You are here

Governo anuncia encerramento de 311 escolas do 1º ciclo

Este sábado, a Secretaria de Estado do Ensino e Administração Escolar emitiu uma nota na qual anunciou que concluiu, na sexta-feira, uma nova fase da reorganização da rede escolar, estipulando o encerramento de mais 311 escolas do 1º ciclo do Ensino Básico. Populares manifestam-se em Viseu contra esta decisão, que, no distrito, deverá afetar sobretudo as zonas serranas. Bloco critica encerramento cego de escolas.
Foto de Paulete Matos.

Segundo o Ministério da Educação e Ciência, "a definição da rede escolar do 1.º ciclo tem em conta a existência de alternativas com melhor qualidade para o ensino e a prática pedagógica, e salvaguarda condições como a distância para a escola de destino e tempo de percurso, as condições da escola de acolhimento, o transporte e as refeições".

Esta opinião não é partilhada, contudo, por encarregados de educação, professores, sindicalistas e autarcas das populações afetadas, que têm promovido protestos contra esta medida um pouco por todo o país.

Muitas vezes, “estamos a fechar escolas e depois ficam populações, ainda que pequenas, completamente isoladas"

A Confederação Nacional das Associações de Pais defende que o encerramento de escolas deve ser analisado "caso a caso", alertando, em declarações à agência Lusa, que, muitas vezes, “estamos a fechar escolas e depois ficam populações, ainda que pequenas, completamente isoladas".

Encerramentos feitos “a régua e esquadro”

Em Portalegre, por exemplo, e tal como denuncia a comissão coordenadora concelhia do Bloco, o eventual encerramento das Escolas de Alagoa, Alegrete e de Vale de Cavalos prejudicaria “gravemente estas populações e em especial as suas crianças, as quais seriam obrigadas a desgastantes deslocações, representando isso mais gastos e perda de qualidade no ensino”.

"O Governo, no lugar de esvaziar o interior, deve, ao contrário, promover medidas de discriminação positiva"

Numa altura em que se fala de coesão nacional, desertificação e envelhecimento da população, as palavras têm que fazer sentido com a realidade e o Governo, no lugar de esvaziar o interior, deve, ao contrário, promover medidas de discriminação positiva para inverter o processo destrutivo que assola o Alto Alentejo”, defende o Bloco de Portalegre.

Também a comissão coordenadora distrital da Guarda do Bloco alerta que o encerramento de escolas “é feito a 'régua e esquadro' com propósito contabilístico, não tendo em conta a voz dos cidadãos, a tipologia dos percursos, as condições atmosféricas, as distâncias entre as habitações e os estabelecimentos de ensino.

Segundo defende a comissão coordenadora concelhia do Bloco da Cova da Beira, no distrito de Castelo Branco, estamos perante “mais uma penalização para quem tenta viver no Interior e que com toda a certeza poderá levar muitos cidadãos a afastarem-se desta região do país".

"O encerramento de escolas em zonas isoladas e empobrecidas faz parte integrante do verdadeiro interioricídio em curso que agrava as assimetrias e promove a desertificação"

Já em Viseu, o distrito mais afetado, com o encerramento previsto de 58 escolas, "são, sobretudo, as zonas serranas mais isoladas e deprimidas social e economicamente as principais vítimas desta nova investida contra os serviços públicos que se vem juntar ao encerramento de tribunais, repartições de finanças e serviços de saúde", alerta a comissão coordenadora distrital do Bloco em comunicado.

O Bloco de Viseu "considera o encerramento de escolas em zonas isoladas e empobrecidas como parte integrante do verdadeiro interioricídio em curso que agrava as assimetrias e promove a desertificação".

Protesto contra encerramento de escolas em Viseu

Perto de uma centena de pessoas, entre autarcas, professores, sindicalistas e encarregados de educação, participoueste sábado no Rossio de Viseu num protesto contra o encerramento de escolas do 1º ciclo do Ensino Básico que, neste distrito, afetará sobretudo as zonas serranas.

Durante a iniciativa, que contou com a participação de representantes do Bloco de Esquerda, os manifestantes empunharam cartazes com frases como “A melhor escola é aquela que fica perto do colinho da avó”, “Abater uma escola é fechar uma aldeia” e “Não ao abate cego de escolas”, e prometeram não desmobilizar enquanto não impedir este novo ataque ao interior do país.

O dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro Francisco Almeida frisou que os mais prejudicados por esta medida serão os alunos que vivem no interior do país, nomeadamente nas zonas serranas de Montemuro, Nave, Gralheira e Caramulo, cujos pais “menos têm e menos podem”, enquanto os filhos dos governantes “frequentam colégios privados na região de Lisboa”.

O sindicalista deu o exemplo das crianças de Solgos, no concelho de Castro Daire, que poderão ter de passar a fazer cerca de uma hora de caminho para chegar à escola de Mões, caso de confirme o encerramento da escola de Reriz.

Termos relacionados Política
(...)