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Javier Bardem condena guerra de ocupação e de extermínio em Gaza

Ator espanhol vencedor do Óscar de melhor ator coadjuvante em 2007 divulga carta de protesto contra o massacre de Gaza e afirma que no horror que está a acontecer “não há espaço para equidistância nem neutralidade”, e denuncia a “vergonhosa postura da comunidade internacional ocidental de permitir tal genocídio”.
Jovier Bardem: "Sim, estou indignado, envergonhado e dolorido por tanta injustiça e tanto assassinato de seres humanos. Essas crianças são nossos filhos. É o horror". Foto de Angela George
Jovier Bardem: "Sim, estou indignado, envergonhado e dolorido por tanta injustiça e tanto assassinato de seres humanos. Essas crianças são nossos filhos. É o horror". Foto de Angela George

Eis a carta enviada ao diretor do El Diário, traduzida por Luis Leiria:

No horror que está a acontecer em Gaza NÃO há espaço para equidistância nem neutralidade. É uma guerra de ocupação e de extermínio contra um povo sem meios, confinado num território mínimo, sem água, e onde hospitais, ambulâncias e crianças são alvos e supostos terroristas. Difícil de entender e impossível de justificar. E é vergonhosa a postura da comunidade internacional ocidental de permitir tal genocídio.

Não entendo esta barbárie que os horríveis antecedentes vividos pelo povo judeu tornam-na ainda mais cruelmente incompreensível. Só as alianças geopolíticas, essa máscara hipócrita dos negócios – por exemplo, a venda de armas – explicam a posição vergonhosa dos Estados Unidos, da União Europeia e de Espanha.

Sei que os de sempre vão deslegitimar o meu direito à opinião com temas pessoais, por isso quero esclarecer os seguintes pontos:

Sim, o meu filho nasceu num hospital judeu porque tenho muita gente próxima e querida ao meu redor que é judia, e porque ser judeu não é sinónimo de apoiar este massacre, assim como ser hebreu não é o mesmo que ser sionista, e ser palestiniano não é ser um terrorista do Hamas. Isso é tão absurdo como dizer que o facto de alguém ser alemão o torna aparentado ao nazismo.

Sim, trabalho também nos EUA, onde tenho amigos e conhecidos hebreus que rejeitam tais intervenções e políticas de agressão. “Não se pode invocar a autodefesa quando se assassina crianças”, dizia-me um deles ao telefone ontem mesmo. E também outros com quem discuto abertamente sobre as nossas posições.

Sim, sou europeu e envergonha-me uma comunidade que diz representar-me com o seu silêncio e a ausência de vergonha.

Sim, estou indignado, envergonhado e dolorido por tanta injustiça e tanto assassinato de seres humanos. Essas crianças são nossos filhos. É o horror.

Sim, vivo em Espanha pagando os meus impostos e não quero que o meu dinheiro financie políticas que apoiem esta barbárie e o negócio armamentista com outros países que se enriquecem matando crianças inocentes.

Sim, estou indignado, envergonhado e dolorido por tanta injustiça e tanto assassinato de seres humanos. Essas crianças são nossos filhos. É o horror.

Oxalá haja compaixão nos corações dos que matam e desapareça esse veneno assassino que só cria mais ódio e violência. Que aqueles israelitas e palestinianos que só sonham com paz e convivência possam um dia partilhar a sua solução.

Convido-vos a ler estes links:

http://www.msf.es/noticia/2014/gaza-israel-debe-dejar-bombardear-civiles-atrapados

http://iniciativadebate.org/2014/07/21/santiago-auseron-juan-perro-radio-futura-el-horror-que-se-disfraza-de-creencia/

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