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Observatório acusa governo de tentar esconder efeito da austeridade na saúde

No seu relatório, intitulado “Saúde - Síndroma de negação”, o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) analisa o impacto das medidas de austeridade impostas nos últimos três anos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e na vida dos cidadãos, defendendo que “investir na saúde serve, não só para proteger as pessoas da crise, mas pode ter um papel importante na recuperação económica”.
Foto de Paulete Matos.

Somos diariamente confrontados com relatos de dificuldades e sofrimento dos cidadãos, potenciados pela diminuição dos fatores de coesão social e por uma considerável descrença em relação ao presente e ao futuro, com todas as consequências que estas situações têm na saúde”, sublinha o Observatório.

Ainda assim, “continua a assistir-se à existência dos dois mundos que o OPSS referia em 2013 – 'o oficial, dos poderes, onde, de acordo com a leitura formal, as coisas vão mais ou menos bem, previsivelmente melhorando a curto prazo, …; e um outro, o da experiência real das pessoas …', conjugadamente com o facto de qualquer notícia menos boa ser prontamente desvalorizada ou atalhada com respostas tardias e pouco realistas”, acrescenta.

"Prevalece o silêncio e/ou a tentativa de demonstração de que não há impacto negativo da crise de forma significativa para a saúde das pessoas"

"Prevalece o silêncio e/ou a tentativa de demonstração de que não há impacto negativo da crise de forma significativa para a saúde das pessoas", acusam os peritos.

O "silêncio das autoridades europeias" também é alvo de critica. Estudos emitidos por reconhecidos organismos internacionais, alguns dos quais encomendados pelas próprias instâncias europeias, "não são rebatidas mas parecem ser intencionalmente ignoradas, votadas ao esquecimento, numa aparente forma subtil de negação", acusa o OPSS.

Segundo o Observatório, “a evidência disponível afirma que os efeitos negativos da crise económica e financeira sobre a saúde são evitáveis, se se investir simultaneamente na proteção social e na saúde pública e que, investir na saúde serve, não só para proteger as pessoas da crise, mas pode ter um papel importante na recuperação económica”.

No relatório, apresentado a 30 de junho, na Fundação Calouste Gulbenkian, são elencadas algumas das consequências mais visíveis da austeridade na saúde dos cidadãos, como as carências registadas ao nível do abastecimento de medicamentos, e consequente dificuldade de acesso às terapêuticas, o acréscimo do consumo de psicofármacos e da taxa de incidência de depressão e de doenças infecciosas.

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