do Fundo de Resolução bancária, que por sua vez recebeu a maioria desse valor, do Estado, através da linha de financiamento da “troika”.
8.400 milhões de euros apareceram, como um passe de mágica, em dois dias
No total, o BES, antes do dia 3 de agosto, e o novo banco, depois dessa data, receberam a quantia de 8.400 milhões de euros, que apareceram, como um passe de mágica, em dois dias.
Para se ter um termo de comparação, o Orçamento de Estado de 2014 destina ao Serviço Nacional de Saúde o valor, no ano, de 7.582 milhões de euros.