Quando Ricardo Salgado entendia que o Estado era “um desastre” a gerir bancos

04 de August 2014 - 1:36

Ricardo Salgado, num encontro com jornalistas em outubro de 2011, afirmava que o Estado fora sempre um "desastre" a gerir bancos, que o BES só iria recorrer ao fundo de capitalização em última instância e que, ao contrário do que os líderes políticos faziam crer, o capital não era o principal problema dos bancos.

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Em 2011, Ricardo Salgado defendia que, ao contrário do que os líderes políticos faziam crer, o capital não era o principal problema dos bancos.

"Devemos mobilizar todos os “stakeholders” do banco, atirando para último recurso uma ajuda dos fundos do Estado", dizia à época Ricardo Salgado, reafirmando desta forma que o BES não pretendia recorrer aos 12 mil milhões de euros do fundo de capitalização público, que fora reforçado no âmbito do memorando da troika para fazer face às necessidades de capital das instituições, e de onde provirão 4,4 mil milhões de euros públicos que serão injetados no Novo Banco.  

Ricardo Salgado, que falava num encontro com os jornalistas, garantiu que não tinha “nada contra a linha de capitalização” mas admitia que preferia manter a instituição longe de qualquer intervenção estatal.

“O banco é privado, tem hoje milhares de acionistas e tem mais interesse em alargar a sua base acionista (pela via da conversão de obrigações) do que em ter um só acionista que é o Estado mas que não acrescenta valor, a não ser uma 'backstop facility' em caso de necessidade”.

 O banqueiro foi mesmo mais longe e deu o exemplo de bancos de outros países para afirmar que, de acordo com a história, o Estado não era um gestor eficiente de instituições bancárias.

“O Estado a gerir bancos é um desastre, veja-se o caso do Crédit Lyonnais em França”, sublinhando que “bombar capital para dentro das instituições é importante, mas muito mais importante é uma boa gestão bancária”.

Salgado declarava ainda que o capital não era o principal problema dos bancos - não só portugueses mas europeus - como faziam crer os líderes políticos.