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Fim ao genocídio contra o povo palestiniano

O Povo da Palestina sofre e, com ele, também as e os israelitas anti-guerra que se manifestam contra a política sionista e militarista do seu governo.

Sahar Hamdan, 40 anos, e o seu filho Ibrahim Masri, 14 anos, Sumoud al-Nawasra e os seus dois filhos Mohammed Khalaf al-Nawasra, 4 anos, e Nidal Khalaf al-Nawasra, criança de idade indeterminada, foram assassinados pelo Estado de Israel na quarta-feira, 9 de julho. As suas vidas são cinco numa lista que ultrapassa largamente as 150 pessoas mortas e mil feridas neste massacre. A esmagadora maioria destas mortes são civis (70%), nem menores de idade escapam (21%), e todas e cada uma destas vidas tinha um valor infinito, porque única e irrepetível.

O Governo de Israel mobilizou 40.000 reservistas para operações terrestres na faixa de Gaza. Após uma semana e 1329 ataques aéreos, na manhã de domingo iniciou-se a primeira incursão terrestre do exército de Israel desta maldita “operação Margem Protetora”. E a guerra psicológica soma-se ao ataque para que os palestinianos e as palestinianas abandonem o norte da faixa de Gaza. O Estado de Israel está a obrigar as pessoas palestinianas a fugirem de suas casas (muitas destruídas) e das suas terras para tornarem-se refugiadas.

O Governo israelita, de Benjamin Netanyahu, já avisa que se preparam para uma campanha militar que não será de apenas alguns dias. E na sexta-feira garantiu não recuar mesmo que haja pressão internacional. O presidente francês François Hollande já escolheu o lado da guerra, apoiando a intervenção israelita, outros calam-se. O Povo da Palestina sofre e, com ele, também as e os israelitas anti-guerra que se manifestam contra a política sionista e militarista do seu governo.

O Governo Português já condenou, e bem, o homicídio do jovem Muhammad Hussein Abu Kheidir, de 16 anos, mas PS, PSD e CDS recusaram-se a aprovar o voto de condenação da ofensiva israelita em Gaza apresentado pelo Bloco de Esquerda (votos contra de PSD, PS e CDS, abstenção de 2 deputados do PS e os votos a favor de Bloco, PCP, PEV e 10 deputados do PS).

O alcance destes atos odiosos é mais vasto que aquele homicídio: os crimes contra a Palestina são crimes contra milhares de indivíduos mortos ao longo dos anos, incluindo milhares de crianças, e cada uma dessas pessoas conta; mas são também crimes contra toda uma nação da qual estas vítimas mortais, todas as pessoas feridas, todas as famílias destroçadas, todo o território roubado e atacado formam parte - há anos que o seu território recua a olhos vistos. Como se lê no voto apresentado pelo Bloco: “São os civis quem paga o preço destes ataques, com as vidas perdidas, famílias destroçadas, habitações destruídas e território ocupado. Tiram-lhes a vida pela morte individual e roubam o país às palestinianas e aos palestinianos sobreviventes. Nem ao luto, nem à esperança é dada a merecida paz”.

O quotidiano das pessoas palestinianas é uma guerra permanente. O acosso de civis da Palestina por parte de militares de Israel faz parte do dia-a-dia. Exemplo extremo: todos os anos, cerca de 700 crianças palestinianas são detidas para serem interrogadas ou presas, segundo informações do Comité Internacional da Cruz Vermelha. As limitações no acesso à água são outra arma do Estado de Israel contra o povo da Palestina.

Agora que o ataque sobe novamente de tom, a Palestina grita de dor, e a xenofobia traduz os nomes das vítimas mortais em menos que número pois cada pessoa palestiniana morta é menos sentida na Europa que um qualquer norte-americano que encrave uma unha. A xenofobia e o imperialismo caminham juntos.

Restaurar as fronteiras pré-1967 e estabelecer uma paz com desenvolvimento e solidariedade entre os dois povos e os dois países parece uma aspiração do outro mundo, algo impossível. Recordam-se? Até Obama, nem sei se o próprio ainda se lembra, deu declarações favoráveis ao regresso a essas fronteiras, em 2011. Muitas são as boas intenções, porém a prática é o silêncio e a colaboração com o terrorismo de Estado conduzido pelo Governo de Israel.

Há, finalmente uma pergunta incómoda: o que é um genocídio? Segundo artigo 6º do Estatuto de Roma, com todos os defeitos que este estatuto tem, é isto: “entende-se por «genocídio» qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, rácico ou religioso, enquanto tal: a) Homicídio de membros do grupo; b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida pensadas para provocar a sua destruição física, total ou parcial; d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo”.


