Em conferência de imprensa esta terça-feira na sede do Bloco, João Semedo referiu-se à entrevista dada na véspera por Maria Luís Albuquerque, dizendo que a ministra e o governador do Banco de Portugal "estão articulados para fugirem às responsabilidades e à negligência da sua atuação que deixou o BES chegar à situação que chegou". Semedo acrescentou que "há indícios que o gangsterismo financeiro tomou conta do BES, perante um governador do Banco de Portugal calmo e tranquilo que não o impediu".
"O Governo criou dois fantasmas: a falência ou a nacionalização do banco. Fugindo a um e a outro, criou uma solução que não é carne nem é peixe e por isso põe em risco as finanças públicas e o dinheiro dos contribuintes", sublinhou Semedo.
O coordenador do Bloco alerta que está em curso "uma tentativa de iludir o enormíssimo risco que há sobre as finanças públicas e os contribuintes" na solução apresentada por Carlos Costa e explicada pela ministra das Finanças. "O Governo criou dois fantasmas: a falência ou a nacionalização do banco. Fugindo a um e a outro, criou uma solução que não é carne nem é peixe e por isso põe em risco as finanças públicas e o dinheiro dos contribuintes", sublinhou Semedo.
"Não é verdade que o Estado se limite apenas a emprestar 4600 milhões", prosseguiu, lembrando que "no caso do empréstimo não ser pago é o Estado que assumiu a garantia de o fazer". Os contornos desta operação que provocou incómodo nos bancos concorrentes do BES também levanta dúvidas ao coordenador bloquista. "Como é que se pode admitir que daqui a uns meses se vai vender por 4600 milhões um banco que vale hoje 600 milhões?", questionou Semedo.
"É Passos Coelho que tem de vir dar explicações"
"Foi o primeiro-ministro o primeiro responsável político a dizer que nesta operação jamais haveria qualquer risco de utilização de um euro que fosse de dinheiros públicos", recordou Semedo.
João Semedo desafiou Passos Coelho "a interromper as suas férias e não se esconder atrás da Ministra das Finanças", para estar na quinta-feira na Comissão Permanente da Assembleia da República, onde o assunto será discutido pela primeira vez.
"Foi o primeiro-ministro o primeiro responsável político a dizer que nesta operação jamais haveria qualquer risco de utilização de um euro que fosse de dinheiros públicos", recordou Semedo, considerando ser esta mais uma razão para que Passos Coelho não fuja agora às suas responsabilidades. "Este é maior risco financeiro assumido por este governo e o primeiro-ministro não pode invocar as férias".
Para João Semedo, a operação de recapitalização do BES "não tem menos dimensão e impacto que a nacionalização do BPN, que foi discutida na Assembleia da República".