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Vigilância da NSA é sobretudo sobre cidadãos comuns

Washington Post analisou comunicações intercetadas pela agência de segurança norte-americana entre 2009 e 2012 e concluiu que nove em cada 10 pessoas que constam nos registos não eram nem cidadãos dos EUA a viver no estrangeiro, nem suspeitos de atividades de espionagem.
No meio do material há muitíssimos dados que de acordo com os próprios analistas da agência não têm qualquer utilidade para a NSA: fotos pessoais, conversas sobre assuntos íntimos, questões políticas ou religiosas, assuntos financeiros.

Um estudo realizado pelo diário The Washington Post sobre um conjunto de comunicações intercetadas pela NSA (Agência de Segurança Nacional) entre 2009 e 2012, cujas cópias foram fornecidas por Edward Snowden, referiam-se na sua esmagadora maioria a cidadãos comuns, incluindo dos Estados Unidos e residentes no país. Legalmente, a agência só podia recolher dados de cidadãos americanos que vivessem no estrangeiro ou fossem alvo de suspeitas por parte das autoridades americanas.

Em abril, um responsável da agência já tinha admitido que a NSA tinha recolhido dados de cidadãos sem ter esse direito, mas não precisara o número ou a natureza dos dados.

11.400 contas pessoais

O Washington Post analisou 160 mil mensagens e documentos, entre eles 121 mil mensagens instantâneas, 22 mil emails, cerca de 8 mil documentos armazenados online, 4 mil mensagens enviadas em redes sociais. No total, a base de dados envolvia 11.400 contas pessoais.

A conclusão a que o jornal chegou foi de que 89% do material recolhido nada tinha a ver com os alvos da NSA. Mais de metade das contas dizia respeito a cidadãos americanos residentes no país, que a agência não tinha o direito de espiar sem um mandato específico.

Mais de metade das contas dizia respeito a cidadãos americanos residentes no país, que a agência não tinha o direito de espiar sem um mandato específico.

No meio do material há muitíssimos dados que de acordo com os próprios analistas da agência não têm qualquer utilidade para a NSA: fotos pessoais, conversas sobre assuntos íntimos, questões políticas ou religiosas, assuntos financeiros.

O jornal precisa que há dados que foram úteis à segurança dos EUA, nomeadamente informações que terão ajudado a capturar Umar Patek, um dos suspeitos do atentado de Bali em 2002. Mas não se compreende a necessidade de armazenar tantos dados sobre tantas pessoas que nada tinham a ver com isso.

Snowden: “Quem pode saber como tais informações serão utilizadas no futuro”?

Ouvido pelo jornal, Edward Snowden afirmou: “Mesmo se podemos conceber as necessidades iniciais [ligadas à vigilância], a interceção de fotos de crianças ou de cartas de amor enviadas por inocentes anónimos, e o seu armazenamento em bases de dados governamentais, são perturbantes e perigosas. Quem pode saber como tais informações serão utilizadas no futuro”?

Na semana passada, o Washington Post informou que todos os países, com exceção de quatro – Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia – eram considerados alvos válidos de espionagem pela NSA. Esses quatro países formam parte do grupo "Five Eyes" (Cinco Olhos), com o qual os Estados Unidos mantêm relações de cooperação muito estreitas em matéria de espionagem.

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