Nota de pesar: no Ano Internacional de Solidariedade com a Palestina, declarado pela ONU em janeiro de 2014, mais de uma centena de pessoas fo foram vítimas mortais dos crimes de Israel, aqui ficam alguns nomes: na terça-feira, 9 de junho de 2014, Mohammed Sha'aban, 24 anos, Ahmad Sha'aban, 30 anos, Khadir al-Bashiliki, 45 anos, Rashad Yaseen, 27 anos, Riad Mohammed Kawareh, 50 anos, Seraj Ayad Abed al-Um'al, 8 anos, Mohammed Ayman Ashour, 15 anos, Bakr Mohammed Joudah, 22 anos, Ammar Mohammed Joudah, 26 anos, Hussein Yousef Kawareh, 13 anos, Mohammed Ibrahim Kawareh, 50 anos, Bassim Salim Kawareh, 10 anos, Mousa Habib, 16 anos, e o seu primo Mohammed Habib, 22 anos, Sakr Aysh al-Ajouri, 22 anos, Ahmad Na’ele Mehdi, 16 anos, Hafiz Mohammed Hamad, 30 anos, Ibrahim Mohammed Hamad, 26 anos, Mehdi Mohammed Hamad, 46 anos, Fawzia Khalil Hamad, 62 anos, Dunia Mehdi Hamad, 16 anos, Suha Hamad, 25 anos, Suleiman Salman Abu Soaween, 22 anos; quarta-feira, 9 de julho, Abdelhadi Jamaat al-Sufi, 24 anos, Naifeh Farjallah, 80 anos, Abdelnasser Abu Kweek, 60 anos, e o seu filho Khaled Abu Kweek, 31 anos, Amir Areef, 13 anos, Mohammed Malkiyeh, 1 ano e meio, morto num atentado com bombas junto com a sua mãe Amniyeh Malkiyeh, 27 anos, Mohammed Malkiyeh, Hatem Abu Salem, 28 anos, Mohammed Khaled al-Nimri, 22 anos, Sahar Hamdan, 40 anos, e o seu filho Ibrahim Masri, 14 anos, Sumoud al-Nawasra e os seus dois filhos Mohammed Khalaf al-Nawasra, 4 anos, e Nidal Khalaf al-Nawasra, criança de idade indeterminada, Salah Awwad al-Nawasra, Aisha Nijm, Amal Youssef Abdel Ghafour, Ranim Jawde Abdel Ghafour, Rashid al-Kafarneh, 30 anos, Ibrahim Daoud al-Balawi, 24 anos, Abdelrahman Jamal al-Zamli, 22 anos, Ibrahim Ahmad Abideen, 42 anos, Mustafa Abu Mar, 20 anos, Khalid Abu Mar, 23 anos, Mazen Farj al-Jarbah, 30 anos, Marwan Esvelto, 27 anos, Hani Saleh Hamad, 57 anos, junto com o seu filho Ibrahim Hamad, 20 anos, Salima Hassan Musallim al-Arja, 60 anos, Maryam Atieh Muhammad al-Arja, 11 anos, Hamad Shahab, 27 anos, Ibrahim Khalil Qanun, 24 anos, Muhammad Khalil Qanun, 26 anos, Hamdi Badieh Sawali, 33 anos, Ahmad Sawali, 28 anos, Suleiman al-Astal, 55 anos, Muhammad al-Aqqad, 24 anos, Ra'ed Shalat, 37 anos; quinta-feira, 10 de julho: Asma Mahmoud al-Hajj e oito membros da mesma familia, Basmah Abdelfattah al-Hajj, 57 anos, Mahmoud Lutfi al-Hajj, 58 anos, Tarek Sa'ad al-Hajj, Sa'ad Mahmoud al-Hajj Najla Mahmoud al-Hajj, Fatima al-Hajj, Omar al-Hajj, Ahmad Salim al-Astal, Mousa Mohammed, Ra'ed al-Zawareh, 33 anos, Baha' Abu al-Leel, 35 anos, Salim Qandil, 27 anos, Omar al-Fyumi, 30 anos, Abdullah Ramadan Abu Ghazzal, 5 anos, Ismail Hassan Abu Jamah, 19 anos, uma pessoa Incógnita, Mahmoud Wulud, Hazem Balousha, Alaa Abdelnabi… Estes são os mortos contados até quinta, a lista está sempre a ficar desatualizada e feridas e feridos no corpo e na esperança são muitas, muitas mais.

Sobre o/a autor(a)

Investigador. Mestre em Relações Internacionais. Doutorando em Antropologia. Ativista do coletivo feminista Por Todas Nós. Dirigente do Bloco de Esquerda.
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