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“É preciso pôr a banca ao serviço da economia, ao serviço das pessoas”

“Nos últimos sete anos, a fatura do que os contribuintes puseram nos bancos ultrapassa em muito o que custa um Serviço Nacional de Saúde”, referiu este sábado a deputada Mariana Mortágua, durante um comício que teve lugar em Monte Gordo e que contou ainda com as intervenções do coordenador do Bloco, João Semedo, da deputada Helena Pinto e do membro do Bloco na Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António, José Dourado.
Foto retirada do facebook do Bloco de Castro Marim.

Durante a sua intervenção, Mariana Mortágua lembrou que, “há menos de um mês, Ricardo Salgado era reverenciado por toda a comunicação social” e que foi “o banqueiro mais acarinhado pelos sucessivos governos do país”.

“Por décadas, Ricardo Salgado geriu um banco que, sabemos agora, foi um centro de negócios obscuro, que apoiou regimes autoritários, e que servia para financiar os negócios, muitas vezes ilegais, da família Espírito Santo e para lavar dinheiro em paraísos fiscais que tinha em conluio com os interesses angolanos.

Ricardo Salgado acumulou toda a sua fortuna à custa dos depositantes do BES, à custa da falta de transparência do banco e da complacência dos governos e do Banco de Portugal, e agora à custa do povo”, avançou a dirigente bloquista.

O banco que Ricardo Salgado apodreceu vai ser salvo com 4 mil milhões de euros que os trabalhadores pagam à troika não só com juros, mas com a austeridade, com o desemprego e com a pobreza.

“O banco que Ricardo Salgado apodreceu vai ser salvo com 4 mil milhões de euros que os trabalhadores pagam à troika não só com juros, mas com a austeridade, com o desemprego e com a pobreza”, acrescentou.

Lembrando os casos de Jardim Gonçalves, do BCP, de Oliveira e Costa, do BPN, de João Rendeiro, do BPP, e da recapitalização do Banif, Mariana Mortágua alertou para o facto de não ser suficiente retirar Ricardo Salgado do sistema.

Segundo a deputada do Bloco, nos últimos sete anos, “entre injeções diretas, garantias bancárias, empréstimos aos banqueiros, e benefícios fiscais, a fatura do que os contribuintes puseram nestes bancos ultrapassa em muito o que custa um Serviço Nacional de Saúde”.

Não podemos simplesmente baralhar e voltar a dar. O mais provável é, mais tarde ou mais cedo, tirarmos outro Salgado do baralho.

“Não podemos simplesmente baralhar e voltar a dar. O mais provável é, mais tarde ou mais cedo, tirarmos outro Salgado do baralho. É preciso mudar as regras do jogo, é preciso pôr a banca ao serviço da economia, ao serviço das pessoas”, defendeu.

“O banco bom, se tem dinheiro público, deve ser gerido pelos interesses públicos”, avançou Mariana Mortágua, propondo ainda que se eliminem os paraísos fiscais “que dão oportunidade a banqueiros como Salgado para esconderem o dinheiro e fazerem todas as trafulhices que entendem que podem fazer porque são sítios sem lei, sem informação e sem transparência”.

“Separe-se a banca dos depósitos da banca especulativa”, acrescentou, frisando que “para enfrentar os interesses financeiros é preciso coragem” e que “essa coragem é a coragem do Bloco de Esquerda”.

No início da sua intervenção, a dirigente bloquista quis deixar uma nota de solidariedade para com o povo da Palestina, alertando para o facto de “Israel beneficiar do silêncio da comunidade internacional”.

Juntar forças para mais cedo nos libertarmos desta política e desta gente”

O coordenador nacional do Bloco referiu, por sua vez, que esta é “uma semana muito importante para todos aqueles que vivem do seu trabalhado ou da sua pensão”, já que é neste período que o Tribunal Constitucional se irá pronunciar sobre a constitucionalidade de duas medidas do Governo que vão incidir sobre o salário da Função Pública e as reformas e as pensões dos portugueses e das portuguesas.

“Mesmo que estas medidas não sejam consideradas inconstitucionais são inaceitáveis do ponto de vista social porque são socialmente injustas e porque vêm penalizar aqueles que têm sido mais castigados nos últimos anos”, avançou João Semedo.

O dirigente bloquista criticou ainda a campanha de chantagem do Governo contra o Tribunal Constitucional e vincou a necessidade de juntarmos forças “para mais cedo nos libertarmos desta política e desta gente”.

O verdadeiro risco sistémico é o risco da coesão social”

Lembrando que nos últimos dias ouvimos falar, por diversas vezes, na necessidade de evitar o risco sistémico na banca, a deputada Helena Pinto frisou que “o verdadeiro risco sistémico que vem de trás mas que se tem aprofundado nos últimos tempos” é o risco da pobreza e do desemprego

“E para este risco sistémico, que é o risco da coesão social, o Governo não olha, o Governo ignora”, realçou a dirigente do Bloco.

Quando é para salvar a banca, é sempre o nosso dinheiro, o dinheiro dos contribuintes, que entra.

“Nesta semana, em que tanto se falou do Banco Espírito Santo, também vieram a lume os números sobre os desempregados que deixaram de ter qualquer tipo de apoio, bem como os números referentes aos idosos a quem foi retirado o Complemento Social para Idosos. Era sobre esta gente, a nossa gente, que era preciso que o Governo falasse, que apresentasse uma solução”, defendeu Helena Pinto, acrescentando que “quando é para salvar a banca, é sempre o nosso dinheiro, o dinheiro dos contribuintes, que entra”.

O Governo continua a ir aos nossos bolsos”

“Numa altura em que alguns gozam umas merecidas férias, outros estão a trabalhar no duro e outros gostariam de ter trabalho, o Governo PSD/CDS-PP também continua a trabalhar: continua a ir aos nossos bolsos”, afirmou José Dourado, membro do Bloco na Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António.

“Ao mesmo tempo que nos dizem que não há hipótese de aumentar os salários e que é preciso cortar nas pensões, que se anuncia o fecho de escolas e se despedem professores, que se encerram centros de saúde, que cortam em todos os direitos sociais, que nos dizem que andámos a viver acima das nossas possibilidades, eis que o Governo arranja milhões, indo aos nossos bolsos, para salvar banqueiros e bancos. Foi assim no caso do BPN, ainda no Governo do PS, e é assim com o BES, já com um Governo de direita”, frisou o deputado municipal.

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