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“Em meio ano, voou um submarino dos nossos bolsos”

Os números divulgados esta quarta feira pela Direção Geral do Orçamento apontam para um aumento de 149 milhões do défice das administrações públicas. Só com a baixa do IRC para os grandes grupos económicos e o pagamento adicional de juros da dívida pública “temos um valor superior a um submarino que, em meio ano, saiu do bolso de todos nós", referiu o líder parlamentar do Bloco, Pedro Filipe Soares.
Foto de Paulete Matos.

"Ouvimos, de forma abusiva, a maioria a atirar as culpas para o Tribunal Constitucional (TC) pela fragilidade das contas públicas”, verificada nos primeiros seis meses deste ano, e a afirmar que essa fragilidade “se deveria à decisão do TC e ao pagamento de salários e de subsídios”, avançou Pedro Filipe Soares em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

“É um abuso", acusou o líder parlamentar do Bloco, sublinhando que “temos de terminar claramente com esta ideia de que são os salários os culpados do resultado da má política do governo”.

“Se olharmos para os primeiros seis meses deste ano, vemos que o desconto que o Governo fez com a baixa do IRC para os grandes grupos económicos deu um valor de quase 180 milhões de euros de perda fiscal para o Estado. O pagamento adicional de juros da dívida pública foi de mais de 400 milhões de euros. Só nestas duas medidas temos um valor superior a um submarino que, em meio ano, saiu do bolso de todos nós para quer o bolso dos grandes grupos económicos quer para o bolso dos especuladores", referiu o dirigente bloquista.

“Aqui é que está a causa do descalabro desta política, e é por isso, porque esta política não tem um norte e ataca as pessoas, não defendendo os interesses do Estado e do Estado Social, que ela tem de ser vencida, defendeu Pedro Filipe Soares.

Lembrando que a redução da carga fiscal sobre os grandes grupos económicos não teve uma repercussão positiva na economia, Pedro Filipe Soares frisou que, “beneficiando sempre os mesmos, aqueles que parasitam ou especulam, o governo está a destruir a economia e não a construir qualquer futuro de crescimento”.

Fragilidade das contas do país agrava-se

Segundo informações oficiais divulgadas esta quarta feira pelo Ministério das Finanças, o défice das administrações públicas atingiu os 4.192 milhões de euros em junho deste ano, mais 149 milhões do que no mesmo semestre de 2013.

O Estado português pagou à troika 1.048,6 milhões de euros em juros relativos ao empréstimo internacional, a que se somam 17,8 milhões de euros pagos em comissões. No total, Portugal pagou 1.066,4 milhões de euros aos credores internacionais nos primeiros seis meses do ano, mais 71,4 milhões de euros do que no período homólogo.

Tendo em conta todos os instrumentos da dívida direta do Estado, foram pagos em juros e comissões 3.916,7 milhões de euros entre janeiro e junho deste ano, o que representa um aumento de 10,3% face ao período homólogo, em que o Estado pagou 3.549,7 milhões de euros nestas rubricas.

De acordo com a Direção Geral do Orçamento, o 'stock' da dívida direta do Estado ascendeu aos 212.902 milhões até junho deste ano, acima dos 206.647,6 milhões registados no mesmo período de 2013.

Por outro lado, e mediante o aumento da carga fiscal sobre as famílias portuguesas, o Estado arrecadou no primeiro semestre do ano mais de 17, 129 mil milhões de euros líquidos em receita fiscal, o que representa um aumento de cerca de 711 milhões (4,3%) face ao montante amealhado em igual período de 2013.

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